Capitão do Vasco acusa torcedor de racismo durante Copinha 2024

Lucas Eduardo também foi atingido por uma garrafa
2024-01-14 17:59:04

O zagueiro – e capitão – do Vasco da Gama na Copinha 2024, Lucas Eduardo, publicou uma carta neste domingo (13) e afirmou que foi vítima de racismo após a eliminação do cruzmaltino do torneio sub-20.

Eliminação do Vasco da Gama

  • Vasco caiu na Copinha 2024 após ser goleado pelo Vitória por 4 a 1.
  • Lucas Eduardo foi atingido por uma garrafa enquanto dava uma entrevista ao SporTV.
  • Zagueiro disse que foi chamado de “macaco”.

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Acusação de crime

O zagueiro Lucas Eduardo afirmou – em carta – neste domingo que sofreu um ataque racista após a eliminação do Vasco na Copinha 2024.

O capitão cruzmaltino já tinha sido atingido por uma garrafa durante uma entrevista ao ‘SporTV’ depois da queda no torneio sub-20.

Lucas Eduardo, zagueiro do Vasco, atingido por garrafa na Copinha 2024

Reprodução/SporTV

No documento, Lucas diz que ouviu gritos de “macaco” vindos da arquibancada enquanto conversava com a reportagem do canal que transmitia o evento ao vivo.

– Ao final da partida, alguns “torcedores” atiraram uma garrafa em mim enquanto dava uma entrevista para explicar nosso infeliz resultado. Ao mesmo tempo em que eu falava, ouvi também gritos como: “macaco”.

– Neste dia, foram gritos racistas e uma garrafa atirada em mim. Se isso já me assustou, eu fico a pensar: qual será a tragédia que irá acontecer amanhã para isso acabar?

Leia a carta de Lucas Eduardo na íntegra:

“Por Lucas Eduardo,

O dia 13 de janeiro de 2024 tinha tudo para ser perfeito em minha mente: comemorava meu aniversário de 20 anos, estava em campo em jogo transmitido ao Brasil e ao mundo e com a braçadeira de capitão do Vasco da Gama. O cenário para uma vitória, que consagraria nossa classificação, era perfeito.

Como eu disse: tinha tudo para ser perfeito. Porém, a gente aprende a duras penas que a vida não é feita de caminhos perfeitos.

Neste 13 de janeiro de 2024, tive a derrota mais dolorosa da minha carreira em todos os cenários possíveis.

Por isso, quero começar esse texto me desculpando com os torcedores do Vasco. Sei o quanto essas derrotas afetam vocês e o quanto dói. Sou um jovem jogador em busca do meu sonho, jogando em um clube Gigante do nosso futebol e sei o quão honrado sou por estar aqui. Por isso, ser eliminado da maneira como fomos pelo Vitória, na Copa na São Paulo, me machuca muito.

Só que, infelizmente, não vim aqui apenas para mostrar minhas dores pelo que aconteceu no gramado.
Cada vez mais, esquecemos que futebol é alegria, é família e é a oportunidade de vivermos intensamente uma paixão por um time do coração. Para mim, como atleta, é o sonho e a mais real oportunidade de mudar a história e a trajetória da minha família.

Porém, esses valores, a cada dia, se perdem diante do cenário desumano e da falta de respeito.

Neste mesmo dia 13 de janeiro de 2024, no dia em que completei 20 anos e que tinha tudo para ser perfeito, eu senti vergonha, medo e decepção em estar presente neste cenário dos meus sonhos, que é o estádio de futebol.

Ao final da partida, alguns “torcedores” atiraram uma garrafa em mim enquanto dava uma entrevista para explicar nosso infeliz resultado. Ao mesmo tempo em que eu falava, ouvi também gritos como: “macaco”.

No dia que tinha tudo para ser perfeito, o respeito e a alegria perderam para a violência e o ódio. E desta vez aconteceu comigo.

Neste dia, foram gritos racistas e uma garrafa atirada em mim. Se isso já me assustou, eu fico a pensar: qual será a tragédia que irá acontecer amanhã para isso acabar?

Isso é inaceitável. O futebol não pode mais ser usado de desculpa para esses criminosos sentirem liberdade para cometerem suas intolerâncias. Até quando?

Por fim, faço questão de dizer: o Vasco é Gigante, com uma história linda de pioneirismo na luta pelo respeito. Para se dizer torcedor deste clube, é preciso entender esse valor. Acima de tudo, respeito a todos, independente de raça, opção e/ou religião.

O dia não foi perfeito. A cicatriz deste dia estará guardada em todos os dias da minha vida. E o sentimento que levarei a partir de hoje é: o sonho não acabou, a dor do presente será a conquista do amanhã.

Obrigado,
Lucas Eduardo
13 de janeiro de 2024
Guarulhos, SP, Brasil”