No futebol, a rivalidade entre Brasil e Argentina é um clássico absoluto. Agora, uma crise diplomática está afetando o país vizinho e o Rio Grande do Sul. O motivo? A erva-mate gaúcha. A polêmica começou quando o atacante Nicolás González publicou uma foto em suas redes sociais. Na ocasião, os jogadores argentinos embarcavam para a Copa do Mundo do Qatar e levavam uma mala repleta do produto, fabricado na cidade de Encantado (RS).
Rapidamente alguns “hermanos" (entre eles produtores rurais e até políticos) reagiram, cobrando “explicações". Para os argentinos, o fato de levarem uma erva-mate produzida no Brasil é uma “afronta".
A auxiliar de marketing da empresa Baldo, Larissa Bagatini, explica que essa não foi a primeira vez que os jogadores da Albiceleste tiveram contato com a erva Canarias. O produto com origem no Vale do Taquari, distante 144 km de Porto Alegre, é item obrigatório no grupo. O principal admirador da iguaria é ninguém menos que o craque Lionel Messi.
“Sabemos que o Messi sempre tomou Canarias, não é de agora. Não só ele, como a maioria dos jogadores uruguaios e argentinos consomem esse produto, porque é do padrão uruguaio. Na Copa de 2018, a assessoria do Messi já havia entrado em contato conosco para pedir a erva", contou.
O assunto foi pauta do comentário de Ariel Palacios, correspondente da GloboNews e da SporTV em Buenos Aires. Segundo o jornalista, o camisa 10 conheceu a Canarias graças a outro ídolo do futebol mundial: Luis Suárez.
“Quem consumia essa marca era o Luis Suárez, estrela da seleção uruguaia. Ele e Messi jogavam juntos no Barcelona. Então, o Messi foi introduzido ao pruduto por Suárez e levou para todos os colegas da seleção", informou Palacios.
Repercussão nas redes sociais
O ex-deputado argentino Luis Mario Pastori, contrário à importação do mate, foi um dos que criticou a escolha da Albiceleste. O político cita que o produto uruguaio é feito no Sul do Brasil.
Insólito e inexplicable. Existen decenas de marcas de muy buena yerba mate en la Argentina producidas en Misiones y en Corrientes. Sin embargo, la Selección lleva a Qatar una marca uruguaya. ¿Hay alguna explicación oficial? Es casi una provocación. pic.twitter.com/mxlQXUXtBt
— Luis Mario Pastori (@luispastori) November 7, 2022
Palacios explicou que o Instituto Nacional da Erva-Mate também comentou o fato, “dizendo que existem ervas nacionais" que poderiam ser levadas ao Catar. A entidade estatal trata da produção da planta no país. O jornalista foi além:
“É muito sui generis que alguém reclame de que país vem a erva do chimarrão, quando o tênis e a roupa que eles usam [no uniforme da seleção] não vêm nem da Argentina, nem do Uruguai, nem do Brasil, nem do Mercosul", ironizou.
A sui generis polêmica erva-mateira/futebolística da seleção argentina (empresa uruguaia com erva brasileira).
Entrada no #EmPonto da @GloboNews:https://t.co/dWzZeJSQnM— Ariel Palacios (@arielpalacios) November 11, 2022