Cuca tem sentença em caso de estupro anulada pela Justiça suíça

Alexi Stival e outros três jogadores foram condenados por crime cometido com uma menina de 13 anos em 1987
Publicado em 03/01/2024 às 18h42

Alexi Stival, o ex-jogador e atual técnico Cuca, teve a sentença do caso de estupro anulada pelo Tribunal Regional de Berna-Mittelland, na Suíça. O treinador foi condenado por ter feito sexo com uma menina de 13 anos no hotel durante uma do Grêmio, time no qual jogava, ao país europeu em 1987.

No último dia 22 de novembro, a defesa de Cuca entrou com uma argumentação afirmando que o técnico foi condenado sem representação legal, solicitando um novo julgamento. A juíza Bettina Bochsler acatou a argumentação, mas o Ministério Público suíço alegou que não seria possível, já que o crime estava prescrito.

A magistrada sugeriu, então, a anulação da pena do ex-jogador e a extinção do processo movido contra Cuca no país europeu. A decisão foi publicada nesta quarta-feira (3).

Você precisa saber

  • A anulação da sentença não inocenta Alexi Stival no mérito.
  • A defesa do treinador afirma ter dados suficientes que provam que Cuca não cometeu o crime com a menor.
  • De acordo com a decisão da juíza, Cuca deverá receber uma indenização pelo caso.

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No ano passado, Alexi Stival esteve a frente do comando técnico do Corinthians por dois jogos. O anúncio da contratação do treinador gerou revolta na torcida do Timão, que protestou contra a permanência de Cuca no cargo. Com a pressão, o técnico pediu demissão do clube.

O caso foi concluído no dia 28 de dezembro de 2023. A juíza determinou, ainda, o pagamento de 13 mil francos suíços (cerca de R$ 75 mil) em indenização estatal ao treinador pelo caso. O valor caiu para 9.500 francos (R$ 55,2 mil) após os descontos de custos processuais do caso, julgado em 15 de agosto de 1989, serem aplicados.

Cuca foi inocentado?

Não. A decisão da juíza não entra no mérito da acusação, que pela lei da Suíça nos dias atuais, seria equivalente à de estupro. A anulação foi determinada por conta da ausência de representação legal no caso. Portanto, o julgamento foi considerado irregular.

O Grêmio havia indicado um advogado para defender Cuca e outros dois dos três atletas na época, Peter Stauffer. No entanto, um ano antes do julgamento, o advogado renunciou à defesa dos brasileiros.

Por conta disso, Cuca, Henrique Etges e Eduardo Hamester foram julgados e sentenciados sem representação no processo que foi instruído exclusivamente pelo promotor da acusação.

Em abril do ano passado, o então vice-presidente jurídico do Grêmio, Luiz Carlos Silveira Martins, Cacalo, disse ter pago fiança e libertado os jogadores antes do início do processo, além de ter defendido os três jogadores. Contudo, seu nome não consta como participante do tribunal, e se estava presente, conforme disse à defesa na analise do processo, era como membro da plateia.

Fernando Castoldi, o outro jogador que estava presente, pegou uma pena menor após ter sido considerado cúmplice. Nenhum dos quatro jogadores cumpriram pena, já que não voltaram à Suíça no período em que as condenações eram válidas e também por não existir tratado de extradição entre o Brasil e o país europeu.

A decisão atual, publicada nesta quarta-feira (3), só beneficia Alexi Stival, o Cuca. O técnico foi representado pela advogada Bia Saguas, em conjunto com o escritório de Pedro da Silva Neves, em Genebra.

A advogada foi contratada após o treinador pedir demissão do Corinthians. Saguas tentou conseguir acessar, na íntegra, o processo que estava arquivado sob sigilo de 105 anos, por conta de questões pessoais envolvidas.

A Justiça da Suíça concedeu o acesso por um mês, e a defesa entrou com o pedido de reabertura.

Relembre o caso

Quando jogava pelo Grêmio, em 1987, Cuca e outros três jogadores (Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges) foram acusados de estuprar uma garota de 13 anos em Berna, na Suíça. O time foi disputar um torneio chamado Copa Phillips.

No dia 30 de julho de 1987, a menina, que era filha de um funcionário do hotel, e mais dois amigos foram ao quarto dos atletas no Hotel Metropole de Berna para conseguir autógrafos, camisas e flâmulas, conforme a mesma afirmou.

Inicialmente, o Grêmio afirmou que a menina esteve lá apenas para conseguir os itens. Contudo, Henrique e Eduardo confessaram ter praticado sexo de forma consensual. Fernando e Cuca negaram ter participação desde o início. Na época, os quatro atletas chegaram a ficar cerca de um mês presos.

Condenação

Em 1989, dois anos após o ocorrido, os quatro foram condenados por “fornicação com crianças” e “coerção”. Cuca, Henrique e Eduardo foram condenados a 15 meses de prisão e uma multa de US$ 8 mil, mas não chegou a cumprir a pena no país europeu.

Fernando foi condenado a três meses e multa de US$ 4 mil, como cúmplice, por ter ficado na porta do quarto monitorando.

Cuca durante coletiva enquanto era técnico do Corinthians, em 2023. Foto: Rodrigo Coca/Corinthians

E a vítima?

Após a reabertura do processo, a Justiça da Suíça descobriu que a vítima morreu cerca de 15 anos após os fatos. Foi localizado um herdeiro, mas ele não teve interesse em se envolver no caso.

Jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), iniciando a trajetória no jornalismo esportivo no Sambafoot. Já atuei em diversas editorias, mas minha...