O que significa para o torcedor do Vasco não ver o clube jogar em São Januário?

Torcida lotou entorno do estádio no confronto contra o Bahia em movimento de apoio à campanha para liberar o estádio
Publicado em 04/09/2023 às 22h22

Como se não bastasse ter que brigar contra o rebaixamento, o Vasco ainda tem que brigar contra a justiça para exercer um de seus principais direitos: o de contar com a sua torcida dentro de sua própria casa. São Januário não recebe público desde o dia 22 de junho.

Na ocasião, o Cruz-maltino enfrentou o Goiás, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, e acabou derrotado por 1 a 0. Alguns “torcedores” acabaram jogando bombas e rojões no gramado, além das cenas de confrontos protagonizadas contra a polícia dentro e fora do estádio.

O QUE VOCÊ PRECISA SABER

  • São Januário está interditado pela justiça comum;
  • O clube busca um acordo com o Ministério Público para derrubar a liminar que impede a presença do público no estádio;
  • A alegação é por conta da falta de segurança pela comunidade no entorno.

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Por conta disso, na esfera desportiva, o clube levou uma suspensão de quatro jogos sem poder contar com seu torcedor. O problema é que, alinhado a isso, o Tribunal de Justiça comum resolveu que o estádio precisa passar por uma perícia para que pudesse proporcionar segurança aos torcedores.

SÃO JANUÁRIO

Inaugurado em 1927, o estádio de São Januário carrega o peso de ter sido construído a custo dos sócios e dos torcedores. A ideia de ter a própria casa surgiu após o clube ser excluído de jogar o Campeonato Carioca por não ter um estádio. Mas, na verdade, a ideia era excluir o clube da Zona Norte do Rio de Janeiro e que não compactuava com o preconceito racial entranhado na cultura social da época.

BARREIRA DO VASCO

São Januário fica no entorno da comunidade Barreira do Vasco. O local viu a oportunidade de ter um ponto turístico e de movimento como uma oportunidade de crescimento e empreendimento. Por conta disso, muitas famílias, há anos, tiram seu sustento com a presença da torcida nos jogos.

O problema é que, nesse momento, essas mesmas famílias, moradoras de periferia e situada na Zona Norte, se veem prejudicada com uma decisão que não mostra nenhum tipo de fundamento. Principalmente após o levantamento feito pelo jornal “O Globo”, onde relata que há mais tiroteios no entorno do Maracanã do que em São Januário.

A festa na Barreira do Vasco, pré e pós jogo, se tornou um elemento da cultura do torcedor vascaíno. E, com a medida que impede a presença do público no estádio, um déficit histórico, cultural e financeiro surgiu como efeito colateral. Além disso, a força desportiva do time em casa é considerada um dos pontos fortes.

‘CONTRA TUDO E CONTRA TODOS’

A torcida do Vasco fez questão de relembrar um lema que há tempos segue o clube: “contra tudo e contra todos”. E não tem sido diferente neste momento. Diversas reuniões têm sido feitas para que a instituição consiga um acordo com o Ministério Público para a liberação de São Januário.

Neste último domingo, dia 3, a torcida mostrou a representatividade que o estádio tem em seu torno. O Cruz-maltino entrou em campo para enfrentar o Bahia, fora de casa. Em medida de apoio à campanha para desinterdição de São Januário, um telão foi instalado e a Avenida Roberto Dinamite, que fica em frente ao estádio, foi tomada por vascaínos para ajudar, principalmente, a movimentar a economia da Barreira.

Jornalista formado pela FACHA, com passagens pelo portal "Lance!", onde entrevistou grandes nomes do esporte, e pelo "Esporte News Mundo", cobrindo o Fluminense. Também...