Deu polícia: atletas de time da Série D reclamam de salários atrasados e presidente os ameaça com arma

Jogadores afirmam que atitudes prejudiciais são constantes; técnico do clube também foi mencionado nas reclamações
Publicado em 15/06/2023 às 18h29

 

Jogadores do Real Noroeste, lanterna do Grupo F da Série D, se envolveram numa confusão com o presidente do clube na última terça-feira (13), que resultou numa visita da Polícia Militar do Espírito Santo (PM-ES) no CT do time capixaba.

 

O que aconteceu?

  • Após fazer cobrança dos salários atrasados, os atletas teriam sido ameaçados pelo presidente do clube, Flaris Rocha.
  • Segundo relato dos atletas às autoridades, Rocha efetuou disparos de arma de fogo para o alto, para amedrontar a equipe.
  • A confusão ocorreu no centro de treinamento do Real Noroeste.
  • Flaris Rocha teria, ainda, tentado atingir um dos jogadores com um soco no rosto.
  • Um dos jogadores acionou a PM, dizendo estar com o salário e direitos de imagem atrasados. O atleta disse que, ao cobrar o dirigente, foi informado que receberia apenas R$ 146.
  • Os atrasos totalizam, aproximadamente, R$ 12 mil, segundo um dos atletas que não quis ser identificado.
  • Jogadores afirmam que as ameaças e atitudes prejudiciais ao elenco são constantes, e incluíram o técnico nas reclamações.
  • O presidente Flaris Rocha negou as acusações, e rebateu com outra direcionada a um jogador específico, afirmando que ele seria usuário de drogas.

 

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Jogadores dizem que ameaças são constantes: “Tratam como bicho"

Aqui no Real Noroeste estamos com o salário atrasado há dois meses. Tem jogador com proposta para jogar em outro clube e ele [Flaris Rocha] não libera. Prende os jogadores e ainda faz sacanagem com os salários, coloca um valor bem abaixo na carteira, sendo que nosso salário é outro", disse um dos jogadores, que também não quis ser identificado, ao portal A Gazeta.

Ainda de acordo com os atletas que denunciaram o ocorrido, as ameaças e atitudes prejudiciais por parte do presidente com o elenco são constantes.

Eles tratam jogador como bicho. Real Noroeste não é lugar de ser humano. O presidente entra no vestiário armado, ameaçando. Ele forja as coisas para incriminar alguém, coloca jogador que não está jogando em quarto isolado. Além disso, se alguém se lesiona, eles não querem pagar e ainda querem que entre em campo machucado“, disse outro atleta.

 

Técnico também foi citado em reclamações

As denúncias não são apenas sobre o presidente: jogadores também incluíram o treinador, Duzinho Reis, nas reclamações.

Aqui o treinador chama jogador de negro, via**, medroso. É muita loucura, o Real Noroeste é lugar para testar a paciência de jogador. O time foi campeão [do Capixaba] porque os jogadores estavam fechados, mas está todo mundo estressado com esses caras que trabalham aqui no Real", afirmou um dos jogadores.

 

Presidente nega acusações e rebate com outras

A Polícia Militar fez uma ronda em busca de Flaris Rocha, mas o presidente não foi encontrado. A reportagem de A Gazeta foi atrás do dirigente para ouvir sua versão, e o presidente negou as acusações. Rocha também disse não saber que havia sido procurado pelas autoridades.

 

Presidente do Real Noroeste (ES), Flaris Rocha. Foto: Reprodução/Real Noroeste.

Presidente do Real Noroeste (ES), Flaris Rocha. Foto: Reprodução/Real Noroeste.

 

“Ontem eu saí do clube por volta de 20h, e não tinha nada disso. Até então, aconteceu essa situação dos jogadores mais cedo, mas esses jogadores já estavam afastados do time. Ninguém me procurou ou me ligou", afirmou.

Na ocasião, Flaris Rocha ainda acusou um dos atletas de ser usuário de drogas. O presidente também desmentiu a informação de que os salários dos jogadores estão atrasados.

“Há poucos dias teve uma situação parecida. É uma turma de mentirosos, o cara que está me denunciando tem histórico de problemas com drogas. O próprio empresário dele, que é do Rio de Janeiro, tá pu** com ele por conta de vários problemas. É tudo conversa fiada. Não existem esses débitos, não tem a necessidade dessas cobranças“, explicou Rocha.

Flaris disse, ainda, que um dos atletas que fez a denúncia teria ameaçado a equipe de contabilidade do Real Noroeste. Um dos funcionários explicou a situação, que teria ocorrido antes da confusão de terça-feira (13).

Chamamos os atletas para assinarem aqui [a rescisão], mas nenhum deles aceitou. Alguns falaram que iriam conversar direto com o Flaris e outros com os advogados. Mas um deles ficou bravo, deu soco na porta da contabilidade e falou que quebraria tudo, que mataria uma porrada de gente aqui dentro“, explicou, em áudio enviado à reportagem.

A ocorrência foi registrada como ameaça, e a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) disse que a investigação do suposto crime depende da manifestação por parte das vítimas, e que deve ser registrado em uma delegacia física, ou na Delegacia Online.

Jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), iniciando a trajetória no jornalismo esportivo no Sambafoot. Já atuei em diversas editorias, mas minha...