Documentos que constam na investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), pela Operação Penalidade Máxima II, apontam que o atacante Alef Manga, do Coritiba, teria recebido sete transferências de um apostador envolvido no esquema de manipulação de resultados no futebol. A quantia total foi de R$ 45 mil.
O que se sabe
- O Globo Esporte Paraná teve acesso ao conteúdo que consta no processo, e os extratos mostram movimentos bancários da empresa BC Sport Management, de Bruno Lopez, e de sua esposa, Camila Silva da Motta.
- Lopez é um dos chefes da organização que aliciava jogadores para forçarem lances durante os jogos. O casal é réu no processo.
- Os comprovantes mostram que Alef Manga recebeu sete pagamentos em Pix, que totalizam R$ 45 mil.
- O pagamento seria referente a um cartão amarelo que o atacante recebeu na partida contra o América-MG, na 25ª rodada do Brasileirão 2022.
- Manga havia sido citado em conversas com apostadores envolvidos. O jogador prestou depoimento ao MP-GO no último dia 26 de maio, mas preferiu ficar em silêncio. Em seguida, foi reintegrado ao Coritiba e até entrou em campo diante do Palmeiras.
- Diego Porfírio, ex-Coxa, disse em depoimento que indicou Alef Manga no esquema para ser penalizado com o cartão amarelo (confira detalhes abaixo).
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Alef Manga recebeu de Camila Silva da Motta quatro transferências:
2 de setembro de 2022 (véspera do jogo contra o América-MG): R$ 5 mil
12 de setembro de 2022: R$ 5 mil
13 de setembro de 2022: R$ 40
16 de setembro de 2022: R$ 15 mil
Extrato bancário mostra transferências para Alef Manga. Foto: Reprodução/MP-GO
O atacante recebeu, ainda, mais três transferências da empresa BC Sport Management:
13 de setembro de 2022: R$ 4.960
14 de setembro de 2022: R$ 10 mil
19 de setembro de 2022: R$ 5 mil
Extrato bancário mostra transferências para Alef Manga. Foto: Reprodução/MP-GO
Defensor ex-Coritiba diz ter indicado Manga ao esquema
O lateral-esquerdo Diego Porfírio, ex-Coritiba, confessou ter envolvimento no esquema quando ainda era do Coxa, e fez um acordo com o Ministério Público de Goiás para colaborar nas investigações do caso.
Em depoimento, no dia 19 de maio, o atleta afirmou ter aceitado R$ 50 mil para receber um cartão amarelo no jogo diante do América-MG, pela 25ª rodada do Brasileirão 2022. De acordo com Porfírio, o contato com os apostadores era feito por Victor Yamasaki Fernandes, ex-jogador que era responsável por aliciar atletas para o esquema.
O lateral revelou, ainda, ter indicado Alef Manga para participar do esquema. Porfírio disse que o atacante teria aceitado levar um cartão na mesma partida. Os dois receberam amarelo no duelo.
“No jogo antes do América-MG, contra o Avaí, o Vitor Yamasaki me mandou uma mensagem para fazer a questão do cartão. Eu disse que não ia fazer naquele momento. No jogo do América-MG, ele me retornou a mandar mensagem. Eu disse concordaria. Ele falou que ia me dar R$ 50 mil se tomasse um cartão amarelo naquele jogo. Eu concordei”, disse, em depoimento.
“Ele perguntou se eu conhecia alguém que faria, eu falei que achava que, talvez, o Alef Manga faria. Eu cheguei nele e falei: ‘Alef, você faz o cartão?’. Ele disse que faz. Falei com ele e fui para o quarto. Mandei uma mensagem que o Vitor queria o contato dele. Ele falou que poderia passar, que ele ia negociar. Eu tenho até o print da conversa. Eu não insisti nada com ele, só comentei, ele disse que fazia. E eu passei o contato”, continuou o lateral.
Defesas de algumas das partes se pronunciam
A respeito dos documentos acessados, o CEO do Coritiba, Carlos Amoedo, disse que o jurídico do Alviverde está tentando ter acesso ao inquérito para checar os comprovantes. A partir disso, o clube deverá avaliar quais medidas serão adotadas em relação ao contrato do atacante.
A defesa de Alef Manga emitiu uma nota: “Lamentamos o vazamento seletivo de informações de documentos sigilosos, que ainda não foram cientificados a defesa do atleta Alef Manga. Neste sentido, externamos nossa plena confiança no atleta e na Justiça, no que diz respeito aos esclarecimentos dos fatos nas respectivas esferas. Pelo exposto, aguardaremos, com parcimônia”
Os representantes da defesa de Diego Porfírio disseram que o lateral “está colaborando com o Ministério Público, fazendo, inclusive, um acordo com o MP-GO para ser testemunha na nova fase da Operação Penalidade Máxima”, além de ter reforçado que o jogador já prestou depoimento e todos os esclarecimentos.
O MP-GO não respondeu os questionamentos feitos pelo portal ge, assim como a defesa de Bruno Lopez e Camila Silva da Motta. Já a defesa de Victor Yamasaki não foi encontrada.
