A Copa do Mundo é a competição mais importante do futebol mundial. Disputada por seleções de todas as partes do mundo, ela ocorre sempre a cada quatro anos desde 1930 – com exceção de 1942 e 1946, quando não foi realizada devido à Segunda Guerra Mundial. Mas o atual presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA), órgão responsável pela organização do torneio, anunciou que pretende alterar a ocorrência da competição para cada dois anos, tanto no futebol masculino quanto no feminino.
Gianni Infantino colocou a ideia em debate em um congresso virtual no fim do mês de maio. O dirigente suíço-italiano recebeu a proposta, pela primeira vez, por meio da Federação Saudita de Futebol – e deseja implementá-la, a qualquer custo, depois do Mundial de 2026.
O problema é que a União das Associações Europeias do Futebol (UEFA) e a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) – as duas maiores instituições continentais ligadas a FIFA – são totalmente contrárias à ideia. Ambas, inclusive, já se posicionaram publicamente em oposição à proposta e falam até em boicote.
Apesar das reclamações das instituições europeia e sul-americana, a FIFA ainda mantém de pé o projeto de organizar a Copa a cada dois anos. A entidade fez no dia 20 de dezembro uma reunião virtual com todas as 211 associações nacionais de futebol do planeta, na qual apresentou uma nova proposta de calendário para o futebol mundial.
A proposta de calendário ainda visa realizar a Copa do Mundo a cada dois anos e valeria a partir de 2025. O documento indica diminuição de jogos das eliminatórias para o Mundial a no máximo oito datas. Atualmente, na América do Sul, por exemplo, a Conmebol faz a sua disputa com dez seleções se enfrentando em turno e returno ao longo de 18 rodadas. As “datas-FIFA” – período em que os jogadores estariam à disposição das seleções ao invés dos clubes – seriam diminuídas.
Devido às rejeições das confederações sul-americana e europeia, Gianni Infantino, presidente da FIFA, ainda não sabe se levará o assunto em votação no próximo congresso da entidade, que está marcado para 31 de março em Doha, no Catar.
De acordo com a revista inglesa The Economist, 83% das receitas da FIFA vêm da venda de imagens de partidas de torneios organizados pela entidade. Ou seja, aumentar o número de jogos e a periodicidade das competições seria muito interessante para a federação internacional, levando em conta o aspecto financeiro envolvido.
A proposta
Em um cenário sem pandemia, as seleções nacionais possuem janelas em cinco meses do ano para realizar os seus jogos – amistosos ou de competições. Os jogadores são obrigatoriamente liberados de seus clubes por até dez dias em cada uma dessas janelas.
Como é atualmente
Data | Número de jogos | Dias de janela |
março | 2 jogos | 10 dias |
maio/junho | 2 jogos | 10 dias |
setembro | 2 jogos | 10 dias |
outubro | 2 jogos | 10 dias |
novembro | 2 jogos | 10 dias |
No momento são, então, dez jogos disputados durante o ano com cinquenta dias dos atletas liberados por seus clubes para defenderem suas seleções.
Plano apresentado pela FIFA com três possibilidades
O primeiro plano
Data | Número de jogos | Dias de janela |
outubro | 6 jogos | 25 dias |
março | 2 jogos | 10 dias |
maio/junho | 2 jogos | 10 dias |
Nesse plano seriam dez jogos disputados e quarenta e cinco dias de jogadores liberados por seus clubes.
O segundo plano
Data | Número de jogos | Dias de janela |
outubro | 4 jogos | 17 dias |
novembro | 2 jogos | 10 dias |
março | 2 jogos | 10 dias |
maio/junho | 2 jogos | 10 dias |
No segundo plano seriam dez jogos disputados e quarenta e sete dias de jogadores liberados por seus clubes.
O terceiro plano
Data | Número de jogos | Dias de janela |
outubro | 3 jogos | 11 dias |
novembro | 3 jogos | 11 dias |
março | 2 jogos | 10 dias |
maio/junho | 2 jogos | 10 dias |
Nesse plano seriam dez jogos disputados e quarenta e dois dias de jogadores liberados por seus clubes.
Contra-ataque: desfavorável à ideia da FIFA, UEFA prepara retaliação com Liga das Nações
A UEFA pretende travar uma batalha de gigantes contra a FIFA e promete não deixar com que a proposta do novo calendário para a Copa saia do papel. Com uma articulação ousada, o vice-presidente da entidade europeia afirmou, no dia 17 de dezembro, que vai incluir o Brasil e a Argentina na Liga das Nações – torneio criado pela federação europeia em 2018 para substituir datas FIFA em que ocorriam apenas amistosos.
“A competição do ano que vem será a última edição da Liga das Nações no atual formato. Tivemos uma reunião com a Conmebol e a partir de 2024, as seleções desse continente se juntarão a nós na competição”
, declarou Zbigniew Boniek, vice-presidente da UEFA, em entrevista ao site polonês “Meczyki”.
A competição, que, por enquanto, é disputada apenas por seleções do Velho Continente, já teve duas edições – a primeira, em 2019, conquistada por Portugal, e a segunda, em 2021, conquistada pela França. A ideia é contar com Brasil e Argentina para participarem da disputa em 2024 e, assim, “bater de frente” com a Copa do Mundo, já que as melhores seleções do planeta estariam, também, na Liga das Nações.
A briga com a FIFA uniu ainda mais a UEFA e a Conmebol, que chegaram a abrir recentemente um escritório conjunto em Londres, na Inglaterra. No local, estão sendo planejados projetos comerciais e de novos torneios. O primeiro a sair do papel será a Supercopa Intercontinental, que acontece em junho de 2022, também em Londres, em partida única entre Argentina (campeã da Copa América) e Itália (campeã da Eurocopa). A competição pode servir de embrião para a nova Liga das Nações.
Sobre a Copa do Mundo
A maior competição do futebol mundial já foi disputada em 21 ocasiões, entre 1930 e 2018. A primeira Copa foi realizada no Uruguai, e a mais recente, na Rússia. O Brasil é o maior campeão do torneio, com cinco títulos. A Alemanha e a Itália possuem quatro conquistas cada. Argentina, Uruguai e França foram campeões em duas oportunidades, e Inglaterra e Espanha venceram apenas uma vez.
A próxima Copa do Mundo será realizada, pela primeira vez, no Oriente Médio – mais precisamente no Catar, entre novembro e dezembro de 2022. Essa será a última Copa a ter 32 participantes, já que em 2026 o torneio contará com 48 seleções, quando os países da América do Norte – EUA, Canadá e México – sediarão a competição em conjunto.