Mário Jorge Lobo Zagallo é um homem. Mas, com uma vida dedicada ao futebol, Zagallo se transformou em vários, a depender da maneira como se olha para a trajetória dele.
Algumas pessoas podem criticá-lo, outras elogiá-lo. Mas, no fundo, quase todo mundo tem uma lembrança com o Velho Lobo, como conta o jornalista Celso Unzelte.
O que Celso contou:
- Em entrevista ao documentário "Zagallo: Vocês vão ter que me engolir", Celso Unzelte contou uma passagem que teve com o Velho Lobo ainda quando repórter.
- Celso diz que se não fosse o respeito e a atenção dada por Zagallo a ele, poderia não ter seguido na carreira de repórter.
- O jornalista também disse que Zagallo é uma figura que sempre está presente na memória do torcedor.
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O dia em que Zagallo "salvou" a carreira de um repórter.
Era 02 de fevereiro de 1991. O Santos recebia o Vasco na Vila Belmiro na estreia do Campeonato Brasileiro daquele ano.
"O gramado da Vila Belmiro horrível. E eu com um dockside Samello [sapato comum à época]. Tinha chovido. Entrei com o dockside azul e saí com o dockside marrom, todo sujo de terra", contou Celso Unzelte, à época, um jovem repórter à beira do campo da Vila.
A partida terminou empatada em um sofrido 0 a 0, com poucas chances para cada lado. Ao final do confronto, Celso foi entrevistar os personagens do jogo.
"Em um dos poucos momentos na vida que eu pensei em largar a reportagem foi quando um jogador do Santos, em que fui entrevistá- lo e ele simplesmente me ignorou, saiu do gramado. E aí eu falei: ‘Pô, o que eu estou fazendo aqui? Devia estar fazendo outra coisa da vida’", relembrou Unzelte.
A atenção de Zagallo
Chateado por não ter conseguido a entrevista com o jogador, Celso foi tentar a entrevista com o técnico do Vasco, Mário Jorge Lobo Zagallo.
"Não tinha muita, muita esperança de conseguir alguma coisa do Zagallo. E ele me tratou muitíssimo bem", relembrou.
Segundo Celso, a atenção de Zagallo fez com que ele desconsiderasse a possibilidade de abandonar a reportagem.
"[Me] Pegou pelo braço, respondeu todas as minhas perguntas ali na saída do campo – que era algo também que a gente podia fazer naquela época, né? Então o Zagallo talvez seja o responsável por uma retomada do meu próprio trabalho.Talvez se ele não tivesse me dado aquele contraponto, num momento em que eu estava muito chateado numa entrevista, que não tinha dado certo, talvez eu estivesse aqui hoje", recordou Celso.
Zagallo sempre presente
Para Celso, Zagallo é um personagem que está sempre presente na vida das pessoas, e que talvez o próprio Velho Lobo não tenha conhecimento disso.
"Ele não sabe disso, talvez não tenha nem ideia. Mas o Zagallo é alguém que está sempre presente. É uma figura que transcende, viu? Em qualquer lugar do mundo que você perguntar do Zagallo, alguém terá essa relação a fazer, com acontecimentos às vezes positivos, às vezes negativos. Zagallo merecia um daqueles slogans de estabelecimento comercial ‘sempre presente’. Isso ninguém pode negar", finalizou.
Estreia do documentário "Zagallo: Vocês vão ter que me engolir"
No dia 13 de março, vai estrear no canal do Sambafoot no YouTube, o documentário "Zagallo: Vocês vão ter que me engolir".
A série contará toda a vida de Zagallo, desde o início no América-RJ, na década de 1950, até o fracasso na Copa do Mundo de 2006, como auxiliar técnico.
Com entrevistados que viveram e conviveram ao lado de Zagallo, como Jairzinho, Pepe, Zinho, Jorginho, Petkovic, Juan, e pessoas que cobriram os passos e estudaram a vida do Velho Lobo, como Celso Unzelte, Mauro Beting, Thiago Uberreich, Tino Marcos, e outros, o documentário vai mostrar as glórias, os fracassos e as polêmicas de um personagem ímpar na história do nosso futebol.
"Zagallo: Vocês vão ter que me engolir" é uma produção original de Sambafoot Series e foi gravada durante os meses de novembro e janeiro. Conta com a coordenação de Patrick Saint Martin e produção de Geovanne Peçanha e Matheus Brum.
