A janela de transferências no futebol é o período do ano em que os clubes podem transferir jogadores para suas equipes. O termo “janela” é o termo utilizado pela mídia para destacar o momento da temporada em que a FIFA – entidade máxima do futebol – e as outras federações nacionais, como a CBF, permitem os clubes a inscreverem novos atletas em suas equipes para disputarem de maneira regular as partidas oficiais da temporada.
No Brasil havia apenas as janelas de transferências para contratações internacionais – jogadores que vinham do exterior – que eram “abertas” entre 1 de janeiro e 16 de abril e outra entre 22 de junho e 21 de julho. Isso quer dizer, fora desses períodos não era possível que um clube brasileiro registrasse um jogador que estava jogando em outro país para disputar um torneio em território nacional. Junto ao período de contratações estrangeiras, teremos outra mudança para 2022, quando será criada a janela de transferências nacionais.
No início do mês de dezembro a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) enviou um ofício aos clubes e federações para informar a criação de uma janela nacional de transferências a partir de 2022. A medida foi feita para atender uma exigência da FIFA, que visa uma regularização maior das competições nacionais e irá obrigar os clubes a fazerem um planejamento melhor.
As janelas, então, irão ser conjuntas às internacionais, para os clubes que disputam as Séries A e B do Brasileirão. Isso quer dizer que, somente nos períodos citados abaixo que os clubes poderão fazer qualquer tipo de registro de novos jogadores em suas equipes, independentemente do jogador contratado atuar no Brasil ou no exterior. É importante citar que antes dessa regra as contratações domésticas no país eram liberadas por quase toda a temporada: de 1 de janeiro até 24 de setembro.
Em 2022, as janelas para qualquer tipo de transferências serão as seguintes:
- Primeiro semestre: de 19 de janeiro as 12 de abril;
- Segundo semestre: de 18 de julho a 15 de agosto.
A regra se aplica não só para a chegada, mas também para a saída de jogadores. A previsão é que para 2023 a regra seja estendida para as Séries C e D do Campeonato Brasileiro.
O planejamento era para a regra ser criada há dois anos, mas a aplicação acabou sendo adiada devido à pandemia da Covid-19. Até o fim desse ano a CBF pretende oficializar todas essas mudanças no Regulamento Nacional de Registro e Transferências da entidade.
“Os períodos de transferência internacional e nacional vão coincidir, sob as mesmas regras e exceções. A FIFA já tinha colocado isso no regulamento. Vai ter que ser feita uma melhor gestão dos elencos. A janela fecha após a primeira rodada do Brasileiro (em 2022), e o clube terá que utilizar aquele time por três meses até a abertura do período seguinte, em agosto”, explicou Reynaldo Buzzoni, Diretor de Registros, Transferências e Licenciamento de Clubes da CBF, em entrevista ao GE.
Clubes terão que se planejar melhor
Vários clubes costumam deixar para contratar os jogadores quando certo torneio está para começar ou quando alguma lesão mais séria acontece no elenco. Isso, porém, terá que mudar a partir do próximo ano com as novas regras. Sem um bom planejamento, a impossibilidade de contratar jogadores por praticamente toda a temporada poderá ser fatal para um clube que não soube montar um bom elenco com antecedência.
“A manutenção de poucas janelas com prazo relativamente curto obriga os clubes a se organizarem, a pensarem a formação dos elencos de forma mais cuidadosa, e retira dos dirigentes uma estratégia que serve apenas para abafar crises, que é a de contratar a qualquer momento para dizer que está pensando na equipe, mas geralmente serve apenas para atender demandas da torcida e da imprensa. Vai ajudar também no controle financeiro, pois o clube deixa de gastar de informa quase que ilimitada”, avalia Cesar Grafietti, economista e consultor do Itaú BBA, em entrevista para o blog Lei em Campo.
A história das janelas de transferências
A janela foi introduzida como algo obrigatório pela FIFA na temporada 2002-2003, em resposta às negociações entre as instituições de futebol da Europa e a Comissão Europeia – instituição independente que representa e defende os interesses da União Europeia – que pressionava o principal órgão do futebol mundial a criar um sistema de transferências entre os países para promover o desenvolvimento do esporte e, também, gerar uma segurança jurídica entre os atletas que mudavam de país no Velho Continente para atuar profissionalmente.
O sistema vinha sendo usado em alguns torneios do Velho Continente antes de se tornar regra, como no futebol da Inglaterra. Já no início dos anos 90 os ingleses planejaram períodos onde jogadores poderiam ser contratados, com a esperança de melhorar a estabilidade das equipes e evitar ofertas insistentes de empresários durante todo o ano.