O argentino Pablo Vegetti rapidamente se tornou ídolo dos torcedores do Vasco. Contratado em agosto pelo Gigante da Colina, o centroavante de 34 anos já soma 6 gols em 8 jogos com a camisa do Cruzmaltino, sendo uma peça importante na luta do time contra o rebaixamento.
Antes disso, Vegetti já era ídolo de um adolescente argentino de 17 anos, Valentino Blas Correas, assassinado em 2020 pela polícia. A morte do garoto gerou comoção no país, gerando a campanha “Justiça por Blas”.
O que aconteceu?
- Enquanto voltava de um bar com quatro amigos no dia 6 de agosto de 2020, os jovens teriam sofrido uma tentativa de assalto e se assustaram, acelerando o carro.
- O motorista não parou em uma blitz policial. A ação foi respondida pela polícia com vários disparos de arma de fogo contra o carro.
- Um deles entrou pelo vidro traseiro e atingiu Blas nas costas.
- Os amigos o levaram a um hospital de Córdoba. No entanto, se recusaram a tratar Blas, que acabou morrendo.
- Enquanto estavam tentando socorrer o amigo, a polícia “plantou” uma arma no local do crime, simulando uma troca de tiros.
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Qual a relação de Vegetti com Blas?
Meses após o assassinato do filho, Soledad Laciar, mãe de Blas, entrou em contato com o jogador, que era ídolo do adolescente, nas redes sociais. Vegetti ficou tocado com a história e se comprometeu em dar voz à luta da família de Valentino em busca de justiça.
Valentino era torcedor do Belgrano e, por aproximadamente cinco meses, pôde acompanhar Vegetti atuando pelo clube.
“Vegetti era o ídolo do meu filho, meu filho sempre foi fanático pelo Belgrano. A vida toda. Quando Pablo chegou ao clube, alguns torcedores não gostaram da contratação. Meu filho o defendia. Ele usou o nome dele na sua camisa do primeiro ao último dia”, contou Sole.
Sole conta que os amigos de Blas foram até sua casa após o ocorrido, e que ela deixou que levassem tudo do filho. A mãe do adolescente ficou apenas com uma camisa e uma mochila, que usava na noite fatídica.
A camisa em questão era o uniforme do colégio do filho, personalizada com a frase “Vegetti te amo” na parte da frente. Sole entregou a camisa ao jogador, que a leva a todos os jogos. Além dela, o centroavante também carrega uma feita pela família, com a foto do jovem e a frase “Justiça por Blas”.
“Nunca entendi o motivo de ter guardado a camisa, mas guardei e após alguns meses mandei ao Pablo uma foto do Blas usando a camisa. Ele me respondeu um tempo depois, e eu disse que achava que a camisa deveria ficar com ele. Ele me convidou para ir na sua casa e me disse que sempre levaria a camisa para os jogos. Inicialmente, não acreditei, achei que tinha falado para ficar bem. Ele não tinha nenhum motivo para fazer isso”, lembra.
“Blas, desde esse dia até hoje, acompanha o Pablo. Eu não tenho palavras para agradecer a ele, um ser incrível. Nestes três anos, ele me acompanhou em tudo que fiz, desde tentar dar visibilidade ao caso a ajudar em outras causas que pedi ajuda. Conheci a sua família, o seu pai, irmã, sobrinhos, esposa, o seu filho. Eu amo o Pablo com toda a minha alma”, completou Sole.
“É ele quem me conecta com Blas. Toda vez que o Pablo entra em campo sinto que está conectado com Blas e não com o pedido de justiça”, destaca a mãe do jovem.
O que aconteceu com os criminosos?
Em abril deste ano, 13 policiais foram condenados pelo assassinato do adolescente, com pena de prisão perpétua para os responsáveis pelos disparos contra o carro dos jovens.
Apesar da vitória na Justiça, a família de Valentino segue lutando pela responsabilização dos políticos envolvidos no caso.
“Não trataram Blas numa clínica, negaram-lhe isso. Eu também luto por isso, tem aí uma brecha legal importante, busco que as coisas melhorem. Não me interesso por política partidária e por isso é mais difícil. Mas também não quero me filiar a nenhum partido. Não me sinto identificada com nenhum”, disse Sole.
“A parte difícil já terminou, com os culpados presos. Agora estamos na segunda parte, que é a parte política. Continuamos lutando, estamos num momento especial na Argentina, por causa das eleições, que são a única coisa que importa. Decidimos aproveitar todo esse tempo para continuar lutando para que haja justiça”, finalizou.