Corinthians: 95 anos de paixão
Da bola ao campeonato
[photo=trofeus.JPG id=105 align=right]Após estudar na Inglaterra dos nove aos 20 anos, Charles Miller retornou ao Brasil em 1894 trazendo na bagagem duas bolas de futebol. Foi o início da paixão nacional pelo esporte criado oficialmente pelos ingleses, mas cujas origens remetem a tempos imemoriais. Jogos com bola feita com bexiga de animais remontam à Grécia Antiga e à China do século III a.C, passando pelo Império Romano, cuja expansão levou o “harpastum", um jogo criado para exercitar soldados, à Gália e à Bretanha, onde séculos depois foram criadas 14 regras básicas do futebol, separando-se do rúgbi.
Miller voltou ao Brasil determinado a difundir o novo esporte, mas encontrou resistência de dirigentes do clube de críquete São Paulo Athletic Club, do qual era sócio. Empregou-se na São Paulo Railway, uma companhia ferroviária inglesa, e passou a ensinar o novo esporte aos colegas. Barrados no SPAC, Miller e seus jogadores decidiram treinar nos campos da Várzea do Carmo, onde aconteceu o primeiro jogo oficial de futebol no Brasil. Em 15 de abril de 1895, o The São Paulo Railway, com Charles Miller, bateu o Team do Gaz (funcionários da São Paulo Gas Company) por 4 a 2.
O futebol começou sendo praticado pela elite. O primeiro campo em São Paulo ficava na Chácara Dulley, no então bucólico bairro do Bom Retiro. As traves do campo da família Dulley eram feitas de imbúia! O interesse cresceu rapidamente, e disseminou-se em dois estratos sociais: na elite, com “matchs" disputados nos clubes, e nas classes populares, com as “peladas" nos campos naturais formados nas várzeas dos rios Tietê e Tamanduateí. Próximo do Centro, o Bom Retiro concentrava imigrantes, sobretudo italianos, espanhóis e portugueses, que também se entusiasmaram com o futebol.
Em 1901, Casimiro da Costa e um grupo de esportistas criaram a Liga Paulista de Futebol, dando o empurrão definitivo ao esporte bretão. Além de Miller, outro jovem, Hans Nobling, passou a promover amistosos, pavimentando o caminho para a organização do primeiro campeonato oficial em terras brasileiras: o Campeonato Paulista, cuja primeira edição aconteceu em 1902 e que tem como maior vencedor no século XX um time fundado oito anos depois: o Sport Club Corinthians Paulista.
O jejum acabou!
Rivellino, campeão mundial na Copa do México, disparou: trocaria a conquista do tricampeonato por um título no Corinthians. Dino Sani, agora técnico, também rejeitou um convite para comandar a Seleção Brasileira, armando um novo time do Parque São Jorge. O lateral-direito Zé Maria foi contratado, mas o Timão não passou do quinto lugar no Campeonato Paulista de 1970 em que os times grandes só entraram na fase final.
De nada adiantou a declaração de amor do “Reizinho do Parque". Num gesto passional, a Fiel o culpou pela derrota por 1 a 0 na final do Paulista contra o arqui-rival Palmeiras, em 1974. E Riva trocou o Parque São Jorge pelas Laranjeiras, do Fluminense.
[photo=treino.JPG id=105 align=left]Dois anos depois, a Fiel Torcida estrelou um espetáculo à parte: a histórica “invasão do Maracanã". Nas semifinais do Brasileiro, em dezembro de 1976, 70 mil corintianos, na volúpia pelo titulo, dividiram o velho “Maraca" ao meio, empurrando o time à vitória, nos pênaltis, contra o Fluminense. Até Nelson Rodrigues, tricolor histórico, se maravilhou.
Venceu na praia, mas morreu no Beira-Rio, estádio do Internacional, que venceu a final por 2 a 0. O Timão, no entanto, caiu de pé diante da “máquina colorada", que tinha o goleiro Manga e o zagueiro Figueroa trancando a defesa, Batista e Falcão comandando o meio-campo e o goleador Dario, o Dadá Maravilha, puxando o ataque.
A agonia chegou ao fim no ano seguinte, no Campeonato Paulista, depois de um jejum de 22 anos, oito meses, sete dias, quatro horas e 36 minutos. No primeiro jogo, contra a Ponte Preta, um gol com a cara e a coragem de Palhinha. No segundo, um frio na espinha: a “Macaca" enfiou 2 a 1, de virada.
No terceiro e decisivo jogo, Basílio, que veio da Portuguesa para substituir Rivellino, entrou para a história. O técnico Oswaldo Brandão sabia que o meio-campista estava predestinado a cravar seu nome na galeria dos heróis mosqueteiros. Sonhara na noite anterior que ele faria o gol do título redentor. Estava escrito nas estrelas. E o “pé de anjo" soltou o grito de "é campeão" entalado na garganta.
O Mundo é do Timão!
Virada para o ano 2000. Uma atmosfera de euforia e êxtase se mescla com as tradicionais advertências de que o mundo acabaria. Em 1910 – ano da fundação do Corinthians – foi a mesma coisa. E naquela época era somente o Cometa Halley …
Mas o que acabou mesmo foi aquela lenga-lenga de chamar o Corinthians de time caseiro. E em alto estilo: no templo mundial dos boleiros, o Maracanã. O Timão, que já colecionava dez títulos internacionais, foi o primeiro campeão de um Mundial de Clubes organizado pela Fifa, a entidade que comanda o futebol mundial.
No Mundial da Fifa, realizado no Brasil, o Corinthians consagrou sua saga de conquistas, tornando-se campeão depois de superar na final o Vasco da Gama, em pleno Maracanã, depois de ter enfrentado Real Madrid, da Espanha, Al Nassr, da Arábia Saudita, e Raja Casablanca, do Marrocos. Participaram também Manchester United, da Inglaterra, Necaxa, do México, e South Melbourne, da Austrália.
Dida foi o herói da final, decidida nos pênaltis, defendendo a cobrança do lateral-esquerdo Gilberto. O “Animal" Edmundo chutou para fora e o “gavião" abriu as asas no Maracanã para o vôo da vitória. O goleiro baiano já havia mostrado por que é o melhor pegador de pênaltis do mundo, defendendo uma cobrança do atacante francês Anelka, evitando a eliminação do Timão diante do Real Madrid.
Mais uma vez a Fiel Torcida deu um show à parte: não repetiu a histórica invasão de 1976, mas o “Maraca" viu, e ouviu, 20 mil corintianos calarem 70 mil cruzmaltinos. Em 14 de janeiro, o time que surgiu na várzea fincou seu pavilhão na história oficial da Fifa. Agora, o mundo é do Timão!
Fonte: http://pessoal.sercomtel.com.br/nacaocorinthiana/historia.html
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