Após se envolver em polêmica nas redes sociais, a Nike retrocedeu e não vai vetar nomes religiosos nas camisas da seleção brasileira. A confusão começou em agosto, no lançamento da nova coleção da camisa canarinho. Nas redes sociais, internautas interessados em comprar a peça não conseguiam customizá-la com palavras ligadas às religiões de matriz africana. Ao escolherem palavras como “Ogum” ou “Exu”, o produtos aparecia no site como “indisponível”. No entanto, termos como “Cristo” e “Jesus” eram permitidos no serviço de personalização da Nike.
Diante disso, um consumidor entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) solicitando apuração do caso. O que resultou em uma reunião entre a Fisia, distribuidora da Nike no Brasil, e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro, em 11 de novembro. As partes firmaram um acordo, anunciado pela marca nesta quarta (16).
Assim, a Nike se comprometeu que o marketing da empresa não vai praticar ações que possam configurar como discriminação religiosa. Até então, a política da companhia não permitia customização das camisas de times e seleções esportivas com palavras ligadas a temas religiosos.
Ou seja, termos ligados a religiões de matrizes africanas seguem “indisponíveis” para customização. Porém, outros vocábulos – ligados a qualquer doutrina – também estão proibidos. Sendo assim, as palavras “Jesus” e “Cristo” estão incluídas na lista de vetos. Para a procuradora da República, Aline Caixeta, “não cabia ao MPF questionar a política de marketing em si da empresa, por se tratar de uma determinação internacional”. No entanto, o esforço da instituição foi para garantir que casos de discriminação religiosa não criassem mais polêmica.
VEJA TAMBÉM:
++ Você sabia? A amarelinha da seleção surgiu após o “Maracanaço”
++ No grupo dos mais novos, Rodrygo brinca sobre tratamento dos veteranos na seleção brasileira
Aproveite e siga o Sambafoot no Facebook, no Instagram e no Twitter!
O que a Nike decidiu
Além do compromisso de atualizar a lista de termos proibidos, a empresa vai criar um canal de comunicação para recebimento de reclamações e denúncias dos consumidores. “No curso da investigação também entendemos ser importante trazer esse debate para o espaço público”, diz a procuradora. Ela se refere às ações e eventos para discutir e celebrar a diversidade religiosa, condições que constam em um termo de compromisso assinado pela marca.
O documento prevê a elaboração de um estudo sobre a diversidade no futebol, com ênfase em religião, gênero e raça, financiado pela Fisia e feito em parceria com o Observatório de Discriminação Racial do Futebol. A atividade deve ser divulgada durante a Copa do Mundo de Futebol Feminina do próximo ano, realizada entre 20 de julho a 20 de agosto de 2023.
Outra responsabilidade da Nike é a inserção do tema na pauta de pelo menos três eventos realizados antes e durante a Copa Feminina. Um deles já está definido. Será a gravação de um podcast com Paulinho, do Bayer Leverkusen. Ele foi escolhido, pois, ao fazer um gol pela seleção brasileira olímpica contra a Alemanha, em Tóquio, o jogador comemorou com um gesto em referência à flecha de Oxóssi, orixá de religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé.
“Achamos ser necessário avançar, buscando essas medidas de reforço positivas para levantar a discussão pública sobre a diversidade religiosa, o respeito à diversidade e a tolerância”, afirmou a procuradora.
No site da Nike, a camisa da seleção brasileira custa R$ 349,99, com R$ 14,99 de acréscimo para quem desejar a customização. A lista de termos “indisponíveis” no site da Nike vai além das palavras de cunho religioso e inclui vocábulos de cunho racista, palavrões e nomes de políticos. A empresa não divulgou os critérios para definir quais palavras são incluídas no rol de termos vedados.