Um prêmio feito para ele
Kaká é o feliz contemplado, o melhor brasileiro a lidar com a bola no lado europeu do Atlântico. Neste ano, foi ele o escolhido, ficando no topo da lista de dois dos três grupos de eleitores que constituíram este primeiro concurso Samba de Ouro. Os grandes eleitores e os membros da associação que constitui este site só tinha o nome dele em mente. Os internautas também prestigiaram muito estas duas sílabas que glorificam o futebol auriverde desde que o garoto se decidiu a migrar para o Velho Continente com o uniforme do Milão a tiracolo.
Um pouco de Pelé em Kaká
[photo=minkaka3.jpg id=252 align=right]O que poderia ser mais natural nesta eleição? Este resultado torna-se completamente evidente quando vemos Kaká jogar. Apesar de ele ter começado o ano com dificuldades em função de seu problema no joelho, ele termina 2008 com jogadas extraordinárias, com ações que fazem vibrar nosso coração de apaixonados pela bola de ouro. Kaká constitui um outro mundo, um mundo que é formado por ele e mais ninguém, é alguém especial que parece jogar sozinho em campo. É capaz de infiltrar todas as defesas, de encontrar aberturas onde não tem, de passar por cima, por baixo, de lado… É o Pelé dos tempos modernos.
Esta comparação, que pode parecer um pouco exagerada, não pode ser, entretanto, negada. Quando falamos de Ricardo Izecson dos Santos Leite – seu irmão mais novo achou mais fácil chamá-lo de Cacá… transformando-se em seguida em Kaká –, nenhum elogio é muito. Claro que nunca mais teremos outro Pelé, ele é único, ele continua sendo a referência maior; mas temos que assumir que Kaká apresenta semelhanças incríveis, adaptadas ao seu tempo, em um jogo e um ritmo altamente acelerados.
Um brasileiro nato
As imagens de Pelé mostram um Edson Arantes do Nascimento atravessando o campo de um lado para o outro, fazendo as defesas serem vistas como meros pinos de boliche espectadores. Várias e várias vezes o vimos medindo os milímetros de um passe, enganando um e outro jogador com dribles que pareciam cair do céu. Ele marcou gols inesquecíveis, como aquele contra a Argentina em jogo amistoso. Ele tinha um controle absoluto da bola, e depois de dribles, corridas e mais dribles, sempre nos presenteava com um lindo gol.
Tanto um como outro possuem esta rara faculdade de poder sair sozinho de qualquer situação complicada. Aliás, quando os observamos jogar, nada parece difícil. Tudo parece simples, infantil, o futebol volta a ser um jogo e deixa de ser uma disciplina. Para isto, os dois são, verdadeiramente, brasileiros natos: para eles o futebol não tem o peso de um trabalho, mas a tranquilidade de um momento de diversão; eles jogam pra valer e nos deixam com mel na boca. Kaká é um rei no drible em movimento, um príncipe no drible parado. Ele é o único de seu mundo.
Ele pode ocupar qualquer posição
[photo=minkaka2.jpg id=252 align=left]Aos seus 26 anos, Ricardo – também chamado de Ricky – não tem defeitos. Ele é um artista por sua visão de jogo, um artilheiro por sua facilidade de marcar gols, um gênio por sua forma de manejar a bola. É simples, ele pode ocupar qualquer posição em jogo. A propósito, ele ocupa normalmente mais do que uma durante um jogo. Ele é visto defendendo o time, cabeceando bolas altas com estilo, dando passes decisivos que ele é o único capaz de sentir e a imaginar, saindo vencedor de situações ultra difíceis na frente de um gol.
Quando ele acelera com a bola no pé, a única forma de pará-lo é com um drible assassino. Ágil, ele sabe abrir para si mesmo o caminho do paraíso. Kaká é um craque absoluto, joga com o pé direito, com o esquerdo, com a cabeça, com o peito. Mesmo nas propagandas a gente aproveita para admirá-lo fazendo malabarismos com duas bolas ao mesmo tempo. Ele já nasceu craque, certamente não nasceu no Brasil por acaso. Ele não gosta de brincadeiras e diversões fúteis, tudo o que faz tem uma utilidade, nada é desperdiçado.
Um atleta perfeito
Kaká é, antes de tudo, um excelente atleta. Suas qualidades físicas são impressionantes. Ele corre com estilo e com um ritmo elevado, faz a marcação adversária passar por um papel de simples marionete. Sua altura (1,84m) é respeitável, a força com a qual ele chuta a bola o permite fazer milagres. Em movimento do começo ao fim do jogo, ele não perde nenhuma gota de motivação. Ele é incansável. Conseguiu entrar no jogo europeu sem perder seu refinamento brasileiro. É o jogador de futebol perfeito. Ele sabe colocar a bola pra correr e correr tão rápido quanto ela, sabe usar sua potência quando luta pela bola sem perder suas tão admiradas virtudes. Ele não pensa duas vezes para fazer um esforço suplementar durante um jogo e sabe muito bem comemorar logo após um gol. Esforçado, ele sabe também se sacrificar pela equipe. Seu jogo é um futebol total com toda a elegância de um Cruijff.
Amálgama de estilos
[photo=minkaka1.jpg id=252 align=right]Para nós é uma honra que Kaká inicie a história do Samba de Ouro. Suas premiações têm origens distintas: jornal espanhol « El Pais », « Ballon d’Or » de « France-Football », Bola de Ouro da Placar, FIFA, FIFPRO. Eleito o melhor jogador do Brasil, da Itália, a maior esperança do futebol, o mais belo estrangeiro, a máquina mais bonita do mundo… O único prêmio que lhe estava faltando era o de melhor jogador brasileiro na Europa, um título que foi feito para um fiel representante da ligação entre o Brasil e a Europa. Ele poderia ser embaixador desses dois continentes por ser um verdadeiro amálgama dos dois estilos.
Não é por acaso que este jogador tenha ganhado por unanimidade. Além de suas qualidades profissionais, é impecável como ser humano. Nele não há o que incomoda na Europa, nem mesmo seu lado imprevisível de brasileiro « rei da festa », quando ele nos mostra seu amor verdadeiro pelo futebol na praia, levando ao delírio as adolescentes. É um rapaz sério, aplicado, respeitoso, fiel, um anjo com cara de criança. Sua linha de conduta não se desvia de seus ideais. Jogador perfeito, esposo apaixonado, papai ideal… ele é um sonho!
Resultado do Samba de Ouro 2008:
1. Kaká (AC Milão) – 25,03%
2. Robinho (Manchester City) – 14,34%
3. Luis Fabiano (FC Sevilla) – 13,65%
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O troféu Samba de Ouro foi concebido por Gérard Brand, um famoso artista de Obernai, na Alsácia (França). Atraído de imediato pelo símbolo do troféu, o artista quis destacar a amizade entre o Brasil e a Europa – daí estas duas mãos que se religam – através do título de melhor jogador brasileiro da Europa. O termo « Samba de Ouro » despertou igualmente o interesse do artista, que optou pela modelagem de uma bola revestida de ouro. Esta obra é uma peça única que será entregue nas mãos de Kaká neste mês de janeiro, em Milão.