Ao derrotar o Atlético-MG no último sábado, pela quarta rodada, o Botafogo manteve a vice-liderança, com o aproveitamento de 100% no Campeonato Brasileiro. Agora, a missão é superar o Goiás e atingir um recorde histórico: jamais o time alvinegro começou a disputa da competição mais importante do Brasil com cinco vitórias consecutivas.
Apesar disso, há quem ainda considere o Botafogo uma surpresa. É exatamente isto que espera o técnico PC Gusmão: continuar na condição de “zebra”, comendo pelas beiradas, sem despertar a atenção dos rivais, como acontece em relação aos clubes paulistas.
“Isso é bom porque daqui a pouco o mercado europeu vai abrir e certamente São Paulo, Santos e outros time de lá vão perder jogadores. Já o Botafogo não terá este problema”.
Desde o começo do Brasileiro que o Botafogo vem quebrando seguidos tabus, mas isto não é um fator de motivação para PC Gusmão.
“Acho interessante esses dados, mas para vencer temos que retirar força de dentro de nós mesmos”, disse ele, ressaltando a consciência dos jogadores: “Todos eles admitiram que o time não esteve bem contra o Atlético-MG e isto me deixou tranqüilo”.
O bom momento vivido pelo futebol carioca, com Botafogo e Fluminense ocupando as primeiras posições, não é surpresa para PC Gusmão. Segundo ele, os rumores de que no Rio de Janeiro os treinos são menos puxados do que em outros estados é mentira:
“Isso não faz parte da realidade. De que adianta treinar em tempo integral, estourar os jogadores fisicamente e sair derrotado? Serve apenas para justificar o lado do técnico: ‘Tá vendo, fiz a minha parte, mas perdemos’. E não é isso que eu quero para o Botafogo e para minha carreira”, disse.
Sonhando com a glória, mas com os pés no chão. É assim que PC Gusmão administra o assédio dos torcedores alvinegros, que com cada vez mais intensidade o param nas ruas para demonstrar confiança no sucesso do time na competição.
O treinador não se sente responsável pela campanha brilhante e faz questão de dividir o sucesso com todos os jogadores, dirigentes e comissão técnica.
“A euforia tem que ficar na torcida. O Botafogo tem um bom conjunto, mas é cedo para qualquer tipo de projeção. Somente lá pela 14ª rodada será possível avaliar melhor as possibilidades de cada um e quem realmente vai brigar pelo título”, comentou.
PC Gusmão não se cansa de dizer que a competição é muito equilibrada e citou um exemplo da última rodada: “Veja o caso do Paraná Clube. Ninguém acreditava, mas venceu o Palmeiras no Parque Antarctica e já havia empatado com o São Paulo no Morumbi”.
VISITANTES
Os ex-jogadores Neivaldo e Adalberto, que conquistara o título carioca de 1957 defendendo o Botafogo, estiveram ontem à tarde, em General Severiano, e acompanharam o treino dos profissionais. Gostaram do que viram. Depois, conversaram com alguns jogadores e prometeram voltar. Já Nílton Santos, que hoje fez 80 anos, ganhou folga para festejar a data em companhia de parentes.