Após uma sindicância interna para apurar irregularidades na gestão financeira, o Grêmio apura o desvio de R$ 300 mil. Segundo informações do jornalista Diego Garcia, o rombo teria ocorrido em eventos organizados por consulados do Tricolor. A possibilidade é que verbas pagas por torcedores gremistas tenham caído no bolso de diretores, em benefício próprio.
A investigação começou em 2021 e resultou em um relatório com mais de mil páginas. Na ocasião, o clube acionou a comissão de sindicância dos consulados para apurar possíveis desvios. O documento está em posse da Justiça do Rio Grande do Sul. Há possibilidade de ter ocorrido vazamento de informações a pessoas externas ao clube e venda de produtos oficiais com valores depositados direto em contas pessoais. Como consequência, o Grêmio deixou de gerar receitas.
No esquema, havia constrangimento a quem se negasse a pagar valores irregulares
Por regra, os consulados, cônsul, assessor ou diretores consulares não estão autorizados a intermediar a comercialização de produtos com a marca do clube. Essa observação está expressa no relatório entregue à justiça. O documento ainda aponta supostas cobranças a título de ‘mensalidades’ nos consulados femininos, prática também vetada pelo clube.
A sindicância apurou que uma contribuição de R$ 10 era exigida às consulesas. Quem não pagasse era passível de constrangimento com exposição em grupos de WhatsApp. A punição mais severa era a impossibilidade de participar de eventos organizados pelas entidades, entre eles, o ‘Dia da Mulher Gremista’. O relatório ainda informa que, a consulesa que questionasse a cobrança seria destituída do cargo mediante justificativas sem fundamento.
Outros pontos levantados pela investigação diz que o clube percebeu diversas transações em eventos organizados pelos consulados. Nessas ocasiões era exigido o pagamento, em espécie, de itens como deslocamento, combustível, fantasias, camisetas oficiais, fantasias e outras despesas como hospedagens. Pagamentos a jornalistas também eram custeados pelos integrantes dos consulados gremistas.
Os valores caíam diretamente na conta de diretores e, quem se recusasse ou questionasse a cobrança sofria constrangimento e represálias. Um dos diretores, inclusive, mantinha um ‘caixa paralelo’, sem conhecimento do clube. Nesse caixa 2 entravam valores em benefício próprio e de terceiros sem qualquer ligação com o Grêmio.
Apuração contabilizou o número de eventos organizados pelos consulados
Em 2019, cerca de 150 eventos renderam valores entre R$ 150 mil e R$ 300 mil. Os recursos beneficiaram diretores sem o conhecimento do clube e sem prestação de contas. No início deste ano, o ex-diretor de consulados do Grêmio e um dos investigados na sindicância, Flávio Becco, procurou a Justiça para acionar o Tricolor, cobrando R$ 1,7 milhão em equiparação de salários, danos morais e verbas trabalhistas.
O processo corre na Vara do Trabalho da Justiça de Porto Alegre. O clube não comenta o assunto, pois ainda não foi citado oficialmente.
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