Parreira exalta o técnico holandês Rinus Michels

Carlos Alberto Parreira lamentou a morte de Rinus Michels, o treinador holandês que no entender do técnico da Seleção Brasileira pôs o futebol do seu país em uma posição de vanguarda no cenário europeu e mundial no início dos anos 70. Rinus Michels morreu nesta quinta-feira, aos 77 anos, em decorrência de problemas cardíacos. Com […]
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Publicado em 05/03/2005 às 16h22

Carlos Alberto Parreira lamentou a morte de Rinus Michels, o treinador holandês que no entender do técnico da Seleção Brasileira pôs o futebol do seu país em uma posição de vanguarda no cenário europeu e mundial no início dos anos 70.

Rinus Michels morreu nesta quinta-feira, aos 77 anos, em decorrência de problemas cardíacos. Com a Seleção Holandesa de 1974, vice-campeão mundial na Copa da Alemanha, ele deu um passo adiante na maneira de jogar das seleções européias. O que predominava na época era o futebol de forte marcação, traduzido pelo princípio de “não deixar jogar” que fora consagrado com a conquista da Copa do Mundo de 1966 pela Inglaterra.

– O Rinus Michels foi o responsável pela última grande mudança tática no futebol. A Seleção Holandesa mostrou na Copa do Mundo de 1974 que não deixava jogar, com a luta incessante pela retomada da bola, mas também jogava. Era o chamado futebol total, de intensa movimentação – diz Parreira.

Por tudo isso, Carlos Alberto Parreira considera Rinus Michels um visionário, capaz de antecipar com a seleção que ficou conhecida como o Carrossel Holandês em 1974 o futebol que se preconiza como ideal.

– Um futebol de ocupação de espaços, de troca de posições, resultado de um preparo físico excepcional, que procurava atacar e defender com o maior número de jogadores possível – diz Parreira.

Para que isso pudesse ter passado da teoria à prática, Parreira lembra que aconteceu uma feliz coincidência: o encontro de uma geração de jogadores talentosos com um grande treinador.

– Toda aquela novidade só pôde aparecer para o mundo porque havia uma geração de craques que surgiu na Holanda. Jogadores como Cruyff, Neeskens, Resembrink, Krol, Jansen, Rep, um time excepcional – diz.

Parreira vê outro grande mérito na trajetória de Rinus Michels. Foi ele o responsável pela vocação ofensiva que até hoje caracteriza o futebol holandês.

– Você nunca vai ver uma Seleção Holandesa recuada, à espera do adversário. É um time que parte para cima mesmo, joga ofensivamente, quase sempre com dois pontas e um atacante enfiado. Uma escola interessante de futebol, que passou a existir com o Rinus Michels – diz Parreira, exemplificando a força ofensiva do adversário com o jogo da Copa do Mundo de 1994, vencido pelo Brasil por 3 a 2.

– Foi o jogo mais difícil da Copa, o adversário que nos deu mais trabalho.

O treinador da Seleção Brasileira conta que chegou a conhecer Rinus Michels, definindo-o como uma pessoa alegre e conversadora. Em um encontro com o treinador holandês, tomou conhecimento de um dado que corrige o que em 1974 ficou conhecido (erradamente) como a tática da “linha de impedimento” adotada pela Seleção Holandesa. Isso, segundo Parreira, nunca aconteceu.

– Ele me disse que nunca teve a intenção de montar um esquema para deixar os atacantes adversários impedidos. Sua preocupação era unicamente fazer com que seus jogadores retomassem a bola o mais rapidamente possível. E eles faziam isso em bloco, com rapidez, o que deixava, em conseqüência, os atacantes em posição de impedimento. Pior que muita gente, depois, tentou equivocadamente copiá-lo – explica.

Parreira convidou Rinus Michels para participar de dois seminários no Brasil, a última vez no final de 2004. O treinador holandês, já doente, estava impossibilitado de viajar.

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