Brasil, final de 1993. A seleção tricampeã mundial corria risco de não se classificar para a Copa do Mundo do ano seguinte, que seria disputada nos Estados Unidos.
No dia 19 de setembro, o jogo decisivo contra o Uruguai. Em caso de derrota, no Maracanã, o Brasil estaria fora do Mundial pela primeira vez na história. Ao abrir jornais, ligar a TV e ouvir programas de rádio, um clamor: a convocação de Romário, craque do Barcelona.
O que Zinho disse:
- Zinho revelou que Romário pediu para vestir a camisa 11 antes da partida contra o Uruguai.
- Na época, Zinho vestia a 11 e não teve dúvida: passou o número para o craque do Barcelona.
- Com a 11, Romário “destruiu” o jogo e marcou os gols que levaram o Brasil para o tetra.
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Romário e a indisciplina em 1992
Era comum, naquele segundo semestre de 1993, abrir os jornais e ler críticas a Carlos Alberto Parreira e Mário Jorge Lobo Zagallo. Eles eram, respectivamente, treinador e coordenador técnico da Seleção Brasileira. O mesmo ocorria em programas de rádio e TV.
O futebol era considerado burocrático e a seleção poderia ficar de fora da Copa. Pra piorar, Parreira e Zagallo insistiam em não convocar Romário.
“Romário cometeu uma indisciplina num amistoso contra a Alemanha, em 1992. De lá pra cá, Romário não estava sendo convocado”, recordou Zinho, que participou do ciclo da Copa de 94, em entrevista para o documentário “Zagallo: Vocês vão ter que me engolir”.
O jogo em questão foi um amistoso disputado em 16 de dezembro, no Beira-Rio, no Rio Grande do Sul. Romário, vivendo um grande momento no PSV, da Holanda, foi convocado, mas ficou no banco de reservas.
Insatisfeito, e sem papas na língua, o Baixinho disparou contra a reserva. Discutiu com Parreira e Zagallo. Por isso, foi punido pela dupla e não foi mais convocado. A vitória por 3 a 1, no primeiro amistoso contra a Alemanha Unificada, ficou em segundo plano.
Parreira e Zagallo se rendem: Romário é convocado
Dez meses depois, às vésperas de Brasil e Uruguai, a seleção se viu com um problema: Muller, parceiro de ataque de Bebeto, se lesionou. O clamor popular voltou à tona: era a hora de Romário.
“Romário estava arrebentando no Barcelona nessa época, um dos melhores do mundo, voando. O jogo era no Maracanã, Rio de Janeiro, casa do Romário”, recordou Zinho.
Os jornais, os programas de TV, as rádios: só se falava de Romário e se Parreira e Zagallo se renderiam ao craque. Na convocação, concorrida e aguardada por todo país, Parreira levanta a bandeira branca: Romário é convocado.
“Achei muito bonito. É honesto e humilde da parte do Zagallo e do Parreira deixar de lado uma desavença e privilegiar a seleção. O Romário é um craque de bola, diferente, não podia deixa-lo de fora. Naquele momento a gente corria risco”, disse Zinho.
O Brasil jogava pelo empate contra o Uruguai. No entanto, a pressão para o jogo remontava há 43 anos, a derrota para os rivais na final da Copa de 50.
“Tinha aquela história do Maracanazzo. Então, já pensou uma seleção que nunca ficou de fora de uma Copa do Mundo perder a vaga novamente no Maracanã numa disputa com o Uruguai? Tudo isso mexeu nesse momento de Parreira e Zagallo mudarem de ideia e trazer o Romário”, recordou Zinho.
Romário pede a 11
Dias antes da partida contra o Uruguai, a seleção brasileira parte para a Granja Comary, em Teresópolis, e começa a treinar. Ao final de um treinamento, Parreira chama Zinho em um canto e diz que Romário irá pedir a camisa 11, que na época era vestida por ele.
“Parreira me chama e fala: ‘Olha, o Romário tem uma superstição. Gosta de jogar com a camisa 11 e veio me pedir se podia jogar com a 11. Eu falei que não era uma decisão minha e que era pra falar contigo'”, contou Zinho.
Romário, então, não titubeou e foi até o companheiro. “Romário veio: ‘E aí, parceiro?. O Parreira falou contigo’. Eu falei: ‘Ô Romário, pode jogar com a 11. Você vai fazer gol. Importante é fazer gol lá pra gente classificar'”, relatou Zinho.
“Eu não estou preocupado com o número de camisa. Quero ser campeão, quero classificar para a Copa”, contou Zinho.
No dia 19 de setembro, Romário entra com a 11. Zinho com a 9. O Baixinho marca dois gols, leva o Brasil para os Estados Unidos. E o resto é história…
Estreia do documentário “Zagallo: Vocês vão ter que me engolir”
No dia 13 de março, vai estrear no canal do Sambafoot no YouTube, o documentário “Zagallo: Vocês vão ter que me engolir”.
A série contará toda a vida de Zagallo, desde o início no América-RJ, na década de 1950, até o fracasso na Copa do Mundo de 2006, como auxiliar técnico.
Com entrevistados que viveram e conviveram ao lado de Zagallo, como Jairzinho, Pepe, Zinho, Jorginho, Petkovic, Juan, e pessoas que cobriram os passos e estudaram a vida do Velho Lobo, como Celso Unzelte, Mauro Beting, Thiago Uberreich, Tino Marcos, e outros, o documentário vai mostrar as glórias, os fracassos e as polêmicas de um personagem ímpar na história do nosso futebol.
“Zagallo: Vocês vão ter que me engolir” é uma produção original de Sambafoot Series e foi gravada durante os meses de novembro e janeiro. Conta com a coordenação de Patrick Saint Martin e produção de Geovanne Peçanha.