Tchê Tchê revelou detalhes sobre sua passagem pelo São Paulo. O volante, que foi titular durante boa parte de sua trajetória pelo clube, teve de lidar com a depressão. O problema não tem a ver com a discussão que teve com o técnico Fernando Diniz, na partida contra o Red Bull Bragantino. A depressão aconteceu bem antes disso e acabou com ele, por completo.
“No começo da minha passagem pelo São Paulo eu levantava de manhã para ir treinar, mas não tinha vontade. Nem de treinar, nem de joga, tá ligado? Fui ficando sem ânimo pra fazer as coisas, não queria sair de casa. O sofá e o colchão da cama me sugavam como se fossem areia movediça. Eu só afundava e chorava. Chorava o tempo todo”, disse Tchê Tchê, em entrevista ao ‘Players Tribune’.
“Mas a minha vida estava toda certinha, eu tinha tudo que precisava. De onde vinha aquele sofrimento? Meu Deus do céu! Uma hora comecei a sentir saudade da pessoa que eu era de verdade. Aquele Danilo não era eu, era menos que eu. Meus pais foram diariamente ficar comigo na minha casa. Eles deixavam de fazer as coisas dele para estar lá. Minha esposa também, o tempo todo do meu lado tentando me ajudar. Mas eu não conseguia mais sentir o amor deles. Nada do que eles falavam parecia ter significado para mim”, completou.
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Apesar disso, o volante seguiu trabalhando, como se nada tivesse acontecendo. Tchê Tchê não contou ao clube sobre a depressão, lidando com tudo em silêncio.
“Eu vivi cinco meses nessa amargura, nesses extremos opostos: eu era um ser-humano triste se obrigando a parecer um profissional feliz e sendo julgado por milhões de pessoas a cada três dias. E não é que eu estivesse passando a noite na farra, bebendo e tal. Não era isso. Eu estava deprimido. E me sentia culpado por estar”, disse o volante.
“Muitas vezes, mesmo nesse estado psicológico miserável, eu conseguia jogar bem, ajudava o time a vencer. Não queria que ninguém percebesse a minha situação. Ficava com o pessoal no vestiário, na resenha e tudo mais, fingindo estar tudo normal. Só eu tinha noção do tamanho do vazio na minha alma. Quando terminava a partida, eu voltava para casa chorando, sozinho, dirigindo meu carro, tentando entender o que estava acontecendo”, prosseguiu o jogador.
“Só depois que o pior passou eu procurei a psicóloga do São Paulo. Ela disse que eu tinha sido muito forte de ter conseguido atravessar uma depressão sem ajuda especializada. Mas, não foi porque eu quis, foi porque eu não consegui gritar socorro”, finalizou.
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