Lúcio ainda não cometeu falta na Copa do Mundo. Juan fez uma, no jogo de estréia contra a Croácia. Um índice surpreendente vindo de zagueiros que, por força de ofício, às vezes são obrigados a recorrer a uma infração para parar os atacantes adversários.
Não é o que tem acontecido com a dupla de zaga do Brasil. Lúcio conta que a experiência e a maturidade o ajudaram muito. No início da carreira, o excesso de ímpeto o levava a cometer faltas, muitas vezes desnecessárias, o que lhe custou algumas expulsões.
– Com o tempo a gente aprende, passa a fazer menos falta. Tanto que há muito tempo que não sou expulso. A última vez foi contra o Paraguai, em 2003.
Mas quem vê a vontade de Lúcio no campo custa a crer que ele esteja mais contido. Ou que seja a pessoa que se reconhece tímida e discreta fora dos gramados.
– É só vontade de ganhar. Falo muito somente dentro de campo.
Tão discreto que diz não gostar dos rótulos com que definem o seu futebol, como o de xerife, por exemplo.
Lúcio nem queria ser zagueiro, quando menino. Nas peladas de várzea, tentou ser goleiro, depois atacante, até parar na frente do goleiro. Tanto que seu ídolo no futebol, o que considera um exemplo, é um jogador de meio-campo.
– Sempre me espelhei no Dunga. Pela raça com que ele sempre jogou.
Na Seleção, reencontrou em Juan o companheiro ideal, com quem jogou quase dois anos no Bayer Leverkusen. O entendimento entre os dois contribui para o reduzido número de faltas cometido.
O posicionamento e a sintonia da dupla, e a eficiência do sistema defensivo do Brasil, são os outros fatores que facilitam com que Lúcio e Juan possam jogar na bola.
– A gente confia nos companheiros, sabe que terá sempre alguém para fazer a cobertura – explica.