Na última terça-feira (14), o promotor de Justiça do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Fernando Martins Cesconetto, falou em detalhes sobre o esquema de manipulação de resultados em jogos da Série B do Brasileirão 2022. Um dos investigados é o meia Romário, ex-Vila Nova, clube que foi o denunciante do caso.
Outro jogador investigado pela operação denominada Penalidade Máxima é o lateral Mateusinho, ex-Sampaio Corrêa e atual Cuiabá. De acordo com o jornal O Popular, o zagueiro Joseph, do Tombense, também seria alvo da investigação.
Além dos três, o volante Gabriel Domingos, do Vila Nova, que teria emprestado a conta bancária para Romário receber o adiantamento do esquema, também deverá ser investigado.
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Pênalti não foi marcado em uma das partidas, impedindo êxito da aposta
De acordo com o promotor, o esquema de apostas era relacionado a marcação de pênaltis ainda no primeiro tempo. As três partidas suspeitas de manipulação são: Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina. Todos os jogos foram válidos pela última rodada da Série B do ano passado.
A fraude por apostas na Série B:
Promotor diz que atletas deveriam cometer pênaltis no 1º tempo de Criciúma x Tombense, Sampaio Corrêa x Londrina e Vila Nova x Sport.
Só não saiu pênalti em Vila x Sport. Ou seja, a aposta não bateu. Prejuízo aos apostadores foi de R$ 2 milhões. pic.twitter.com/T90mGatTgX
— Planeta do Futebol 🌎 (@futebol_info) February 14, 2023
Das três partidas suspeitas, apenas em Vila Nova x Sport não houve marcação de pênalti, o que teria impedido o êxito da aposta. De acordo com o promotor, Marcos Vinicius Alves Barreira, apelidado de Romário, ex-Vila Nova, passou a ser cobrado por já ter recebido um sinal no valor de R$ 10 mil. Cada atleta envolvido ganharia, no total, R$ 150 mil no esquema. Estima-se que o prejuízo aos apostadores foi de R$ 2 milhões.
“A manipulação consistia em cometer pênaltis sempre no primeiro tempo dos jogos de forma a garantir um elevado ganho financeiro para os apostadores e também para atletas direta ou indiretamente envolvidos. Acontece que para a aposta dar certo, era necessário que os pênaltis ocorressem nos três jogos. Em dois jogos, os pênaltis aconteceram. No caso do jogo do Vila Nova, que é a vítima e denunciante do caso, o pênalti não aconteceu. Isso gerou prejuízo para os apostadores", disse Cesconetto.
“O ganho para cada jogador envolvido seria de R$ 150 mil. Seriam pagos R$ 10 mil adiantados e R$ 140 mil após o êxito. Como no jogo do Vila Nova não houve o pênalti, mas houve o pagamento do sinal (R$ 10 mil) para o jogador envolvido, o apostador passou a cobrar excessivamente o atleta pelo prejuízo causado, já que nos outros jogos houve o pênalti, e os atores envolvidos esperavam receber cada um R$ 150 mil", continuou o promotor.
Fernando Martins Cesconetto afirma que a investigação ainda será aprofundada, e que os envolvidos, sejam apostadores ou atletas envolvidos, podem responder por associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção em âmbito esportivo.
Dois dos clubes com jogadores envolvidos na fraude, o Vila Nova e o Sampaio Corrêa, emitira uma nota afirmando que apoiam as investigações. Veja as duas, na íntegra, abaixo.
Confira a nota do Vila Nova:
O Vila Nova Futebol Clube informa que auxilia, na condição de denunciante, o Ministério Público do Estado de Goiás, que através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e do Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT), deflagrou a Operação Penalidade Máxima na manhã desta terça-feira (14).
O Vila Nova Futebol Clube aguarda a manifestação do MP/GO com mais informações e ressalta seu papel colaborativo e o compromisso com valores éticos, morais e de lisura que são princípios do clube e do esporte.
Confira a nota do Sampaio Corrêa:
O Sampaio Corrêa apoia as investigações, e espera que tudo seja devidamente esclarecido. O clube ressalta que não compactua com nenhum tipo de atitude que ultrapasse as quatro linhas do campo, e frisa que cada um dos supostos envolvidos responda pelos seus atos e arque com as consequências.
O presidente Sergio Frota destaca que o Sampaio, no lance em questão, foi duplamente prejudicado, pois na sequência o atacante Gabriel Poveda marcou um gol, anulado com o auxílio do VAR para a revisão da jogada. O pênalti então foi marcado para o Londrina.