O que leva alguém querer ser um juiz de futebol? Vamos perder um pouco de tempo a pensar neste assunto. Eles são voluntários ou alguém os obriga?
Além dos fiscais do INSS, da Receita Federal, da vigilância sanitária, etc … haverá profissão tão odiada e não dada ao reconhecimento do grande público? Os funcionários destas repartições ao menos são temidos. Agora, o árbitro? Que respeito por um homem que, deixa o aconchego do seu lar, renúncia sua dignidade ou seu amor próprio e até a companhia de sua esposa e filhos, onde se oferece semanalmente para mais uma sessão de insultos e ao perigo constante de ser agredido dentro ou fora de campo por um jogador enfurecido, um dirigente desequilibrado ou um torcedor loucamente apaixonado que vê neste cidadão o único culpado pela derrota de seu time.
Nas peladas, nos amistosos dos times de fins de semana, o árbitro sempre é aquele da turma que não leva muito jeito para ser jogador. Aquele que não sabe jogar, porém gosta muito da companhia.
Árbitro de futebol! Como é que alguém aguenta ser tão mal amado? E porquê? Para quê?
Será pelo dinheiro? Consta que, para além das viagens, a verba não serve sequer para pagar os guarda-costas. Pela aventura? A adrenalina derivada dos gritos dos torcedores dizendo que vai apanhar? Será a eterna procura da fama e da glória? Não pode ser. Pois é a sua mãe que leva toda a fama!
Vamos falar verdade. Um árbitro só tem amigos nas vésperas dos jogos, que é um dia por semana. Só fica rico em cultura, pois poderá conhecer muitas cidades e países. Nunca será parte da sociedade futebolística porque não pode andar em público com os membros desta sociedade. Nunca será lembrado pelas boas arbitragens mas pelos erros que cometeu. Erros humano. Só será famoso se for agredido por um jogador famoso. E será sempre insultado por uma das partes. Mesmo que seja bom árbitro. Mesmo que seja honesto. Especialmente, se for honesto.
Para finalizar, pergunto: Um cidadão que, sabendo tudo isto, ainda assim insiste em ser árbitro, não merece ser insultado?
Nota: texto adaptado da crônica Porque raio alguém que ser árbitro de futebol – Rodrigo Moita de Deus.