O advogado suíço Willi Egloff, representante da vítima de estupro por ex-jogadores do Grêmio, em 1987, afirmou que a menina, na época com 13 anos, reconheceu o técnico Cuca como um dos agressores. A jovem foi atacada em um hotel em Berna, na Suíça, onde os atletas do Tricolor Gaúcho estavam concentrados.
Durante sua apresentação no Corinthians, na última sexta-feira (21), Cuca falou mais uma vez sobre o ocorrido, e declarou que, na época, a jovem não o reconheceu. Em entrevista ao UOL, Egloff garantiu que “a declaração de Alexi Stival [Cuca] é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor", destacou.
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Advogado afirma que vítima tentou suicídio após o ocorrido
Na ocasião, o advogado confirmou, ainda, a informação divulgada pelo jornal “Der Bund", de Berna. O veículo divulgou que o sêmen de Cuca foi encontrado na garota após um exame realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna. O sêmen do ex-atacante teria sido, ainda, utilizado como prova material no caso.
Egloff também confirmou que a vítima dos jogadores tentou cometer suicídio após o crime. O advogado teria sido procurado pelo pai da menina para acompanhá-la durante o processo, concluído em 1989 com a condenação de Cuca e dos outros três jogadores (o goleiro Eduardo Hamester, o zagueiro Henrique e o atacante Fernando Castoldi).
O caso está em segredo de Justiça, para proteger a privacidade da vítima.
Confira abaixo a entrevista completa do advogado para o portal UOL:
UOL: Alexi Stival (apelidado de Cuca) negou qualquer envolvimento no crime, dizendo que estava apenas no quarto quando a garota foi cercada pelos outros jogadores. Para provar a alegação, Cuca afirmou que a vítima negou que ele (Cuca) tivesse participado do crime. Segundo ele, em três declarações, a vítima disse que Cuca não a atacou. “Por três vezes ela esteve lá na frente, e não é que não me reconheceu, é que eu não estava. A vítima é a moça [e disse]: ‘O rapaz não está [presente no crime]'", Cuca.
Você pode confirmar essa declaração de Cuca?
Egloff: A declaração de Alexi Stival (Cuca) é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor.
UOL: O jornal Der Bund menciona que o sêmen de Cuca foi encontrado na vítima. Você confirma que esta foi uma das provas usadas no processo? Você se lembra de como este exame foi feito? Em 1987, a análise forense de DNA ainda estava em seus primeiros anos.
Egloff: É correto que o sêmen de Alexi Stival foi encontrado no corpo da garota. O exame foi realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna.
UOL: O mesmo artigo menciona que a vítima tentou cometer suicídio depois do crime. Isso realmente aconteceu? Não gostaríamos de invadir a privacidade da vítima, mas essa informação ajudaria o público a entender a extensão do trauma pelo qual ela passou.
Egloff: Esta informação está correta. No entanto, eu não me lembro com certeza se isso aconteceu imediatamente após o evento ou mais tarde.
UOL: Nós temos tentado obter acesso ao processo completo na Justiça suíça, mas sabemos que ele está atualmente em segredo. Esses documentos seriam importantes para verificar a veracidade das alegações de Cuca. Existe alguma maneira de acessar esse processo?
Egloff: Como o caso foi realizado sob proteção de privacidade, é difícil ter acesso ao arquivo.
UOL: Você se lembra exatamente por quais crimes os réus foram condenados? Você pode mencionar o artigo do Código Penal Suíço que eles violaram?
Egloff: Alexi Stival foi condenado por violar o art. 181 (coerção) e o art. 191 (fornicação com crianças) do Código Penal Suíço. Desde então, o Código Penal Suíço foi revisado várias vezes. O antigo art. 191 corresponde ao art. 187 (atos sexuais com crianças) do atual Código Penal Suíço.
UOL: Como você ficou sabendo do crime? Como conheceu [a vítima] e seus pais e qual foi o seu papel no processo?
Egloff: Fui contratado pelo pai [da vítima]. Como advogado da vítima, tive acesso completo ao processo.