A derrota do Irã na Copa do Mundo 2022 para os Estados Unidos foi recebida com aplausos e comemorações em Teerã, capital do país, e outras cidades iranianas na noite da última terça-feira (29), quando os manifestantes saudaram a saída do país do torneio como um golpe para o regime governante.
A nação foi eliminada do torneio no Qatar após a derrota por 1 x 0, encerrando uma campanha ofuscada por protestos antigovernamentais que duram meses o Irã.
Mas há preocupações com a segurança dos jogadores iranianos que voltam para casa do outro lado do Golfo Pérsico, depois que o time inicialmente se recusou a cantar o hino nacional do Irã antes do primeiro jogo, em uma aparente demonstração de solidariedade aos manifestantes.
As famílias do time também foram ameaçadas de prisão e tortura antes da partida, disse uma fonte à CNN, envolvida na segurança dos jogos. Pessoas em várias cidades iranianas comemoraram de dentro de suas casas e prédios residenciais momentos após o apito final, que aconteceu na madrugada de quarta-feira (30), horário local, enquanto vídeos postados nas redes sociais mostravam pessoas buzinando, cantando e assobiando.
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Torcedores locais comemoraram eliminação do Irã na Copa do Mundo 2022
“Estou feliz, este é o governo perdendo para o povo”, disse uma testemunha das comemorações em uma cidade na região curda, cujo nome a CNN não divulgou por questões de segurança. O grupo de direitos humanos iraniano Hengaw, com sede na Noruega, postou vários vídeos de cenas semelhantes.
“As pessoas em Paveh estão comemorando a derrota da seleção iraniana para os Estados Unidos na Copa do Mundo no Qatar, gritando ‘Abaixo Jash (traidores)’”, disse Hengaw em um post.
As manifestações abalaram o Irã por vários meses, provocando uma repressão mortal das autoridades. A revolta nacional começou pela morte de Mahsa (também conhecida como Zhina) Amini, uma mulher curda-iraniana de 22 anos que morreu em meados de setembro após ser detida pela polícia da moralidade do país.
Desde então, manifestantes em todo o Irã se uniram em torno de uma série de queixas contra o regime. O chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse que o país está em uma “crise de direitos humanos de pleno direito” enquanto as autoridades reprimem os protestos.