O presidente da Fifa, o suíço Gianni Infantino, vem se envolvendo em polêmicas desde que o Qatar foi escolhido como país-sede da Copa do Mundo. Mas o que chamou mais a atenção de todos foram as declarações recentes. E não foram uma ou outra declaração: foram várias.
Só na última semana, se comparou a gays e deficientes, e disse que qualquer país poderia sediar a Copa do Mundo, inclusive a Coreia do Norte, país com ditadura estabelecida e considerada uma das nações mais secretas do mundo.
Além disso, culpou a Europa pelas mazelas que o mundo tem. De fato, ao tentar agradar todo mundo, o suíço está se queimando com muitos. Confira abaixo as principais declarações do mandatário da Fifa sobre os episódios mencionados acima.
Veja também
- Federação Alemã detona proibição da Fifa: “Sentimento de censura”
- Jogadores da Inglaterra protestam após Fifa vetar braçadeira One Love
- “Não assista!”, diz o presidente da Fifa ao rebater críticas à Copa do Mundo do Catar
- Copa do Mundo: Fifa estabelece medidas para combater o ódio nas redes sociais; saiba mais
Aproveite e siga o Sambafoot no Facebook, no Instagram e no Twitter!
Gianni Infantino defende Qatar, se compara a gays, deficientes e diz que Coreia do Norte poderia sediar a Copa do Mundo
Presidente da Fifa se compara a gays e deficientes por saber o que é sofrer bullying por ser ruivo e estrangeiro
No último sábado (19), um dia antes da estreia da Copa do Mundo 2022, Gianni Infantino discursou por quase uma hora e suas falas repercutiram mal. Vale ressaltar que a Fifa proibiu manifestações em apoio a causa LGBTQIA+ que algumas seleções pretendiam fazer. Inclusive, afirmaram que dariam cartão amarelo ao capitão que entrasse com a braçadeira com as cores do arco-íris.
“Eu me sinto qatari, árabe, africano, gay, com deficiência… eu sinto tudo isso. Quando eu vejo essas coisas e o que dizem, eu lembro de histórias pessoais. Meus pais trabalharam em situações muito difíceis e não no Qatar, mas na Suíça, e eu me lembro muito bem o que acontecia com os passaportes, com os exames médicos e condições em geral. Quando eu vim para Doha eu entendi que tinham coisas a melhorar, e hoje eu posso dizer que o Qatar também evoluiu nisso. Claro eu não sou qatari, árabe, gay, africano, deficiente, não sou um trabalhador, mas eu me sinto como eles. Porque eu sei como é ser discriminado, como é sofrer bullying, como é ser estrangeiro. Eu quando era criança na escola sofria por ter cabelo vermelho, por ser italiano e não falar bem alemão. E o que você faz? Você olha para baixo, chora, e aí você tenta fazer amigos, tenta falar e se envolver, tenta com esses amigos se engajar. Você não xinga, não briga, você tenta se enturmar. E isso é o que a gente tem que fazer”.
Gianni Infantino defende Qatar como país-sede e critica Europa
Na mesma entrevista, que acabou sendo um monólogo, Infantino defendeu a escolha do Qatar como país-sede do Mundial, onde diversos trabalhadores morreram durante as obras e o país omitiu o número real de mortos. Assim, disse que as críticas ao país são injustas e apontou a Europa como culpada pelas coisas que aconteceram de ruim nos últimos 3 mil anos:
“O que é triste é que, especialmente nas últimas semanas, a gente tem visto em alguns lugares muitas lições de moral, ou de moral dúbia… Falando dos trabalhadores imigrantes, nós temos ouvido muitas lições dos europeus e do mundo ocidental. Eu sou europeu, e acho que, pelos que os europeus fizeram nos últimos 3 mil anos, nós devíamos pedir desculpas pelos próximos 3000 mil anos antes de dar lições de moral nas pessoas.
Eu vim para cá há seis anos e falei sobre a questão dos trabalhadores imigrantes na minha primeira reunião (com o Governo do Qatar). Mas quantas companhias europeias e do mundo ocidental ganham bilhões no Qatar? Quantas delas falaram das questões dos imigrantes com as autoridades. Eu tenho a resposta: nenhuma! Porque, para as companhias, mudanças de legislação trabalhistas significam menos lucros”, seguiu. E eu não preciso defender o Qatar. Eles podem muito bem fazer isso sozinhos. Eu estou aqui defendendo o futebol. Aqui tem gás natural e petróleo, então todo mundo quer estar aqui agora. E quem liga para os trabalhadores? Ninguém. Só nós, do futebol. E, para sermos justos, o Qatar também”, afirmou.
Sei que muitas coisas não são perfeitas. Mudanças e reformas levam tempo. A única maneira de ter resultados é enfrentando as situações e dialogando, e não martelando e insultando. O que está acontencendo aqui é profundamente injusto. Eu me perguntou por que ninguém reconhece o progresso que houve aqui desde 2016. O sistema de kafala (servidão) foi abolido, o salário mínimo foi instituído, os sistemas de combate ao calor foram melhorados… Todos reconhecem isso, só a mídia que não”.
Discurso de igualdade entre possíveis países para sediar a Copa do Mundo inclui Coreia do Norte e pega mal
“A Fifa é uma organização global de futebol. Somos pessoas do futebol, não políticos, e queremos unir as pessoas. Qualquer país pode sediar um evento. Se a Coreia do Norte quiser hospedar algo…”.