No Qatar, a determinação do governo em proibir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante a Copa do Mundo, está desagradando os torcedores. A decisão veio a apenas dois dias do início do torneio e provoca indignação, principalmente entre os turistas. É o caso do espanhol Diego Guillen, 35 anos, pego de surpresa pelo comunicado do Comitê da Entrega e Legado, organizador do evento.
“Eu vim aqui para me divertir e agora não vou conseguir. Eu sempre bebo cerveja ou licor quando estou em um estádio”, contou ao desembarcar em Doha, na tarde de sexta (18). O espanhol chegou ao país poucas horas após o comunicado da Fifa sobre a mudança.
Outros turistas que chegavam ao Qatar para os primeiros jogos ainda não sabiam da determinação, tomada pelo órgão liderado pelo secretário-geral Hassan Al Thawadi, próximo à família real.
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Com a decisão do Comitê, apenas a versão sem álcool das cervejas continuará disponível nos estádios. E os preços não agradam. A Budweiser custa 50 riais do Qatar (R$ 73), o mesmo valor que seria praticado nos arredores dos estádios. Enquanto um copo (500 ml) da irlandesa Guinness é vendido por 55 riais do Qatar (R$ 81,04).
O consumo de álcool não é permitido pela religião oficial do Qatar, o islamismo. Andar na rua embriagado é considerado crime. As bebidas alcoólicas são somente permitidas em lugares específicos, como bares, restaurantes e hotéis. Desde que o Qatar foi escolhido como sede do Mundial, em 2010, a venda de bebidas alcoólicas esteve em discussão na Fifa.
Na época, a Budweiser pagou US$ 75 milhões (R$ 405 milhões em valores atuais) para ser patrocinadora oficial do evento e ter seus produtos vendidos nas arenas e “fan fests”. O consumo de cerveja é um negócio lucrativo nos eventos esportivos. Na Rússia, em 2018, foram vendidas 3,2 milhões de cervejas.
Cerca de 1,2 milhão de torcedores devem visitar o Qatar durante o Mundial. É quase a metade de toda a população do país, formada por 2,7 milhões de habitantes. A estimativa é da rede de televisão estatal Al Jazeera. Até o momento, as ruas da capital não apresentam grande volume de público. No entanto, o governo montou um esquema de segurança, sobretudo no transporte público.
Para o torcedor espanhol, o entusiasmo diminui bastante. “Não dá para negar, é evidente que diminui a minha empolgação. Ainda mais sabendo só agora”, reclamou.