A Copa do Mundo 2022 já tem um herói. E não é um dos 26 jogadores de cada uma das 32 seleções que estão no Mundial. Também não é um árbitro que salva o time de um gol irregular, nem um técnico que põe em campo o jogador decisivo ou mesmo este reserva decisivo.
O herói veste a camisa do Superman. Por certo, sua seleção não está na Copa, mas seu ativismo sim. Mario Ferri é experiente em invadir jogos e já fez isso nas Copas de 2010 e 2014, na África do Sul e no Brasil. Aos 35 anos, o italiano é influencer, atleta e ativista.
Em 2010, invadiu Alemanha x Espanha, usando cadeiras de rodas para ficar próximo do gramado, o que possibilitaria sua invasão, sendo apenas multado na ocasião. Já na Fonte Nova, em Salvador-BA, no Brasil, invadiu Bélgica x Estados Unidos, com a mesma camisa do Superman, mas em apoio às crianças da favela.
Em resumo, um torcedor invadiu o campo com a bandeira do arco-íris (em apoio à comunidade LGBTQIA+) e interrompeu o jogo da Copa do Mundo entre Portugal e Uruguai com uma camisa com os dizeres em inglês: “Save Ukraine” (Salve a Ucrânia) e “Respect for Iranian Woman” (Respeito pelas mulheres iranianas).
Decerto, o protesto reuniu três grandes temas importantes da atualidade. Primeiramente, o Qatar, país-sede da Copa do Mundo, vê a homossexualidade como um crime no país, podendo ser punida com prisão, inclusive.
Em segundo lugar, a Guerra da Ucrânia, entre Ucrânia e Rússia não teve cessar-fogo durante o Mundial, ou seja, segue acontecendo mesmo que pouco se fale sobre isso com a máscara da Copa do Qatar.
Já o respeito pedido às mulheres iranianas é um tema pré, durante e pós-Copa do Mundo. Isso porque, antes da competição começar, o Irã já sofria onda de protestos por conta da morte da jovem iraniana de 22 anos Mahsa Amini, que usou um véu de forma incorreta, sendo aprisionada e morta sob a custódia da Polícia da Moralidade Iraniana.
Além disso, às mulheres iranianas são proibidas de frequentar os estádios e as minorias também são subjugadas no país. Dessa forma, mulheres e muitos outros iranianos protestam contra a forma autoritária do governo iraniano tratar os seus.
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Superman luta contra vilões na Copa do Mundo 2022
Um torcedor entrou em campo aos 51 minutos do confronto do Grupo H, entre Portugal x Uruguai, com o árbitro Alireza Faghani tendo que interromper o jogo. Ainda em campo, o torcedor foi preso pelos funcionários da Fifa.
Oficiais de segurança perseguiram o manifestante e a bandeira foi lançada no campo antes que a pessoa fosse escoltada para longe. O árbitro então pegou a bandeira e a deixou na linha lateral, onde ela permaneceu por alguns instantes antes que um trabalhador viesse recolhê-la.
A homossexualidade é ilegal no Estado do Golfo e a bandeira do arco-íris é amplamente usada como símbolo de apoio à comunidade LGBTQ+. Mas as autoridades do Qatar reprimiram os protestos em apoio à igualdade de direitos.
A saber, torcedores de País de Gales alegaram que seus chapéus de arco-íris foram confiscados, bem como um brasileiro até teve sua bandeira do estado de Pernambuco porque contém um arco-íris nela.
A Fifa e o Qatar também se envolveram em um escândalo sobre os capitães da Copa do Mundo serem ameaçados com cartões amarelos por usarem uma braçadeira OneLove com as cores do arco-íris.
As autoridades chegaram ao ponto de ordenar à Bélgica que removesse a palavra “amor” da marca de sua camisa alternativa. Então, o líder da Liga da Justiça, o invasor de campo que vestia a camisa do Superman, também estampava nelas as mensagens “Salve a Ucrânia” e “Respeito pelas mulheres iranianas”.
As declarações ocorrem em meio à invasão russa da Ucrânia, enquanto manifestantes no Irã pelos direitos das mulheres foram mortos recentemente.