Mauro Silva : « Minha relação com o Deportivo foi intensa »
[photo=mauro2.jpg id=348 align=right]– Você atuou em 3 times profissionais: Guarani, Bragantino e Deportivo. Você saiu direitamente do Bragantino para o Deportivo.Como foi esta transição de um pequeno clube brasileiro a um grande clube da Europa?
– O Bragantino é realmente um time modesto, um time do interior de São Paulo. Em 89, o Bragantino foi campeão brasileiro da segunda divisão com o Wanderley Luxemburgo. Em 90, o time foi campeão paulista. Um ano depois com o Carlos Alberto Parreira como técnico, o Bragantino foi vice campeão brasileiro da primeira divisão. Estou falando isso para dizer que foi uma etapa onde o Bragantino se destacou bastante. Graças ao percurso de meu time, cheguei na Seleção Brasileira. Quando fui contratado pelo Deportivo La Coruna, eu já tinha pelo menos 20 jogos com a Seleção. Outros clubes europeus e brasileiros queriam me contratar na época, mas o Bragantino somente concordava em me vender para um clube europeu.
– Seu primeiro jogo com a Seleção foi no dia 27 de Março 1991 contra a Argentina, em Buenos Aires, onde jogou como titular. O que você sentiu naquela época, jogando contra o maior rival da Seleçao logo no seu primeiro jogo?
– Foi uma prova de fogo. Começar como titular pela primeira vez na Seleção contra a Argentina em Buenos Aires é realmente um grande desafio. Eu estava muito motivado por ter a oportunidade de estreiar com a Seleção. Continuei depois com a Seleção por mais de dez anos. Minha primeira convocação foi em 90 e meu último jogo com a Seleção em 2001, também em Buenos Aires contra a Argentina. Eu estava muito ansioso neste jogo de estréia, sentia uma tensão muito grande, mas eu estava também muito confiante e acabei me destacando no jogo.
– Você tem mais de 50 jogos com a Seleção. Você ganhou a Copa de 94. O que você lembra desta Copa? Qual foi a força do Brasil para vencer nesta Copa?
– Eu acho que foi a união do grupo, a determinação e a organização também. A Seleção foi muito criticada por ser um time muito europeu. Esta organização com dois volantes, com uma boa organização defensiva foi a chave do sucesso. A pressão era muito grande pois faziam 24 anos que o Brasil não ganhava uma Copa.
– Você ficou 13 anos no Deportivo. Como você explica sua longa permanência neste clube?
– Eu recebi outras propostas, inclusive do Real Madrid. Mas eu acho que quando você está contente com um time que ganhou 6 títulos; quando você joga com um grupo vencedor, que disputa todas as competições internacionais; quando você mora em uma cidade que você gosta, onde todo mundo te respeita; é muito difícil tomar a decisão de sair. Eu me sentia muito vinculado àquele lugar, tinha compromissos com a cidade e com o clube.
– Você não voltou no Brasil para encerrar sua carreira. Por quê?
– Minha relação com o Deportivo La Coruna era tão intensa que minha vontade era de finalizar minha carreira com a camisa do Deportivo. Eu tinha consciência que minha melhor época como jogador já tinha passado. Eu acho importante saber o bom momento de deixar o futebol. Se eu tivesse voltado para o Brasil, as pessoas iriam lembrar do Mauro de 94. Eu lembro também do Zidane que deixou o Real Madrid depois da Copa do Mundo fantástica que ele fez e não voltou a atuar em nenhum outro clube, mesmo se ele ainda tinha condições de jogar. Ele tomou a decisão certa e deixou uma imagem impecável, apesar do incidente com o Materazzi.
[photo=mauro2.jpg id=348 align=right]– Os volantes da Seleção brasileira são bastante criticados no Brasil. Qual é seu ponto de vista? Quais são as qualidades necessárias que eles devem ter para ganhar uma Copa?
– O Gilberto Silva já demonstrou o valor que ele tem na Seleção. Infelizmente, no Brasil, tem pessoas da imprensa que não sabem que dentro de um time tem jogadores que precisam realizar um trabalho defensivo que não chama muito a atenção. O Gilberto Silva e o Felipe Melo fazem muito bem isso, é um trabalho importantíssimo para o time. Qualquer pessoa que tem uma análise mais profunda do futebol é capaz de entender isso. As pessoas que olham o futebol somente como um show têm a tendência de querer ver somente gestos maravilhosos e gols bonitos, e não são capazes de entender este tipo de coisa. Os volantes têm uma função de contensão e de equilíbro que é fundamental para o time, apesar de não serem muitos criativos. Não tem jeito, tem que aprender a conviver com este tipo de critica.
– O que você está fazendo atualmente? Você se interessaria em ser treinador de futebol?
– Sou sócio de uma empresa imobiliária espanhola. Estamos construindo aqui em São Paulo edifícios de alto padrão. Não tenho interesse de ser técnico, pelo menos por enquanto. Eu estou me concentrando mais na qualidade de vida de minha família. Eu tenho dois filhos relativamente jovens e eu não tive a oportunidade de ficar perto deles quando jogava futebol. Atualmente, meu maior objetivo é ficar mais próximo de minha família. A possibilidade de trabalhar em uma área administrativa me atrai mais do que ser técnico de futebol.
Seus votos:
1. Julio César: "Um goleiro fantástico. Certamente o melhor do mundo."
2. Luis Fabiano: "Está se destacando muito no Sevilha e com a Seleção. Um jogador que eu gosto muito porque ele se investiu muito para ser o que ele é hoje."
3. Daniel Alves: "Se destacou no Sevilha, e também no Barcelona. Ele é muito polivalente"
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