Na tarde desta sexta-feira (21), o Corinthians apresentou Cuca como novo treinador para o restante da temporada. O experiente comandante substitui Fernando Lázaro, demitido um dia depois da derrota para o Argentinos Juniors, na Copa Libertadores, e que continua na comissão técnica permanente do clube. Um dos assuntos da entrevista coletiva foi a condenação de estupro que Cuca teve na Suíça, em 1987.
O treinador abriu a coletiva respondendo sobre o assunto. Veja o que ele disse: “É um tema delicado, um tema pessoal meu, mas eu faço questão de falar sobre ele e tentar ser o mais aberto possível quanto a isso dentro do que me cabe. Ocorreu a 37 anos atrás, em 87, eu era emprestado do Juventude ao Grêmio, devia estar no clube há 15 dias. Tenho vaga lembrando do que aconteceu. Tinha 23 anos na época, nós iríamos jogar uma partida e pouco antes subiu uma menina para o quarto que eu estava com outros jogadores. Essa foi minha participação nesse caso, sou totalmente inocente, não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro, houve um ato sexual a um vulnerável, isso foi a pena que foi dada. A gente vê um monte de coisas falando inverdades, chegam a ofender”.
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Cuca também explicou o porquê de não ter se defendido da condenação na época: “O meu erro foi não ter me defendido. Primeiro, eu não tinha dinheiro para me defender, segundo que eu nem soube que tinha sido julgado. Ficamos lá para averiguação. Por três vezes ela esteve lá na frente, e não é que não me reconheceu é que eu não estava. A vítima é a moça: ‘O rapaz não está’. Se a vítima fala que não está, e eu juro por Nossa Senhora que é o que eu mais adoro e amo na vida que não estava, como que eu posso ser condenado pela internet que no mesmo momento que te julga, te pune?”.
“Eu sei que o mundo mudou, que estamos vivendo um mundo melhor, que a mulher tem uma autodefesa muito maior e tem que ser cada vez maior e eu quero fazer parte disso. Eu sou pai, eu sou avô, sou marido, sou filho. Quero que elas estejam cada vez mais protegidas, quero poder ajudar. Por isso estou aqui em um clube que tem mais torcedoras, 53% da torcida é feminina, um time que tem a causa, até escrevi o nome da causa, ‘Respeita as Minas’”, completou Cuca.
Cuca fala sobre protestos no CT Joaquim Grava
Durante a apresentação de Cuca, um grupo de cerca de 200 mulheres protestaram do lado de fora do CT Joaquim Grava, contra a contratação do treinador. Veja o que ele disse a respeito: “Eu venho e tem o protesto, claro que é cabível o protesto dentro de tudo que é lido e passado, mas é isso. Hoje tem repórteres que já discuti com eles. ‘Cuca você deve uma desculpa para a sociedade’, por que eu devo uma desculpa? Se eu não fiz nada, por quê? Dois anos e meio depois eu fui jogar ali do lado, na Espanha. Nunca teve consequência nenhuma. A vida passou 37 anos, nos últimos dois ou três ela mudou de uma forma melhor, essa causa que está existindo eu quero abraçar também até por proteção da minha família, das minhas meninas. Tudo isso machuca muito. Do fundo do meu coração, pode ter protesto, pode ter o que for, não é maior que minha vontade de estar aqui”.
