Ao final do treino desta quarta-feira no Estádio do Borussia Dortmund, alguns jornalistas quiseram saber de Zagallo a lembrança que ele guardou do cenário em que o Brasil fora derrotado pela Holanda por 2 a 0, nas semifinais da Copa de 1974 . O jogo, há 32 anos, aconteceu no mesmo estádio onde o Brasil enfrenta nesta quinta-feira o Japão.
O coordenador técnico da Seleção Brasileira preferiu voltar mais quatro anos no tempo. Zagallo era o treinador do Brasil no dia 21 de junho de 1970, no Estádio Azteca, na decisão da Copa do Mundo do México.
– Eu prefiro falar de vitórias do que de derrota. Há 36 anos o Brasil venceu a Itália por 4 a 1 e ficou com a Jules Rimet definitivamente. É isso que tem de ser lembrado.
Zagallo se lembra, e muito bem. Para contar hoje que a vitória construída naquele 21 de junho com facilidade foi obtida em um jogo muito difícil no primeiro tempo.
– O jogo no primeiro tempo foi muito complicado. Apesar de logo termos feito o primeiro gol, eles empataram naquele lance em que Clodoaldo falhou, e deram trabalho.
A falha de Clodoaldo, no lance que resultou no gol de Boninsegna, não passou impune. O meio-campo levou uma “bronca” de Zagallo no intervalo.
– Disse pra ele que aquilo não era um campeonato de várzea. Estávamos em uma final de Copa do Mundo.
Depois, no final, Zagallo teve a satisfação de exaltar Clodoaldo.
– Cumprimentei-o pela grande jogada, em que saiu driblando italianos em fila, e que acabou no quarto gol, feito pelo Carlos Alberto.
O jogo, que como Zagallo contou, foi difícil no primeiro tempo, acabou facilitado na segunda fase. Devido à superioridade técnica, mas sobretudo, pelo excepcional preparo físico da Seleção Brasileira.
O que foi resultado do planejamento acertado feito pela comissão técnica na época, em que a Seleção Brasileira passou um mês treinando na altitude de Guajanuato, que tem os mesmos 2.300 metros da Cidade do México, onde foi disputada a decisão do Mundial.
– Estávamos mais do que habituados à altitude. A Seleção Brasileira, que já era muito melhor tecnicamente, passou a sobrar no aspecto físico.
Parreira diz que a conquista de 70 marcou o início de sua ascensão profissional
Carlos Alberto Parreira era, comandado pelo falecido Admildo Chirol, um dos preparadores responsáveis pelo excelente condicionamento físico da Seleção Brasileira.
A primeira lembrança que lhe vem do 21 de junho de 1970 é de um dia especial.
– Foi uma conquista inesquecível. Tinha 27 anos, estava começando, e me vi tricampeão mundial ao lado de Zagallo, Pelé, tantos craques. Foi emocionante.
O tricampeonato do mundo no México representou também para Parreira o início da sua ascensão profissional.
– Foi ali o pontapé inicial para me tornar um profissional respeitado. Era preparador físico do Fluminense e me lembro o orgulho que sentia quando apontavam pra mim, como o preparador tricampeão do mundo.
Súmula do jogo Brasil 4 x 1 Itália:
Data: 21 de junho de 1970.
Competição: Copa do Mundo.
Local: Estádio Azteca, na Cidade do México (México).
Público: 107.412 pagantes.
Árbitro: Rudi Glöckner (Alemanha Ocidental).
Gols: Pelé 17′, Roberto Bonisegna 37′, Gérson 65′, Jairzinho 71′ e Carlos Alberto Torres 88′.
BRASIL: Félix (Fluminense-RJ), Carlos Alberto Torres (Santos-SP), Brito (Flamengo-RJ), Wilson Piazza (Cruzeiro-MG) e Everaldo (Grêmio-RS); Clodoaldo (Santos-SP) e Gérson (São Paulo-SP); Jairzinho (Botafogo-RJ), Tostão (Cruzeiro-MG), Pelé (Santos-SP) e Rivellino (Corinthians-SP). Técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo.
ITÁLIA: Enrico Albertosi, Tarcisio Burgnich, Pierluigi Cera, Roberto Rosatto e Giacinto Facchetti; Mario Bertini (Antonio Juliano aos 74’), Giancarlo De Sisti e Sandrino Mazzola; Angelo Domenghini, Roberto Bonisegna (Gianni Rivera aos 84’) e Gigi Riva. Técnico: Ferruccio Valcareggi.