O Inter foi derrotado pelo Nacional em Montevidéu por 3 a 1 na noite desta quarta-feira na estréia colorada na Copa Libertadores da América. Na próxima quarta-feira, dia 28, o time do técnico Abel Braga busca a reabilitação e volta a campo pela competição, desta vez diante do Emelec, do Equador, no Beira-Rio. O time colorado saiu na frente com gol de Hidalgo, mas sofreu a virada, gols de Vera, Delgado e Martinez.
Os primeiros caminhos colorados em busca do bicampeonato da Copa Libertadores da América foram abertos na tracidional e histórica Montevidéu. Terra de dois dos maiores times do continente em todos os tempos: o Peñarol e o Nacional. E diante justamente do Nacional, o Inter foi a campo. O time uruguaio buscou criar um clima de revanche para a partida. Revanche porque na edição anterior da competição foi o Inter que eliminou o Nacional.
Por outro lado, a imprensa, a torcida e a própria equipe demonstravam um grande respeito pelo Inter antes do jogo. Sabiam que iriam se defrontar contra o atual campeão mundial interclubes, tarefa árdua para qualquer time do planeta. O respeito era tanto que a imprensa considerava o time colorado como favorito, apesar de estar atuando fora de casa.
O Inter começou o jogo com alguns desfalques, mas com uma grande notícia no banco de reservas. No gramado, a defesa foi formada por Clemer, no gol, Granja no lugar de Ceará, que se recupera de lesão, Ediglê na vaga de Índio (também lesionado), Rafael Santos e Hidalgo. O peruano, por sinal, completou o seu 48º jogo de Libertadores (é o segundo atleta do Inter com mais partidas na competição, atrás apenas de Vargas, que tem 49).
O meio-campo manteve a estrutura que venceu o Barcelona em Yokohama em dezembro. Edinho, Wellington Monteiro e Alex ficaram com as tarefas mais defensivas, enquanto Adriano substituiu Fernandão na função de se juntar aos atacantes. Na frente, o experiente Iarley ao lado do garoto Luiz Adriano, 19 anos, que conquistou recentemente o título sul-americano sub-20 com a seleção brasileira.
No banco de reservas, repousava uma grande notícia. O capitão Fernandão, recuperado antes do tempo previsto de uma cirurgia de hérnia inguinal, já ficou à disposição do técnico Abel Braga para jogar alguns minutos.
O Nacional, por sua vez, entrou em campo com uma equipe bastante modificada em relação ao time que disputou a última Copa Libertadores. Sem o goleiro Bava, o meia Albín, duas das principais estrelas, a equipe apresentou algumas novidades como o meia Tejera e o goleiro Viera. O técnico também era diferente: Daniel Carreño substituiu Martin Lasarte. No meio, o volante e capitão Vanzini retornou ao time depois de seis meses sem atuar.
Quando o jogo começou, a estratégia do Nacional ficou clara com poucos minutos. A ordem era bola para a área do Inter. O bom meia Tejera, o principal armador, tratava de cobrar todas as faltas possíveis para a área colorada. Além disso, buscava o lançamento nas costas da zaga do Inter para os atacantes Márquez e Vera.
O Inter teve dificuldades no começo. Muito marcado, não conseguiu muito espaço para os contra-ataques com Iarley e Luiz Adriano. Alex bem que tentou alguns lançamentos e faltas ensaiadas, mas não conseguiu bater a defesa uruguaia.
Logo aos 4min, o Nacional tentou intimidar o Inter. O zagueiro Rodriguez começou a xingar Rafael Santos, mas o atacante Iarley foi socorrer o companheiro e encarou o adversário. A torcida colorada gritou o nome de Iarley.
Nas arquibancadas a pressão dos torcedores uruguaios era forte. Qualquer marcação do árbitro argentino recebia muitas vaias. Aos 10min, Luiz Adriano ganhou do zagueiro e iria entrar na área livre, mas o árbitro parou a jogada alegando falta do atacante.
Aos 11min50seg, o atacante Márquez recebeu lançamento, mas Clemer salvou com saída arrojada do gol. Um minuto depois, Tejera cobrou falta para Márquez, que não alcançou. Aos 14min20seg, Vera foi laçado, entrou na área e concluiu para a primeira boa defesa de Clemer. Em seguida, aos 14min55seg, o Inter respondeu com um chute de fora da área de Alex, que foi por cima.
Um vento forte que soprava volta e meia enganava os jogadores. Os uruguaios insistiam na jogada área, mas Ediglê e, principalmente, Rafael Santos, afastavam Aos 22min, Márquez recebeu lançamento na área e caiu, pedindo pênalti, mas o árbitro nada marcou.
Aos 23min45seg, Alex fez bom cruzamento para Luiz Adriano, mas o goleiro Viera salvou em boa saída do gol. Aos 28min30seg, o meia Tejera pegou a bola na entrada da área e concluiu forte para defesa espetacular de Clemer. Em seguida, aos 29min20seg, mais uma intimidação dos uruguaios. O zagueiro Godin agrediu sem bola a Ediglê e recebeu cartão amarelo. Enquanto o juiz aplicava o cartão, uma garrafa foi arremessada pela torcida uruguaia.
A partir dos 30 minutos, o Inter começou a se soltar mais e ameaçar. Aos 32min10seg, Wellington Monteiro pegou rebote de fora da área e experimentou rasteiro para defesa do goleiro. Aos 34min30seg, em um contra-ataque Márquez ganhou jogada na área e tentou o chute, mas a bola bateu no corpo de Rafael Santos. Aos 37min5seg, gol do Inter. Depois de uma jogada ensaiada de falta para a área, a zaga uruguaia cortou e Hidalgo apanhou o rebote. O peruano chutou forte e rasteiro, de pé direito, no canto do goleiro. Um golaço. Foi o primeiro gol de Hidalgo com a camisa colorada. Logo ele que entre os 18 jogadores inscritos para o jogo era o que tinha mais partidas disputadas de Libertadores: 48.
Depois do gol, o time colorado passou a dominar mais o jogo, tocar a bola e teve espaços para o contra-ataque. Aos 41min30seg, o técnico Daniel Carreño tratou de mudar o esquema. Tirou um dos volantes, Broli, e colocou o meia Malaka Martinez. A ordem era abrir mais o time.
Os uruguaios tentaram pressionar cedo. Em dois minutos, dois escanteios. Mas em ambos o zagueiro Rafael Santos afastou com imposição na bola aérea. O Nacional tentou então lançamentos diretos da defesa para o ataque, se aproveitando que estava a favor do vento, que passou a soprar com mais força.
Já o Inter tentou tocar a bola, rodar ela de um lado para o outro, buscando as investidas com os laterais Granja e Hidalgo. Aos 8min15seg, Martinez se jogou na área, pedindo pênalti, e o juiz aplicou cartão amarelo por simulação.
Depois da pressão inicial dos 10 minutos, o Inter passou a ter mais espaços para o contra-ataque puxados por Luiz Adriano, Adriano Gabiru e Iarley. Em um deles, aos 16min, Iarley foi puxado pelo zagueiro Rodriguez, que foi expulso. Aos 17min30seg, Adriano pegou rebote de fora da área e quase marcou um golaço. A bola foi por cima, assustando os uruguaios. Aos 18min30seg, Hidalgo cruzou da esquerda e Luiz Adriano quase completou na área. Aos 19min30seg, o capitão Fernandão entrou em campo no lugar de Luiz Adriano, marcando a sua volta depois da cirurgia. No Nacional, um minuto depois, duas modificações: saíram Tejera e Vanzini e entraram o volante Sosa e o atacante Castro.
O Inter passou a dominar o jogo e tentar o segundo gol. Os uruguaios se postaram na defesa e buscaram os contra-ataques. Ficaram com uma linha de três zagueiros, três no meio e três no ataque. Com isso, o time do técnico Abel Braga ficou com o controle do meio-campo.
Quando o jogo parecia dominado, aos 27min, o goleiro deu um chutão para o ataque, a bola quicou, enganou a defesa e Vera completou na saída do goleiro Clemer. Com o gol, o time uruguaio se empolgou e aos 28min30seg, Godin chutou ao lado do gol. Aos 29min, Alex deixou o gramado para a entrada de Perdigão. Aos 29min30seg, Wellington Monteiro foi expulso, deixando os dois times com 10 jogadores. Aos 30min20seg, a virada uruguaia. Delgado cobrou falta com violência e acertou o canto: 2 a 1.
O Inter quase empatou em seguida. Aos 31min, Iarley dividiu com o goleiro e quase deixou tudo igual. Aos 35min, saiu Adriano e entrou Michel. Depois disso, o time colorado tentou pressionar, mas os uruguaios se defenderam bem e ainda marcaram o terceiro gol, aos 47min, com Martinez, de cabeça, depois de um bate-rebate na área.
“Tínhamos o domínio do jogo, mas vacilamos no segundo tempo”, analisou Iarley.
“Agora temos que erguer a cabeça e pensar na próxima partida. Vamos procurar corrigir os erros apresentados hoje”, afirmou Rafael Santos.
“O jogo estava totalmente administrável, mas erramos em momentos cruciais. Desde a pré-temporada alertei o grupo que iríamos encontrar muitas dificuldades neste ano. Todo mundo vai querer derrubar o Inter. Mas a equipe não está em depressão. Vamos manter o que fizemos de certo contra o Nacional e corrigir as falhas para o jogo contra o Emelec, já na próxima semana”, projetou o técnico Abel Braga.
“O Inter tinha o amplo domínio na partida até metade do segundo tempo, mas não soube marcar o segundo gol que daria a tranqüilidade necessária. Agora temos a obrigação de dar a volta por cima. Vamos confiar na qualidade do grupo e batalhar por um resultado melhor na Libertadores”, afirmou o presidente Vitorio Piffero.
Nacional (3): Viera; Alvarez, Rodriguez, Godin e Viana; Broli (Martinez), Vanzini (Castro), Delgado e Tejera (Sosa); Márquez e Vera. Técnico: Daniel Carreño.
Internacional (1): Clemer; Granja, Ediglê, Rafael Santos e Hidalgo; Edinho, Wellington Monteiro, Adriano (Michel, 35min 2ºt) e Alex (Perdigão, 29min 2ºT); Iarley e Luiz Adriano (Fernandão, 19min30seg 2º T). Técnico: Abel Braga.
Gols: Hidalgo (I), aos 37min do primeiro tempo, Vera, (N), aos 27min do segundo tempo, Delgado (N), aos 30min20seg do segundo tempo, Martinez (N), aos 47min do segundo tempo. Cartões amarelos: Godin, Martinez, Rodriguez (N), Wellington Monteiro, Ediglê (I). Expulsões: Rodriguez (N), Wellington Monteiro (I). Arbitragem: Sergio Pezzota, auxiliado por Rafael Furchi e Francisco Rocchio (trio argentino). Local: Estádio Parque Central, em Montevidéu (Uruguai).