O time colorado entrou em campo sob uma festa espetacular da torcida com canções, gritos, aplausos e fogos de artifício. Os jogadores receberam uma carga de adrenalina ainda maior ao se depararem com as arquibancadas tomadas pelo vermelho de mais de 50 mil torcedores.
O Libertad começou com uma alteração tática: o time passou do 4-4-2 para o 3-5-2, entrando Cáceres na zaga e saindo Aquino. O Inter foi a campo com a mesma equipe que atuou diante dos paraguaios em Assunción. No lugar de Tinga, o técnico Abel Braga escalou Índio na zaga, passando o time para o 3-5-2 também.
O primeiro tempo teve muita marcação e poucas jogadas de perigo dos dois times. A melhor delas veio no comecinho da partida. Aos 3min15seg, Edinho deu boa arrancada pelo meio e tocou para Fernandão na ponta direita. O atacante cruzou rasteiro para Rafael Sobis, que chutou rasteiro na área, mas González salvou para escanteio. O Libertad respondeu aos 6min20seg quando Gamarra arriscou de fora da área e Clemer defendeu com segurança.
O Inter tentava a marcação pressão e as jogadas pelas laterais, mas os paraguaios se posicionavam bem na defesa e não concediam espaços. O time colorado passou a buscar jogadas aéreas por escanteios e faltas laterais. Em uma delas, Jorge Wagner cobrou falta e Fernandão cabeceou por cima, quase sem ângulo.
Alex procurava se movimentar pelo meio e pelas laterais em busca de criação, mas a marcação era forte. Aos 29min35seg, Jorge Wagner chutou de fora da área e González defendeu. Aos 32min5seg, depois de uma boa troca de passes pelo meio, a bola foi tocada para Fernandão na área, mas González salvou em rápida saída do gol.
Aos 35min35seg, Hidalgo cruzou da esquerda, Clemer não conseguiu segurar, mas Bolívar salvou com um chutão. Aos 44min55seg, Índio ergueu a bola da direita até a entrada da área, onde Sobis cabeceou e González defendeu sem maiores problemas. Foi o último lance relevante dos primeiros 45 minutos.
Se faltou emoção no primeiro tempo, sobrou na etapa final. O Libertad começou assustando cedo. A 1min55seg, Gamarra cruzou da esquerda e Lopes concluiu forte na área por cima, dando um grande susto. O Inter respondeu logo: aos 3min45seg, Jorge Wagner cobrou escanteio e Ceará cabeceou por cima. Aos 4min35seg, Alex fez boa jogada pela esquerda e tocou para Sobis na área que chutou no corpo de um zagueiro.
Aos poucos, o Libertad passou a ameaçar mais. Dos 10 aos 15min, os paraguaios assumiram o controle da partida e quase marcaram. Aos 10min15seg, depois de escanteio, Cáceres cabeceou e Clemer defendeu. Aos 11min, Lopez recebeu na área, mas Bolívar salvou com um carrinho providencial. Aos 11min40seg, depois de escanteio, Lopez cabeceou e a bola cruzou a pequena área com perigo. Aos 13min, Riveros concluiu cruzado e quase Villareal alcançou. Aos 13min40seg, Gamarra entrou na área pela direita e chutou cruzado com perigo.
Sentindo o crescimento dos paraguaios, o técnico Abel Braga agiu certo. Aos 16min20seg, entrou Rentería e saiu Fabinho. Com isso, Fernandão passou para o meio-campo. A mudança tática deu certo quase imediatamente. Aos 17min50seg, Alex avançou pela meia-esquerda, ajeitou a bola e chutou forte. A bola quicou no gramado, tocou na trave e entrou: um golaço!!!! E o Beira-Rio explodiu pela primeira vez!!! Foi o primeiro gol de Alex na Libertadores 2006 e o quarto da temporada.
Com o gol, o Inter se soltou em campo e passou a dominar completamente a partida. Aos 21min20seg, Sobis fez boa jogada pela direita e cruzou para Ceará cabecear e Gonzalez defender. Aos 22min50seg, Sobis tocou para Fernandão na entrada da área. O meia-atacante girou e chutou forte, a bola desviou no zagueiro e entrou bem no cantinho: mais um bonito gol!!! O gol da tranqüilidade. Foi o quarto gol de Fernandão na Libertadores e o nono na temporada. Ele é o artilheiro colorado na competição ao lado de Rentería.
Com o 2 a 0, o Inter passou a se posicionar mais atrás, valorizando a marcação e tocando bastante a bola. Os espaços para o contra-ataque finalmente surgiram. O Libertad, em grande desvantagem, retirou o lateral Hidalgo e colocou o atacante Romero. Aos 26min40seg, Guiñazu tentou chutar de primeira no bico da área, mas a bola foi pra fora.
Aos 28min, saiu Índio e entrou Wellington Monteiro. Os paraguaios, 20 segundos depois, trocaram Gamarra por Samudio. O Inter continuou se fechando bem, tocando bem a bola e jogando com muita disposição e raça. A torcida, enlouquecida de felicidade, vaiava os adversários e incentivava muito o time colorado.
Aos 40min20seg, saiu o volante Villareal e entrou o meio-campista Aquino na última tentativa de reação paraguaia. Mas foi o Inter que quase marcou de novo. Aos 46min10seg, Wellington Monteiro deu grande toque para Rafael Sobis
que passou para Rentería, dentro da área. O colombiano entrou em velocidade e chutou, mas González salvou com grande defesa.
Aos 47min, saiu Alex e entrou Perdigão. Alex, um dos melhores em campo, foi muito aplaudido pelos torcedores que gritaram o seu nome. Em seguida, fim de jogo e começo da festa colorada!
Esta é a segunda vez que o Inter chega à final da Copa Libertadores da América. A primeira foi em 1980, diante do Nacional, de Montevidéu. Se o Inter conquistar a América, irá decidir o Mundial Interclubes da Fifa, no Japão, em dezembro diante dos campeões dos outros continentes.
Na final, o regulamento é diferente. Em caso de empate em pontos e saldo de gols (não terá saldo qualificado, ou seja o gol fora de casa não vale como critério de desempate), a decisão será na prorrogação de 30 minutos. Caso houver novo empate, decisão por pênaltis.
Depois do jogo, os jogadores vibraram muito e alguns chegaram às lágrimas, como o meia Alex, que jogou com dores pubianas: “Não queria ter dor nenhuma. Agora é só me tranqüilizar e descansar para a finais”.
“É de arrepiar. Depois dessa batalha, poder fazer festa com a torcida é demais”, comemorou o atacante Rafael Sobis.
“Temos que agradecer a estes torcedores, que nos apoiaram muito”, agradeceu o volante Edinho.
“É importante a torcida porque a gente ganha cada vez mais confiança”, afirmou o goleiro Clemer.
“Com todo o respeito ao São Paulo, o Inter também é uma grande equipe”, disse o zagueiro Bolívar.
“Quem entrou em campo foi a alma colorada. São Paulo e Inter estão sobrando no Brasileiro e chegaram à final da Copa Libertadores. Isso atesta a qualidade dos dois times”, afirmou o vice-presidente de futebol, Vitório Piffero.
“Com o apoio de todos, estamos na final”, vibrou Jorge Wagner.
“A história não está feita ainda. Temos que buscar o título”, afirmou Fernandão.
“Se perguntasse a qualquer pessoa do Inter antes do jogo, todos responderiam que tinha que ganhar a partida. Mas quero ressaltar que nós estávamos preparados para ganhar. Fico feliz porque trabalhamos muito para isso”, analisou o técnico Abel Braga.
“Esse time tem alma. Dividiu todas as bolas e lutou por todos os lances”, elogiou o presidente Fernando Carvalho.
Internacional (2): Clemer; Índio (Wellington Monteiro), Bolívar e Fabiano Eller; Ceará, Edinho, Fabinho (Rentería), Alex (Perdigão) e Jorge Wagner; Sobis e Fernandão. Técnico: Abel Braga.
Libertad (0): Gonzalez; Cáceres, Sarabia e Balbuena; Bonet, Villareal (Aquino), Riveros, Guiñazu e Hidalgo (Romero); Gamarra (Samudio) e López. Técnico: Gerardo Martino.
Gols: Alex (I), aos 17min50seg do segundo tempo, Fernandão (I), aos 22min50seg do segundo tempo. Cartões amarelos: Riveros, Lopez, Sanabria (L), Edinho, Bolívar, Fernandão e Sobis (I). Renda: R$ 585.715,00. Público: 50.548 (44.064 pagantes). Arbitragem: Oscar Ruiz, auxiliado por José Navia e Alberto Duarte, trio da Colômbia. Local: Estádio Beira-Rio.
