Auditor do TJD-PR é acusado de xenofobia contra técnico do Coritiba, António Oliveira; entenda

Crime teria sido cometido durante julgamento da briga que envolveu jogadores e dirigentes do Athletico Paranaense e do Coritiba, no clássico do dia 5 de fevereiro
2023-03-02 20:43:23

 

A Cáritas Brasileira Regional Paraná, organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), fez uma denúncia ao Ministério Público Estadual (MP-PR) de um suposto caso de xenofobia ocorrido durante o julgamento da briga entre jogadores do Athletico Paranaense e Coritiba.

O acusado é o auditor Rubens Dobranski, que teria cometido o crime contra o técnico do Coritiba, o português António Oliveira.

 

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Entenda o caso

Após decidir diante do treinador do Coxa, Dobranski afirmou que “os técnicos portugueses, que estão trabalhando atualmente no Brasil, parece que estão querendo marcar território”. Na oportunidade, o auditor ainda citou o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, que também é português.

António Oliveira foi expulso no clássico, recebeu a denúncia, mas foi absolvido na última quinta-feira (1º) pela terceira comissão do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR). O técnico não gostou da fala, e pontuou que “não olha as culturas, as raças e as nacionalidades”.

Em resposta ao portal ge, Rubens Dobranski disse apenas que “não houve a intenção de ofender nenhuma nacionalidade”, sem querer se prolongar no assunto.

 

Xenofobia é crime; MP irá analisar denúncia

A denúncia, pela Cáritas Brasileiras, foi feita na manhã desta quinta-feira (2), pouco após o final da sessão do TJD-PR, que decidiu punir jogadores dos dois clubes com suspensões de jogos, além de estipular uma multa ao Athletico Paranaense, mandante da partida. O MP-PR deverá analisar a necessidade de abrir uma investigação para o caso.

Xenofobia é crime, previsto na Lei nº 9.459 de 1997, que diz: “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

No ano passado, a xenofobia passou a ser considerada como crime de racismo, em decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Quem comete tal crime é passível a reclusão de um a três anos, além de multa.

“Essa fala foi realmente muito complicada, muito difícil. Uma fala xenofóbica que nós, no futebol, temos que combater ainda mais. O futebol é uma diversidade imensa de pessoas, de outros países que defendem outras bandeiras”, disse Márcia Ponce, secretária-executiva da Cáritas Brasileira Regional Paraná.

 

Confira abaixo o diálogo entre Rubens Dobranski e António Oliveira, durante o julgamento:

 

Rubens Dobranski: Já tive a oportunidade de assistir jogos em Portugal, no estádio da Luz. Fui ver jogos do Benfica lá em Portugal algumas vezes e estou preocupado porque os técnicos portugueses, que estão trabalhando atualmente no Brasil, parece que estão querendo marcar território. É o caso do técnico do Palmeiras, que chuta ‘balde d’água’, chuta microfone, sempre é advertido com cartão amarelo. E se não me engano, o senhor aqui quando chegou ao Coritiba, não sei se foi na quarta ou quinta rodada, já cumpriu suspensão por três cartões amarelos. Confere? Confere isso? O senhor foi suspenso por três cartões amarelos?

António Oliveira: Sim, senhor.

Rubens Dobranski: Não sei se foi na quarta ou quinta rodada, o senhor já cumpriu essa pena, correto?

António Oliveira: Correto.

Rubens Dobranski: Então, o senhor veja, um técnico de futebol, na quarta ou quinta rodada, já cumpre uma suspensão de uma partida por três cartões amarelos. O senhor não acha que está sendo, assim, muito reclamão com os árbitros aqui do país?

António Oliveira: Podemos expor o contrário. Eu, na vida, não olho as culturas, as raças as nacionalidades.

Rubens Dobranski: Nós também não. Só estou vendo que tem vários casos.

António Oliveira: O doutor acabou de dizer que os portugueses estão a tentar marcar território.

Rubens Dobranski: Porque está sendo comum isso acontecer.

António Oliveira: Mas isso é uma opinião do doutor. Não é a minha, respeito muito. Cada um é como cada qual. Não olho nacionalidade, não olho religiões, não olho cores. Para mim as pessoas, cada uma tem sua índole, sua educação e sua formação. Eu tenho a minha, a minha forma de viver o jogo.