Zagallo o convocou pela primeira vez, em 1995. Carlos Alberto Parreira, há muito tempo, o considera um jogador fundamental para a Seleção Brasileira. Os companheiros o respeitam como amigo, o admiram como profissional e o têm como excelente jogador de meio-campo.
José Roberto da Silva, o Zé Roberto que veste a camisa 11 do Brasil, só não tem de parte da crítica o reconhecimento à altura do seu futebol que não é só feito de determinação, como querem alguns, mas também de muita técnica. Reconhecimento que o volante conseguiu neste domingo, eleito que foi o Homem do Jogo contra a Austrália – o melhor em campo no Allianz-Arena.
– Não tenho como negar que é um pouco frustrante não ter o seu trabalho reconhecido como acho que deveria acontecer. Mas isso faz parte da cultura do futebol, normalmente os jogadores mais badalados são os atacantes. Por isso, fiquei muito feliz com a escolha da Fifa. Ela chegou na hora certa, em um grande momento que acho que estou vivendo na carreira.
Zé Roberto é uma pessoa simples, de fácil trato, atencioso com todos que o procuram. Não tem comportamento de estrela, mas sabe da sua importância para o time e conhece o valor do seu futebol.
Dono de um preparo físico privilegiado, é incansável, não pára o tempo todo de um jogo. Pode ser visto nas jogadas de frente, ajudando o ataque com passes precisos, como rapidamente na volta para tomar a bola na defesa.
– Isso se deve à minha capacidade orgânica, sempre fui muito bem condicionado fisicamente. E também à vida regrada que levo. Não bebo, durmo cedo, procuro me alimentar bem.
Essa natural capacidade física o faz chegar aos 31 anos correndo como um garoto.
– Termino todos os jogos inteiro. Se precisar de prorrogação, vou dar conta do recado, jogando com a mesma regularidade.
A convicção de que está preparado nos aspectos físico e técnico para exercer a sua profissão vem também do amparo que possui no lado pessoal. Zé Roberto tem na família o seu grande alicerce: a mulher Luciana, os filhos Endrik (seis anos), Miriã (três) e Isabelle, de três meses e meio.
Mas nem sempre foi assim. Zé Roberto, na infância, passou por dificuldades, e chegou a trabalhar como office-boy antes de se tornar jogador de futebol.
– Essa base familiar só encontrei depois do casamento. Ela me faltou na infância – diz Zé Roberto, que é profundamente religioso e lê a Bíblia todos os dias.
Com toda essa imagem, não se pense, contudo, que Zé Roberto é um sujeito do tipo sisudo. Ao contrário, é do grupo um dos mais brincalhões, às vezes comanda as gozações dentro do ônibus da delegação, como aconteceu na Copa das Confederações do ano passado, em que Emerson foi uma das “‘vítimas”‘ preferidas.
O mesmo Emerson que interrompeu esta entrevista.
– Põe aí também que o Zé Roberto carregou muito a minha chuteira no Bayer Leverkusen (os dois jogaram juntos no time alemão). E foi meu freguês naquela decisão do Brasileiro, em 1996, em que o Grêmio atropelou a Portuguesa.