Serie Campeões do Mundo: Bebeto 1994
[photo=bebeto.jpg id=60 align=right] A conquista do tetracampeonato pelo Brasil em 1994 foi marcada pelo espírito coletivo de um time armado à perfeição no aspecto tático por Carlos Alberto Parreira. No plano individual, quando se lembra que Romário foi o destaque, há que se acrescentar um nome. Bebeto, um dos jogadores mais talentosos que o futebol brasileiro conheceu, foi igualmente decisivo para o título que a Seleção Brasileira não ganhava há 24 anos.
– Tenho a perfeita consciência da minha importância na seleção do tetra e isso vai passar para a história. Mas seria uma injustiça não destacar todo aquele grupo, a comissão técnica. Foi o time mais unido em que eu joguei – garante.
Bebeto lembra que estava no apogeu da sua forma na Copa de 94. Além dos três gols que marcou, mostrou todo o repertório de jogadas e passes precisos que foram a marca registrada do seu futebol.
– Procurei me superar na Copa de 94. Participava de jogadas de área, abria espaços para os companheiros, procurava me movimentar pelos dois lados do ataque. Estava em grande forma física e técnica.
A sua importância para o tetra pode ser resumida, inclusive, por uma das orientações que Parreira dava para a Seleção. Ao pedir que o time fosse aplicado na marcação, o treinador sabia o que recomendar quando a bola fosse recuperada.
– Ele pedia para a bola chegar na frente que eu e o Romário poderíamos resolver – conta Bebeto.
Não só resolveram como se tornaram uma das maiores duplas de ataque já formadas no Brasil. Bebeto lembra que o entrosamento com Romário, iniciado na conquista da Copa América de 1989, chegou ao auge no Mundial de 1994.
– Nossos estilos se completavam. Eu, com mais movimentação e criação de jogadas. O Romário, com a sua presença de artilheiro. Acho que nunca mais vai haver uma dupla de ataque como a nossa – diz.
Das lembranças da campanha vitoriosa em 1994, Bebeto tem registrados dois momentos em especial.
– O gol que marque contra a Holanda, dois dias depois do meu filho Matheus ter nascido. E o jogo contra os Estados Unidos, em que marquei o gol da vitória de 1 a 0. Naquele dia, 4 de julho, tive a certeza de que ganharíamos a Copa – conta.
Outro depoimento revelador sobre a importância e o futebol de exceção de Bebeto é o de Zagallo, treinador que o dirigiu em início de carreira, em 1984, no Flamengo.
– o Bebeto foi um dos jogadores mais inteligentes que vi no futebol – resume Zagallo.
José Roberto Gama Oliveira, 41 anos, estreou na Seleção Brasileira no dia 28 de abril de 1985. Dois anos depois de chegar ao Flamengo, ainda garoto, vindo das divisões de base do Vitória da Bahia. Apesar do físico franzino, o seu futebol feito de criatividade e talento já chamavam a atenção de todos no clube.
– O Zico e o Leandro diziam que nunca tinham visto um jogador bater na bola do jeito que eu fazia. Mas, quando cheguei no Flamengo, pesava 52 quilos, era magro demais, tive alguma dificuldade. Logo comecei fazer o mesmo tratamento de reforço que o Zico e o Tita fizeram. Aí comecei a me destacar e cheguei à Seleção – conta Bebeto, fazendo questão de citar José Roberto Francalacci, o preparador físico responsável pelo trabalho de reforço muscular a que foi submetido com êxito.
No Flamengo, Bebeto foi artilheiro, campeão estadual e brasileiro. No Vasco, para onde se transferiu em 1989, foi também campeão brasileiro. Depois, com a ida para a Espanha, ajudou a transformar a história do La Coruña, um time até então modesto. No La Coruña, era ídolo da torcida, que dedicou a Bebeto uma impressionante manifestação de carinho no jogo que marcou a sua despedida do clube espanhol. As cenas da homenagem, registradas em um vídeo, o deixam até hoje emocionado.
– Fui muito feliz no La Coruña. Lá marquei os mais belos gols da minha carreira e conquistei a admiração da torcida.
A mesma admiração que o torcedor brasileiro tem ao rever a trajetória do craque na Seleção. Bebeto disputou 81 jogos pela Seleção principal e marcou 37 gols, com 54 vitórias, 17 empates e 10 derrotas. Conquistou a Copa do Mundo de 1994, a Copa América de 1989, a Copa das Confederações de 1997 e a Copa da Amizade em 1992. Pela Seleção Olímpica, jogou 30 vezes e marcou 15 gols.