Quando o árbitro uruguaio Andrés Matonte encerrou o empate em 1 a 1 entre Palmeiras e Boca Juniors, pela Libertadores, Endrick caiu no choro de imediato e, além da tristeza pela eliminação, convivia com as desconfianças sobre o seu potencial, ainda que não fosse alvo de críticas da torcida. Dois meses depois, o atacante assumiu o papel de protagonista do elenco de Abel Ferreira. E a queda diante dos argentinos foi o ponto de partida rumo ao novo status.
O jovem era reserva até a semifinal da Libertadores, tanto que havia sido titular somente sete vezes entre julho e o início de outubro. No jogo seguinte à eliminação, contra o Santos, Abel escalou a equipe com o garoto, que atuou como um ponta aberto pelo lado direito. A derrota por 2 a 1 para o Peixe levava o time ao quinto jogo de uma sequência de seis sem vitórias, mas o camisa 9 agradou e não saiu mais do time.
O Verdão também viria a ser superado pelo Atlético-MG, ainda com Endrick na ponta. Diante da eliminação e dos maus resultados, Abel e sua comissão técnica promoveram a mudança tática que elevou o nível do atacante de 17 anos: o time saiu do 4-3-3 para o 3-5-2.
Depois de passar boa parte da curta carreira na referência do setor ofensivo, o jovem começou a atuar como um segundo atacante pela direita na reta final do Brasileirão. Com isso, ele conseguiu usar uma das suas principais características: a arrancada – e também ganhou mais liberdade para se aproximar dos homens de meio-campo.
Desde a eliminação na Libertadores, o camisa foi titular em 12 dos 13 jogos do Palmeiras e só não teve 100% porque cumpriu suspensão. E nos últimos oito jogos, fez seis gols (dois contra o Botafogo, um contra o Athletico, um diante do Internacional, um diante do América-MG e um frente ao Cruzeiro).
Nas entrevistas depois do título, Endrick rejeitou o rótulo de principal nome do elenco que protagonizou a maior virada da era dos pontos corridos. A 11 rodadas do fim, o Palmeiras estava 14 pontos atrás do Botafogo.
“Não é protagonismo, não. Meus amigos falavam que eu poderia ser craque do campeonato e, no final, ganhar prêmios individuais, mas para mim não importa. Para mim, não existe protagonismo. Se estivesse só eu dentro de campo, não ganharia nunca. O protagonismo é do time todo. Tenho que agradecer por estar num time assim. Claro que, em um jogo ou outro, alguém vai aparecer mais, mas não existe protagonismo”, disse nesta quarta-feira (6), à TV Globo.
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Do “dá a bola em mim” à disputa pelo craque do Brasileirão
A virada por 4 a 3 contra o Botafogo será o momento mais lembrado do Campeonato Brasileiro de 2023 e ficou marcado como o “jogo de Endrick”. Além de anotar os primeiros tentos do Verdão na partida, o garoto participou da jogada do terceiro gol. E um lema foi primordial para a remontada: “Dá a bola em mim”.
A frase foi dita pelo jogador assim que fez o primeiro gol. Desde então, o atacante se consolidou como protagonista do Verdão, estreou na seleção brasileira e entrou na briga pelo craque da competição, que tem Paulinho e Luis Suárez como favoritos. Artilheiro do Palmeiras na competição, com 11 gols em 31 jogos, ele ainda passou Neymar e se isolou como jogador com menos de 18 anos que mais marcou em uma edição da era dos pontos corridos – em 2009, o ex-Santos fez dez tentos em 33 atuações.
Além de performances inspiradas, o camisa 9 trouxe retorno financeiro ao Palmeiras. Os gols marcados diante do Botafogo ativaram o gatilho no acordo de venda para o Real Madrid. A cada cinco tentos do jovem até julho do próximo ano, quando vai completar 18 anos e se juntar ao elenco merengue, o clube alviverde fatura cerca de R$ 13 milhões.
As bonificações de todo o contrato podem garantir mais de 25 milhões de euros ao Verdão. A primeira meta foi atingida por Endrick em junho, data em que chegou a cinco gols no ano. O negócio com o time espanhol foi fechado em 35 milhões de euros (R$ 194,9 milhões), e o valor final pode alcançar 72 milhões de euros (cerca de R$ 400 milhões), entre bônus, impostos e comissões.
Trajetória multicampeã na equipe principal e vice-artilheiro em 2023
Autor de 14 gols no ano, Endrick ganhou o seu segundo Campeonato Brasileiro e acumula quatro títulos na equipe principal. Além do torneio nacional de 2022, ele conquistou a Supercopa do Brasil, em janeiro, e o Campeonato Paulista, em abril. No empate por 1 a 1 com o Cruzeiro, o atacante se igualou a Rony como vice-artilheiro do Palmeiras na temporada. O camisa 10 precisou de 59 jogos para atingir a marca, enquanto o jovem somou 53 exibições.
A relação entre Endrick e Palmeiras terminará daqui oito meses e resta à torcida desfrutar de cada momento do garoto em ação. A curta trajetória no futebol brasileiro deixa o “gostinho de quero mais”, mas os palmeirenses lembrarão do camisa 9 como “o cara do 12° título brasileiro”.