Transmitindo a paixão pelo futebol
Ele tem um programa de sucesso. No Brasil, Décio Lopes é conhecido por ser o amigo dos "grandes", seus confidentes; aquele com quem eles têm o prazer de compartilhar momentos raros de entrevistas. Kaká, Robinho, entre outros, não pensam duas vezes antes de abrir para ele suas portas e contar a este jornalista seus pequenos segredos. Nascido em São Paulo e morando atualmente no Rio de Janeiro, esta mudança que parece ser tão simples, acabou oferecendo ao Décio a vantagem de manter uma imagem de neutralidade.
Ao país onde a cultura é oral
[photo=lopes.jpg id=243 align=left]Quando tinha quatorze anos, Décio já trabalhava na TV Globo como repórter. Ele foi em seguida chefe de edição das célebres emissões Globo Esporte e Esporte Espetacular. Desde 2004, ele tem sua própria emissão, Expresso da Bola, que ele produz e apresenta no Sport TV. Ele participa também a diversos outros programas deste canal esportivo. Mas foi mesmo com o Expresso da Bola que ele se tornou conhecido pelo público e admirado pelos jogadores.
No país onde o futebol é rei, serví-lo com mais e mais informações é uma fonte de vida. Nas conversas, no carro, em família ou entre amigos, na rua com desconhecidos ou entre colegas de trabalho, a bola redonda promove a vida social e dá início a vários debates. No Brasil, a cultura é, antes de tudo, oral. Ela se transmite pelas trocas, a conversação é a mídia nacional, já que poder expressar sua opinião é algo essencial no país.
Abrindo o coração
É muito comum no Brasil ter emissões nas quais os telespectadores abrem livremente seus corações. E é justamente disso que os brasileiros gostam: manifestar-se diretamente e dizer o que pensam do que vêem na televisão. Quando damos nossa opinião nos sentimos importantes, reconstruimos o mundo. E as discussões não se terminam nunca; são semelhantes a uma partida de futebol de praia, entre amigos e sem limite de tempo, simplesmente pelo prazer de tocar na bola.
A transmissão de um jogo na televisão, no Brasil, é um verdadeiro show, é uma explosão de fogos de múltiplos artifícios. Vemos jornalistas, comentadores, ex-jogadores, entre várias outras personalidades. São tantas intervenções que no final a gente acaba se perdendo no meio de tanta magia. O futebol da arte é um espetáculo; tem ritmo, é dinâmico, jogado a cem por hora.
« Goooooooooooooool ! »
Os comentadores brasileiros se tornaram célebres no mundo inteiro com os seus famosos gritos de gol, com um "o" que não termina mais, que sobrevoa a festa da torcida, que provoca os que não estão atentos. Narrar um jogo de futebol torna-se um esforço tão intenso e tão físico quanto o realizado pelo jogador. Para quem conhece ou não a língua portuguesa, é simplesmente impossível não se sensibilizar à sua música, às vibrações dos comentadores. O mundo deles é aquele no qual jogam milhões e milhões de fãs.
Repórter no campo
Em campo, depois de um gol, o repórter não pensa duas vezes antes de correr atrás do goleiro, da defesa, do ataque, ou do árbitro, para impor seu microfone e pedir a opinião de quem ele encontra pela frente. A reportagem é viva, e ainda melhor quanto mais perto ela estiver da fonte de informação. [photo=expresso.gif id=243 align=right]O dia no qual for possível colocar um microfone ou uma mini-câmera na chuteira de um jogador, será certamente no Brasil, e em nenhum outro lugar do mundo, onde isso será feito pela primeira vez.
Durante a semana, as emissões se seguem, uma após a outra, noite e dia, dia e noite. No domingo, programação garantida durante o dia todo, sem parar. Sport TV mostra o seu peso, a TV Record organiza emissões que começam a tarde e vão até o fim da noite. Cada gesto é estudado em detalhes, um penalty pode ser mostrado até cinquenta vezes seguidas, imagem por imagem (24 por segundo!) sem parar. Também as informações por rádio oferecem aos torcedores a possibilidade de se manter informados sem interrupção, quando estão no sofá, no carro, na rua, em qualquer lugar.
As estrelas estão presentes
Entre todos os meios de comunicação encontram-se também os jornais. O Placar, com suas edições mensais, é muito reputado. O Lance é um diário nacional esportivo. Ninguém segue de perto o que acontece na Itália ou na Espanha, países onde o futebol também é vivido intensamente. Todos os grandes jornais oferecem igualmente uma ampla cobertura do futebol. No Rio de Janeiro ou em São Paulo, o Jornal do Brasil, a Globo, e todos os outros vivem para e por este esporte.
Nestas emissões de vedetes, encontram-se jogadores que nos fizeram sonhar em seus tempos de glória. Walter Casagrande, ex-jogador do Corinthians, nos faz agora sonhar com suas palavras na TV Globo. Tostão, com um ar um pouco mais intelectual, escreve para a Folha de São Paulo. Os jornalistas são também grandes estrelas: Décio Lopes na Sport TV, Milton Neves na TV Bandeirantes. No país dos auriverdes, os que falam bem do futebol acabam se transformando rapidamente em personalidades importantes. O futebol é um assunto sério, é uma verdadeira arte.
Décio Lopes votou para…
1) Maicon ; 2) Julio César ; 3) Kakà.
Seus comentários…
Maicon: "Meu voto vai certamente surpreender muita gente no Brasil, porque o estilo do Maicon parece um pouco estranho, ou dizendo melhor, não muito brasileiro. Eu acho que o Maicon sobrevoa os jogos;ele está em uma fase sensacional. Sua condição física é excelente, a 100%, ele está realmente se destando muito, evoluindo de uma forma incrível em seus passes, em seus gestos. Na Seleção e no Inter, ele simplesmente faz a diferença. O resultado coletivo reflete o bom trabalho individual. O Inter é o líder do "Calcio" e se mantém no topo de um dos campeonatos mais difíceis do mundo. O Maicon ocupa um lugar fundamental neste sucesso."
Júlio César: "É um goleiro completo, excelente em todos os aspectos. Além disso, ele tem uma personalidade muito forte, uma confiança que consegue transmitir ao time todo. É um jogador que está desempenhando um papel fundamental nas performances do Inter nesta temporada."
Kaká: "Eu voto para ele por seu mérito. Sua temporada foi difícil devido às performances ruins do Milão e também pelo fato de ele ter se machucado. Ele não teve a oportunidade de jogar em seu melhor nível, mas é simplesmente impossível não incluir Kaká na lista do Samba de Ouro. Sua força, sua técnica, a qualidade com que ele passa a bola… ele é um gênio, um desses que a gente vê nascer a cada dez anos."