O décimo episódio de racismo contra Vini Jr gerou uma onda de solidariedade ao jogador. Desde o último domingo (21), quando foi ofendido pela torcida do Valencia em partida contra o Real Madrid, no estádio Mestalla. Além do apoio recebido de autoridades políticas e do esporte, a Prefeitura de São Gonçalo, cidade natal do craque, também se manifestou.
> Na segunda-feira (22), o músico e compositor carioca Nei Lopes escreveu um texto contundente falando sobre racismo.
> Aos 80 anos, Lopes também é estudioso das culturas africanas e tem mais de 350 músicas gravadas por nomes como Zeca Pagodinho, Alcione, Dudu Nobre e Arlindo Cruz.
> Como escritor, Nei Lopes publicou mais de 40 livros e ganhou três prêmios Jabuti, o mais importante da literatura brasileira.
> No texto escrito especialmente para o Jornal das Dez, do canal G1, o compositor explica como funciona a estrutura do racismo na sociedade.
> Assista e ouça abaixo o texto escrito por Nei Lopes com narração da jornalista Aline Midlej.
O autor, compositor e músico Nei Lopes escreveu um texto especialmente para o J10 que mostra a estrutura do racismo na sociedade. Confira com a narração de Aline Midlej.
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— GloboNews (@GloboNews) May 23, 2023
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Antes do texto escrito para o J10, Nei Lopes fez uma publicação no Instagram com reflexões sobre o mesmo tema, confira:
“A VIDA DE VINI JÚNIOR TAMBÉM IMPORTA!
O racismo é uma erva daninha. Que agora, crescendo no verde dos gramados mundo afora, vem matando a vontade de a gente ver futebol.
Mas a praga não é de hoje. E é estrutural, pois remonta àquele triste momento do governo de certo presidente Epitácio Pessoa, entre 1919 e 1922 em que a comissão técnica foi proibida de convocar jogadores pretos e pardos, ou seja, negros, para integrar a seleção brasileira, na disputa de um dos campeonatos internacionais daquela época. Desde então muita água rolou, desde Domingos da Guia, Leônidas, Barbosa etc., etc., etc., até chegarmos ao massacre de Vini Júnior, no jogo do seu Real Madrid com o Valencia em partida da multimilionária La Liga, de grande repercussão mundial nesta segunda-feira, 22 de maio.
O racismo é um veneno perigoso. Ainda mais quando movido a inveja e tendo como vítima um jovem esportista, supertalentoso e bem remunerado, mas com apenas 22 anos de idade. Pior ainda é ocorrer num país cujo ordenamento jurídico, ao que sabemos, ainda não penaliza a discriminação étnico-racial como um crime contra a personalidade humana. Mas o atual Governo brasileiro bate bem nessa bola!”