Histórias com Zagallo: A montagem da maior Seleção de todos os tempos

Em entrevista ao documentário "Zagallo: Vocês vão ter que me engolir", Tostão relembrou a montagem da Seleção Brasileira de 1970
Publicado em 24/01/2024 às 20h55

Mário Jorge Lobo Zagallo foi o treinador que comandou a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, considerada a maior seleção de todos os tempos.

No entanto, até chegar ao time que encantou o planeta, foi feito um longo caminho. Zagallo não tinha certeza em como escalar os lendário quinteto formado por Gerson, Rivellino, Jairzinho, Tostão e Pelé. O ex-jogador do Cruzeiro contou sobre a formação da equipe. 

O que disse Tostão:

  • Tostão disse que Zagallo chegou na Seleção sem ter convicção de que poderia jogar junto com Pelé.
  • Em um amistoso, próximo da Copa, Zagallo mudou de ideia e escalou a dupla junta.
  • Ali estava o embrião do time que conquistou o planeta e a Copa do Mundo de 1970.

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Tostão ao lado de Pelé 

O ano era 1970 e o Brasil, ao contrário de todas as outras seleções, chegara ao México com bastante antecedência. Como no país há altitude, a comissão técnica queria que os jogadores se aclimatassem bem antes da disputa do Mundial.

No embarque da seleção havia desconfiança. A troca de treinador – Zagallo no lugar de João Saldanha – aliada às atuações sem convencer nos amistosos no Brasil, davam tom de pessimismo para a disputa do Mundial.

Zagallo seguia irredutível. Não aceitava escalar Tostão ao lado de Pelé, mesmo este sendo um desejo da torcida e da imprensa. O Velho Lobo, que seria conhecido por sua forte personalidade, já demonstrava uma das características pela qual seria reconhecido ao longo da carreira.

Contudo, no México, Zagallo mudou. Às vésperas de um amistoso, puxou Tostão em um canto e disse que seria titular ao lado de Pelé

Teve um jogo próximo da Copa e o Zagallo, até para minha surpresa, chegou perto de mim e disse: ‘Você que vai jogar, de centroavante. Eu quero que você jogue na frente sem voltar, na frente do Jairzinho, do Pelé. Não quero que você jogue como faz no Cruzeiro, que vem do meio campo receber a bola”, disse Tostão em entrevista ao documentário “Zagallo: Vocês vão ter que me engolir “.

Com o anúncio de que jogaria ao lado de Pelé, Tostão pensou logo em Evaldo, seu colega de Cruzeiro

“Falei que não tinha problema. Vou jogar como o Evaldo jogava no Cruzeiro. Era o centroavante armador. O Evaldo preparava a jogada para eu e o Dirceu Lopes chegar de trás e fazer os gols”, disse Tostão.

Quinteto que entrou para a História

Com a mudança de postura de Zagallo e o aceite de Tostão, o quinteto que entraria para a história do futebol estava montado. Tostão, nesta função, não foi artilheiro. Marcou dois gols no Mundial, mas foi fundamental para diversos gols marcados pelo Brasil.

“Na Copa do Mundo eu fui o centroavante mais armador, de troca de passe, facilitador pro Pelé e pro Jairzinho. Me destaquei mais por alguns passes em jogos decisivos contra a Inglaterra e contra o Uruguai. Então a seleção brilhou intensamente, ficou na história como um dos maiores times do mundo, muitos acham que é a maior seleção de todos os tempos.

Para Tostão, nada disso seria possível sem a presença de Zagallo no banco de reservas. 

“O time do Brasil é extremamente organizado, revolucionário pra época, porque era muito disciplinado, muito bem treinado taticamente, o que não era comum no futebol brasileiro da época. O Zagallo merece todos os aplausos, a essa história de que, o Brasil não precisava de técnico não condiz com a atuação do Zagallo, que foi espetacular, do ponto de vista que ele foi na época inovador. Ele foi um técnico tático. Houve uma união muito grande entre o talento individual dos jogadores, com a disciplina tática”, finalizou Tostão 

Estreia do documentário “Zagallo: Vocês vão ter que me engolir”

No dia 13 de março, vai estrear no canal do Sambafoot no YouTube, o documentário “Zagallo: Vocês vão ter que me engolir”

A série contará toda a vida de Zagallo, desde o início no América-RJ, na década de 1950, até o fracasso na Copa do Mundo de 2006, como auxiliar técnico. 

Com entrevistados que viveram e conviveram ao lado de Zagallo, como Jairzinho, Pepe, Zinho, Jorginho, Petkovic, Juan, e pessoas que cobriram os passos e estudaram a vida do Velho Lobo, como Celso Unzelte, Mauro Beting, Thiago Uberreich, Tino Marcos, e outros, o documentário vai mostrar as glórias, os fracassos e as polêmicas de um personagem ímpar na história do nosso futebol. 

“Zagallo: Vocês vão ter que me engolir” é uma produção original de Sambafoot Series e foi gravada durante os meses de novembro e janeiro. Conta com a coordenação de Patrick Saint Martin e produção de Geovanne Peçanha e Matheus Brum.