De acordo com o delegado César Saad, da Delegacia de Repressão aos Delitos Esporte (Drade), o flamenguista Leonardo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos, admitiu ter jogado a garrafa que acertou a torcedora do Palmeiras, Gabriela Anelli, de 23 anos. A jovem foi atingida durante uma confusão, precisou passar por cirurgia, mas não resistiu.
O que se sabe
- Leonardo foi preso em flagrante no sábado (8).
- Segundo o delegado, o torcedor do Flamengo admitiu ter atirado a garrafa que acertou Gabriela.
- “O autor do arremesso da garrafa está preso, detido, desde o início do confronto. Hoje só mudou a natureza do inquérito. Passou de homicídio tentado para doloso”, explicou o delegado.
- De acordo com Saad, Leonardo assumiu ter atirado a garrafa alegando não ter sido na direção em que Gabriela estava, mas sim durante confronto entre as torcidas. O torcedor disse, ainda, que ambas arremessavam, e que ele fez o mesmo com a garrafa.
- O Boletim de Ocorrência informa que o flamenguista jogou a garrafa quando a divisória que separava a torcida local e a visitante foi aberta próxima ao portão D, para que uma viatura da Guarda Civil Metropolitana (GCM) passasse.
- Ainda segundo o delegado, aconteceram duas confusões no dia, nas proximidades do Allianz Parque.
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Delegado explica confusão a partir de imagens e relatos
“Todas as imagens, provas testemunhais, tudo que foi colhido desde sábado até o presente momento, depois da morte da Gabriela, apontam o seguinte. Por volta de 17h45, algumas vans com torcedores do Flamengo, não organizados, comuns, chegaram ao portão que dá acesso à torcida visitante. Neste momento, começa uma discussão entre torcedores do Palmeiras, que já estavam nos arredores do Allianz Parque, comuns também, que passam a se xingar”, explica o delegado.
“Existe um portão que faz a divisória da rua. Naquela divisória, passam-se, além de xingamentos, torcedores arremessando garrafas. Rapidamente dá para ver que a Gabriela cai no chão, depois fomos entender que ela foi atingida por um estilhaço. O portão estava com uma parte aberta, e foi possível identificar o autor do arremesso da garrafa. Ele foi detido. Foi lavrado o flagrante de homicídio, depois a prisão preventiva. Hoje, Gabriela faleceu vítima do corte no pescoço”, completa Saad.
A Polícia Civil segue em busca de novas imagens para encontrar outros envolvidos na confusão. Leonardo é do Rio de Janeiro, e viajou para São Paulo para acompanhar o jogo. De acordo com César Saad, Leonardo é ex-membro de uma torcida organizada do Flamengo, mas o caso não é tratado como confronto de uniformizadas.
“O autor é do Rio de Janeiro, veio a São Paulo assistir ao jogo. É ex-integrante da Fla Manguaça. Ele não veio com a caravana da organizada. Acessou a parte externa do estádio por conta própria. Ele não tinha passagem. E quero aproveita o espaço para dizer que, independente do crime, a Polícia Civil vai sempre trabalhar com imparcialidade, seja o torcedor organizado ou não. Vamos apurar da mesma forma. O homicídio dele é qualificado, e hoje foi consumado”, destacou o delegado.
Briga que culminou na morte da palmeirense não tem relação com a entre torcedores e PM
César Saad esclareceu ainda, que a morte da jovem de 23 anos não tem relação com o confronto ocorrido entre torcedores e Polícia Militar na Rua Caraíbas. Na confusão em questão, a polícia usou gás de pimenta para dispersar, o que chegou dentro do estádio. Jogadores e torcedores nas arquibancadas sentiram o efeito, e o jogo foi interrompido duas vezes.
“Houve duas brigas no Allianz Parque. Uma dessa, do lado oposto às organizadas. A briga que culminou na morte da Gabriela, na Padre Antonio Tomás. Por volta das 21h15, 21h30, estava tendo uma festa junina na sede social do clube, e há relatos que flamenguistas caminhavam por ali”, disse.
“Ouvimos integrantes das organizadas do Palmeiras também, que nos disseram o seguinte: havia torcedores que estavam sem camisa do Palmeiras. E vocês sabem, por não estar a usando a camisa mandante, já houve muitas confusões. Essa, sim, foi preciso a intervenção do Choque da Polícia Militar, que utilizou armamento menos letais. Aí, sim, parte entrou no estádio, o jogo precisou ser paralisado”, explicou Saad.
Gabriela foi socorrida por uma ambulância que fica dentro do estádio, e foi encaminhada para a Santa Casa. No mesmo dia, passou por cirurgia, mas sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu. A jovem morreu na manhã desta segunda-feira (10).