Flamengo e crise: um caso de amor

Crise. Essa palavra não é uma novidade quando se trata de Flamengo. Não é a primeira ocasião em que os salários atrasam ou algum jogador decide por conta própria não viajar com o time. Destacaremos em tópicos os principais problemas que desenham as históricas crises do Flamengo, e algumas especificidades que acompanham esta “nova”.   […]
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sambafoot_admin
Publicado em 19/01/2012 às 17h59

Crise. Essa palavra não é uma novidade quando se trata de Flamengo. Não é a primeira ocasião em que os salários atrasam ou algum jogador decide por conta própria não viajar com o time. Destacaremos em tópicos os principais problemas que desenham as históricas crises do Flamengo, e algumas especificidades que acompanham esta “nova”.

 

 

Grandes contratações, grandes salários e grandes polêmicas

Ronaldinho, Adriano e Romário. O que eles têm em comum? Foram as três maiores – e polêmicas – contratações do Flamengo em toda a sua história. Em 1995, Romário, no auge de sua carreira após a conquista do tetra campeonato mundial no ano anterior, ganhava um salário que hoje, talvez, pertença a um jogador das divisões de base do Flamengo: R$ 52 mil, pagos pelo próprio Flamengo. Em 2009 veio Adriano, outra mega contratação. O pagamento do seu salário foi repartido entre o próprio clube (R$ 165 mil) e a empresa fornecedora de material esportivo do clube, Olympikus (R$ 250 mil). Já os salários de Ronaldinho alcançam a astronômica cifra de R$ 1 milhão. Desse valor, R$ 250 mil são pagos pelo Flamengo, e os outros R$ 750 mil deveriam – já que a empresa não desembolsa a quantia há 5 meses – ser pagos pela Traffic, empresa de marketing esportivo. Mais do que grandes salários, os jogadores também compartilham do mesmo gosto pela polêmica. Romário, reconhecido amante da vida noturna, nunca deixou de aproveitar a noite carioca. Adriano dominou os cadernos alheios ao esporte em sua passagem pelo Flamengo. Ronaldinho, outro festeiro, não esconde seu apreço pelas mulheres e pelas festas. Seu último escândalo aconteceu na pré-temporada em Londrina, onde Luxemburgo disse ter flagrado o dentuço com uma mulher na concentração.

 

Parcerias com empresas de marketing esportivo que não dão certo 

A parceria com a Traffic não é a primeira que o Flamengo acerta para a contratação de grandes jogadores. Em 2006, o Flamengo se aliou à MSI, ligado à Kia Joorabchian, mesma empresa responsável pela contratação de Tevez junto ao Corinthians em 2005. A parceria não caminhou, e o Flamengo ficou no prejuízo. Antes, em 1999, o Flamengo se aliou a mais uma sigla: ISL. O clube carioca assinou um contrato de quinze anos para receber, R$ 88 milhões de reais para a contratação de reforços. Três anos após a assinatura do acordo, a empresa suíça de marketing esportivo faliu e o Flamengo, sem poder pagar os salários altíssimos de jogadores como Petkovic, Edílson e Alex, hoje no Fenerbahce, começou um processo de desmanche do elenco.

 

Desorganização crônica 

Uma das principais causas de todas essas crises que acompanham a história do Flamengo é a desorganização da diretoria e dos conselhos de futebol do clube. Todos querem dar pitaco. A história se repete na crise da vez. Enquanto o vice de finanças, Michel Levy, acompanha a mais uma tentativa de contratar Vágner Love, o diretor de futebol, Luiz Augusto Veloso, parece muitas vezes omisso, ninguém sabe o que ele realmente faz. Luxemburgo, que, inspirado no modelo do futebol europeu, quer incorporar a figurar de um manager, que além de comandar o time em treinamentos e nos jogos, interfere na contratação de jogadores.

 

Marketing tímido 

Um clube que tem, pelo menos, a segunda maior torcida no Brasil deveria ter um marketing agressivo, certo? Errado. Pelo menos no caso do Flamengo. Só para citar o argumento mais claro: o Flamengo abriu o ano de 2012 sem o patrocinador principal, e pior, sem esboçar nenhum movimento no sentido de renovação do contrato com a Procter & Gamble ou na procura de outro(s) patrocinador(es) que tragam cifras mais generosas para os cofres do clube. O clube que teve o patrocínio mais longo da história  do futebol brasileiro ( a Petrobras patrocinou o Flamengo por 25 anos) parece ter perdido seu atrativo para as grandes empresas. Isso se deve em grande parte ao amadorismo no qual é conduzido o marketing do Flamengo. Clube de massa que não possui um plano de marketing claro, e fica a mercê, da vinda de grandes craques para vender suas camisas. Afinal, o Flamengo não disponibiliza nenhum outro atrativo ao seu torcedor a não ser suas camisas de jogo. Com Romário e Adriano, apesar das polêmicas, o clube obteve retorno. Com Ronaldinho, isso não aconteceu.  O jogador mais caro do Flamengo ainda não justificou sua contratação – ou melhor, sua manutenção no Clube de Regatas do Flamengo. Quem faz o marketing – negativo – do Flamengo é a imprensa. Transparecendo a desorganização do Flamengo, o que espanta as grandes empresas que não querem ver seus nomes associados a grandes escândalos.

 

Vinícius Neto é colaborador do Sambafoot – [email protected]

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