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O emocionante texto de Di Maria sobre sua trajetória profissional, desde a infância

Publicado originalmente em 2018, o relato do jogador foi escrito após a derrota da Argentina na Copa de 2014. Após a conquista do tricampeonato, a narrativa voltou a circular na internet
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Publicado em 24/12/2022 às 23h09

 

Um emocionante relato do jogador Ángel Di Maria, escrito em 2018, voltou a circular na internet após a vitória da Argentina na Copa do Mundo 2022. No texto, o atacante fala sobre a infância, a família e tudo o que passou para se tornar um grande ídolo do futebol.

Publicado originalmente em inglês no site The Players Tribune com o título “In the Rain, in the Cold, in the Dark” (Na chuva, no frio, no escuro”, a narrativa foi escrita pelo craque para contar o que ele sentiu quando a seleção albiceleste perdeu o Mundial para a Alemanha, em 2014, com o placar de 2 a 1. As palavras de Di Maria emocionam pelos detalhes de uma infância difícil e de poucos recursos, onde o futebol o salvou. Confira alguns trechos. 

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Angel Di Maria/Arquivo Pessoal

 

“As paredes da nossa casa deveriam ser brancas. Mas nunca me lembro deles como brancos. No início, eles eram cinza. Então eles ficaram pretos, por causa do pó de carvão. Meu pai era carvoeiro, mas não do tipo que trabalha em mina. Você já viu carvão sendo feito? As sacolinhas que você compra em qualquer comércio para fazer o churrasco vêm de algum lugar, e a verdade é que fazer carvão é um trabalho muito sujo. O meu velho trabalhava debaixo de um telhado de zinco no nosso pátio e depois tinha de ensacar todos os pedaços de carvão para vender no mercado. Bem, não era só ele. Ele tinha seus ajudantes, hein. Antes da escola, acordávamos com minha irmãzinha para ajudá-lo. Tínhamos 9 ou 10 anos, que é a idade perfeita para sacar carvão, porque você pode transformar isso em um jogo”.

Mesmo com as dificuldades, o craque sempre acreditou que tudo poderia melhorar. E o caminho era o esporte. 

“Lembro que um dia estávamos ensacando carvão com meu pai, estava muito frio e chovia. Estávamos sob o telhado de zinco. Foi muito difícil estar lá. Depois de um tempo, eu ia para a escola, que era mais quente. Mas meu pai ficava ensacando lá o dia todo, sem parar. Porque se ele não conseguisse vender o carvão naquele dia, não teríamos o que comer, simples assim. E eu pensei, e acreditei muito nisso:  Chegará um momento em que tudo mudará para melhor. Por isso, devo tudo ao futebol”. 

 

Angel Di Maria/Arquivo Pessoal

 

O pequeno jogador começou a treinar com empenho e dedicação. Até que, após marcar 64 gols em um ano no time do bairro, uma rádio local convidou Di Maria para uma entrevista. A exposição fez com que o garoto fosse notado pelo time do Rosário Central. 

“Naquele ano, meu pai recebeu um telefonema do técnico do Rosario Central. Ele disse a ele que queria me ver jogar lá. A verdade é que foi uma situação muito engraçada, porque ele sempre foi fã dos Newell’s Old Boys. Minha mãe é uma grande fã da Central. Se você não é rosário, nunca poderá entender a paixão e a rivalidade que existe. É até a morte. Cada vez que jogava o clássico, meus velhos gritavam como loucos, exalavam o pulmão a cada gol, e aquele que ganhava passava um mês carregando o outro”. 

O texto segue e nele o atacante narra os principais pontos da sua trajetória até chegar ao que ele é hoje: um astro reconhecido pelo talento no futebol. No ano em que a seleção argentina conquista o tricampeonato mundial, a carta de Di Maria revela a grandiosidade de um jogador que conhece muito bem o caminho trilhado para chegar onde chegou. 

 

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Sergey Pivovarov/AP Photo

 

“Acho que hoje em dia as pessoas seguem você no Instagram ou no YouTube e só veem os resultados, mas não veem o preço. Eles não sabem o que você viveu para chegar lá. Eles me veem segurando minha filha e sorrindo com a Champions League na mão e acham que está tudo perfeito. Mas talvez eles não saibam que apenas um ano antes daquela foto ser tirada de nós, ela nasceu prematura e passou dois meses no hospital, presa a um monte de fios e tubos. Talvez me vejam chorando com a Copa e pensem que choro pelo futebol. Mas, na verdade, estou chorando porque minha filha está ali em meus braços para viver aquele momento comigo.

Eles assistem à final da Copa do Mundo e tudo o que veem é o resultado. O Argentina 0 x 1 Alemanha. Mas eles não veem quantos de nós tivemos que lutar para chegar a esse momento. Eles não sabem das paredes da nossa sala que passaram do branco para o preto”.

Leia o texto original, na íntegra, aqui. 

 

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Jornalista por formação, apaixonada por esportes, música e cultura. Entusiasta do futebol feminino, defende que lugar de mulher é onde ela quiser. Concluiu a...