Um dos maiores ídolos do Cruzeiro e do futebol mineiro, Tostão comemora 76 anos de vida, nesta quarta-feira.
Nascido com o nome de Eduardo Gonçalves de Andrade, era considerado um ponteiro agudo, com habilidade aguçada quando a bola caía na perna esquerda. Deu seus primeiros passos na infância, nos campos de várzea em Belo Horizonte, se destacando no Associação Esportiva Industriários.
Foi aí onde ganhou o apelido onde marcaria sua vida como esportista: na equipe dos Industriários, era um mais novo quando surgiu, com sete anos. Com estas características, além de ser mirrado, lhe assemelharam como um “tostão”, que era uma moeda de pouco valor.
VEJA TAMBÉM:
Início
A carreira do jovem Eduardo nas quatro linhas começou em meados de 1961, no futsal do Cruzeiro.
Mais tarde, foi para o América-MG, time de coração de seus pais. No Coelho, foi multicampeão em torneios de base.
Aos 16 anos, em 1963, mesmo sem contrato profissional, já treinava e disputava campeonatos de base. Entretanto, no fim de 1964, quando, por uma crise financeira, os americanos teriam que fechar a equipe juvenil, dispensando todos os atletas.
Ainda em 1964, retorna à Raposa. Este seria o início de uma longa e vitoriosa jornada de Tostão no futebol de Minas Gerais. O primeiro troféu já seria um ano mais tarde, em 65: o campeonato mineiro.
Em 1966, veio o título mais importante como jogador, por clubes – a conquista da Taça Brasil, derrotando o Santos, de Pelé, na final. Nas duas partidas decisivas, o Cruzeiro derrotou o Santos de Pelé e cia. No primeiro jogo, o Mineirão ficou atônito ao ver um sonoro 6 a 2 da Raposa – 5 a 0 no 1º tempo. Na volta, nova vitória cruzeirense: 3 a 2.
Depois, seriam mais quatro troféus de Minas Gerais (66, 67, 68 e 69) e um Troféu Início, em 66, sem contar outras conquistas amistosas.
Em 24 de setembro de 1969, Tostão teria uma lesão que deixaria sequelas em toda sua vida, seja pessoal ou profissional. Num jogo contra o Corinthians, o zagueiro Ditão, do Timão, lhe acertou uma bolada, ao afastar uma bola.
Os efeitos seriam catastróficos, já que o ponteiro sofreria um descolamento de retina do olho esquerdo, sendo submetido a uma cirurgia em Houston, nos Estados Unidos. Antes, já tinha sofrido uma lesão na mesma região.
Seleção Brasileira
As geniais atuações de Tostão pelo Cruzeiro, sob o comando de Ayrton Moreira, o fez ser recompensado com suas primeiras chamadas para a seleção brasileira.
A estreia com a Amarelinha foi em 1966, com 19 anos, em um amistoso contra o Chile, no Morumbi. Vicente Feola, então técnico do Brasil, o convocou para a Copa daquele ano, que seria na Inglaterra.
Como já sabemos, os brasileiros não foram bem e caíram na primeira fase. Tostão entrou em campo apenas uma vez, contra a Hungria, na derrota por 3 a 1, marcando o gol de honra. Mas sua trajetória não parava aí.
O sucesso em qualquer campo o fez ser chamado para a disputa das eliminatórias para a Copa de 1970. Sob o comando de Aymoré Moreira, João Saldanha e Zagallo, foi o artilheiro do torneio com 10 gols. Os seus desempenhos lhe fizeram ser chamado de “vice-rei”.
- Copa do Mundo de 1970
No Mundial, o Brasil chegaria sob certa desconfiança àquela Copa. Tostão integraria o elenco do 22 convocados de Zagallo para o torneio no México.
Mesmo assim, nada foi possível de parar o Brasil. Foi titular nos seis jogos, que levaram o futebol brasileiro ao seu terceiro título. Seja no ataque ou voltando para recompor, Tostão foi cerebral e icônico no time que é considerado um dos maiores da história do esporte mundial.
Fim e o médico Tostão
Contratado a peso de ouro pelo Vasco da Gama, em 1972, Tostão teria poucas chances em campo. Mas não devido ao seu futebol, mas, sim, pela sua condição clínica desfavorável.
As marcas do descolamento da retina poderiam ser piores. Foram apenas 45 partidas e seis gols com a camisa cruzmaltina. Tostão anunciara sua saía das quatro linhas, aos 26 anos, em 1973.
Após a aposentadoria, foi seguir carreira acadêmica. Prestou vestibular para medicina. Foi aprovado e, depois, graduado. Viveu 20 anos de sua vida dedicados à vida médica, principalmente, dentro das salas de aula – foi professor da Faculdade de Ciências Médicas por 12 anos, entre 1983 e 1995, nos Departamentos de Semiologia e Clínica Médica na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Retornou ao futebol apenas em 1994, quando entrou na seara dos comentários esportivos, onde atua até os dias de hoje.
- Números
Durante sua carreira como jogador profissional, foram 378 partidas pelo Cruzeiro – 249 gols (o maior artilheiro do clube celeste), de 1964 a 97. Antes, pelo América-MG, 26 jogos e 16 gols, entre 1962 e 63. No Vasco, entre 72 e 73, 45 jogos e seis gols.
65 jogos e 36 gols pela seleção brasileira, de 1966 a 1972.
Foram 28 títulos – lista-se, aqui, apenas os principais:
- Cruzeiro
- Campeonato Brasileiro: 1966
- Campeonato Mineiro: (1965, 1966, 1967,1968 e 1969)
- Torneio Início de Minas Gerais: 1966
Brasil
- Copa do Mundo: 1970
- Copa Rocca: 1971
- Taça Independência: 1972
O período de votações do Samba Gold 2022 está quase terminando! Garanta o seu voto até o dia 31/1 e ajude a escolher os melhores jogadores brasileiros do ano!