Advogado suíço da vítima afirma que menina de 13 anos reconheceu, sim, Cuca como estuprador

Técnico declarou, durante apresentação ao Corinthians, que não foi reconhecido como um dos agressores pela jovem na época
Publicado em 25/04/2023 às 19h10

 

O advogado suíço Willi Egloff, representante da vítima de estupro por ex-jogadores do Grêmio, em 1987, afirmou que a menina, na época com 13 anos, reconheceu o técnico Cuca como um dos agressores. A jovem foi atacada em um hotel em Berna, na Suíça, onde os atletas do Tricolor Gaúcho estavam concentrados.

Durante sua apresentação no Corinthians, na última sexta-feira (21), Cuca falou mais uma vez sobre o ocorrido, e declarou que, na época, a jovem não o reconheceu. Em entrevista ao UOL, Egloff garantiu que “a declaração de Alexi Stival [Cuca] é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor", destacou.

 

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Advogado afirma que vítima tentou suicídio após o ocorrido

Na ocasião, o advogado confirmou, ainda, a informação divulgada pelo jornal “Der Bund", de Berna. O veículo divulgou que o sêmen de Cuca foi encontrado na garota após um exame realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna. O sêmen do ex-atacante teria sido, ainda, utilizado como prova material no caso.

Egloff também confirmou que a vítima dos jogadores tentou cometer suicídio após o crime. O advogado teria sido procurado pelo pai da menina para acompanhá-la durante o processo, concluído em 1989 com a condenação de Cuca e dos outros três jogadores (o goleiro Eduardo Hamester, o zagueiro Henrique e o atacante Fernando Castoldi).

O caso está em segredo de Justiça, para proteger a privacidade da vítima.

 

Confira abaixo a entrevista completa do advogado para o portal UOL:

UOL: Alexi Stival (apelidado de Cuca) negou qualquer envolvimento no crime, dizendo que estava apenas no quarto quando a garota foi cercada pelos outros jogadores. Para provar a alegação, Cuca afirmou que a vítima negou que ele (Cuca) tivesse participado do crime. Segundo ele, em três declarações, a vítima disse que Cuca não a atacou. “Por três vezes ela esteve lá na frente, e não é que não me reconheceu, é que eu não estava. A vítima é a moça [e disse]: ‘O rapaz não está [presente no crime]'", Cuca.

Você pode confirmar essa declaração de Cuca?

Egloff: A declaração de Alexi Stival (Cuca) é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor.

UOL: O jornal Der Bund menciona que o sêmen de Cuca foi encontrado na vítima. Você confirma que esta foi uma das provas usadas no processo? Você se lembra de como este exame foi feito? Em 1987, a análise forense de DNA ainda estava em seus primeiros anos.

Egloff: É correto que o sêmen de Alexi Stival foi encontrado no corpo da garota. O exame foi realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna.

UOL: O mesmo artigo menciona que a vítima tentou cometer suicídio depois do crime. Isso realmente aconteceu? Não gostaríamos de invadir a privacidade da vítima, mas essa informação ajudaria o público a entender a extensão do trauma pelo qual ela passou.

Egloff: Esta informação está correta. No entanto, eu não me lembro com certeza se isso aconteceu imediatamente após o evento ou mais tarde.

UOL: Nós temos tentado obter acesso ao processo completo na Justiça suíça, mas sabemos que ele está atualmente em segredo. Esses documentos seriam importantes para verificar a veracidade das alegações de Cuca. Existe alguma maneira de acessar esse processo?

Egloff: Como o caso foi realizado sob proteção de privacidade, é difícil ter acesso ao arquivo.

UOL: Você se lembra exatamente por quais crimes os réus foram condenados? Você pode mencionar o artigo do Código Penal Suíço que eles violaram?

Egloff: Alexi Stival foi condenado por violar o art. 181 (coerção) e o art. 191 (fornicação com crianças) do Código Penal Suíço. Desde então, o Código Penal Suíço foi revisado várias vezes. O antigo art. 191 corresponde ao art. 187 (atos sexuais com crianças) do atual Código Penal Suíço.

UOL: Como você ficou sabendo do crime? Como conheceu [a vítima] e seus pais e qual foi o seu papel no processo?

Egloff: Fui contratado pelo pai [da vítima]. Como advogado da vítima, tive acesso completo ao processo.

Jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), iniciando a trajetória no jornalismo esportivo no Sambafoot. Já atuei em diversas editorias, mas minha...