Clube-empresa – Cruzeiro é o primeiro clube a se tornar Sociedade Anônima do Futebol no Brasil

Modelo de negócio já é tradicional no continente europeu
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Publicado em 15/12/2021 às 15h07

No dia 6 de agosto desse ano o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou o Projeto de Lei 5516/2019 que cria a Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A medida permite que os clubes de futebol do Brasil se tornem clubes-empresas, modelo de negócio conhecido no exterior, especialmente na Europa.

Após a medida, os clubes brasileiros poderão, então, transferir à nova entidade todos seus ativos como nome, marca, direitos de participação em competições profissionais e manter os contratos de trabalho de jogadores e uso de imagem. Isso tudo podendo receber recursos de pessoas físicas, jurídicas e fundos de investimento, que poderão comprar porcentagens dos clubes que aderirem à nova possibilidade de negócio.

O Cruzeiro, que vive a maior crise financeira e institucional desde a sua fundação, e caminha para a disputar a segunda divisão do Campeonato Brasileiro pelo terceiro ano seguido, viu na SAF uma oportunidade de resolver os seus problemas. Esse foi o primeiro clube de grande porte do país a avançar no projeto de mudar o seu formato jurídico e se transformar em Sociedade Anônima do Futebol.

Os conselheiros do clube mineiro já haviam aprovado em votação a mudança em agosto, e em 29 de novembro o presidente do clube, Sergio Santos Rodrigues, anunciou oficialmente a criação da SAF e na sequência enviou para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) o aviso para transferir suas vagas nas competições para a empresa, incluindo o posto na Série B. Agora a agremiação prepara a venda de 49% do clube para investidores – atualmente só é permitida a negociação desse percentual. O Cruzeiro tornou-se, assim, o primeiro clube do Brasil a se tornar oficialmente um clube-empresa.

 

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A dívida do clube já ultrapassou a barreira do R$1 bilhão – hoje é de R$1,1 bilhãode acordo com o clube – e terá que ser paga mesmo após a venda de porcentagem do clube. De acordo com Paulo Assis, CEO do clube, em entrevista recente para o portal UOL, “o pagamento das obrigações anteriores à constituição do Cruzeiro-SAF é de responsabilidade do Cruzeiro-Associação e serão pagas pelo concurso de credores por intermédio do regime centralizado de execuções e através da destinação de 20% das receitas correntes mensais auferidas pela SAF”.
A XP Investimentos, maior corretora de investimentos no mercado financeiro do país, surge como um dos interessados em adquirir parte do clube. Apesar do endividamento atual, espera-se que os possíveis investidores possam ajudar o clube a montar uma equipe competitiva e que traga o clube de volta à Série A do Brasileirão após três temporadas na B.

Clubes-empresa na Europa

Segundo dados da Ernst & Young – empresa multinacional britânica de serviços profissionais – divulgados outubro, 96% das 202 equipes da primeira e segunda divisão das principais ligas europeias já são entidades privadas.

Na França, Inglaterra e Itália todos os clubes das duas primeiras divisões desses países já são empresas. Já na Espanha e na Alemanha a porcentagem é de 90% e 86% de clubes operados nesse modelo, respectivamente.

No entanto, existem grandes clubes do Velho Continente que permanecem no modelo associativo, já que conseguem se manter sustentáveis financeiramente e rentáveis mesmo não se tornando clube-empresa. Esse é o caso do Real Madrid e do Barcelona, as duas maiores potências do futebol espanhol.

Dentre todos esses países, os clubes da Alemanha são os únicos que são impedidos de ceder a maior parte de seus controles para terceiros.

Outros clubes brasileiros que podem virar SAF

Outros clubes brasileiros já demonstraram interesse de se tornarem Sociedade Anônima do Futebol nos próximos anos. Esse também foi o caso do América-MG, Athletico-PR e Botafogo.

O América-MG já alinha um contrato com um bilionário norte-americano, do Kapital Football Group, e pretende regularizar toda a situação no início da próxima temporada.

O Athletico-PR realizou uma votação entre os sócios do clube em novembro para definir se iniciaria ou não o processo migratório para clube-empresa, e a sinalização foi positiva.

Já o Botafogo também teve uma sondagem da XP Investimentos, também cotada para comprar uma porcentagem do Cruzeiro, e pode caminhar para o mesmo caminho do cube mineiro. O Fogão também está dentro de uma grave crise financeira e a mudança no clube pode ser uma aposta de seus atuais dirigentes para resolver a situação.

Você gostaria de ver o seu clube se tornar clube-empresa? Essa mudança é a esperança de clubes brasileiros de alcançar novamente voos mais altos, mas muita coisa ainda pode acontecer, já que outros grandes clubes ainda não se sentiram confiantes em levar o assunto adiante.

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