Entrevista do José Sinval
[photo=sinval.jpg id=32 align=left]Samba Foot :
José, como você começou com o futebol?
José Sinval :
Eu não me lembro de ter tido uma bola nas mãos ou na ponta do pé…
Mas desde os meus 7 anos, eu já jogava na rua e nos terrenos baldios, com os colegas de escola, e também com alguns amigos mais velhos, que moravam no mesmo bairro que eu (saudade em seus olhos)
Samba Foot :
Você foi expatriado muito rapidamente para o campeonato suíço. Pode nos explicar as circunstâncias e as razões de sua partida precoce à Europa ?
José Sinval :
Convocado pela seleção brasileira Junior para o Campeonato do Mundo Junior no começo do ano de 1986 em Qatar, o clube Servette FC de Geneva, em estágio também em Qatar, e depois que uma delegação do clube suíço veio ver um jogo de nossa « jovem Seleção », durante o qual eu marquei 2 gols, entrou em contato comigo por intermédio de um antigo jogador, treinador naquele momento, senhor Tranchero, com o qual eu pude conversar em… italiano !
Servette me propôs um contrato que eu não pude recusar por duas grandes razões.
– Antes de mais nada, por uma questão financeira… por minha família… Eu não podia dizer não « a todo aquele dinheiro » e ao que isto poderia representar aos meus parentes.
– Segunda razão… A Europa !! Na verdade, este é o sonho da maior parte dos brasileiros. Representa o Eldorado, o caminho para grandes campeonatos e para uma carreira promissora !
Samba Foot :
Qual é sua melhor recordação como jogador de futebol ?
José Sinval :
Ter tido a honra e a oportunidade de usar a camisa da Seleção !
(Campeonato do Mundo – Seleção Junior do Brasil – Torneio em Qatar)
Samba Foot :
Você encontrou várias vezes o clube de Lugano (Tessin – Suíça) e seu zagueiro central Mauro Galvão, atualmente treinador do Botafogo Rio. Você ainda mantém contato com ele ?
José Sinval :
Sim, claro, mas infelizmente só por telefone.
Nós não somos da mesma região do Brasil… O Mauro é do Rio de Janeiro, enquanto eu sou de São Paulo, e por isso não é possível que nós nos reencontremos « fisicamente ». É uma pena !
Samba Foot :
Para qual time brasileiro você torce ? Qual é, na sua opinião, a futura estrela do futebol brasileiro ?
José Sinval :
Simplesmente o clube (meu clube… minha região…) de São Paulo.
Quanto ao jogador, sem dúvida é aquele que se apresenta no Milão AC, aos seus 21 anos somente. Ele é simplesmente um prodígio !
Samba Foot :
A Seleção está sentindo algumas dificuldades nos primeiros jogos das eliminatórias para a próxima Copa do Mundo. Como você julga esta performance atual ?
José Sinval :
O que acontece é que o treinador está constantemente testando os jogadores, as fases de jogo… Ele não tem um tipo de equipe pré-determinada !
Além disso, os grandes jogadores (as estrelas), não estão sempre totalmente disponíveis e presentes durante os jogos do Brasil (calendário, distância, prioridade do clube…).
Todo mundo quer nos vencer, e o Brasil, que não tem na verdade o direito de errar, fica então sob pressão (por nada).
Os jogos contra as equipes da América do Sul são frequentemente difíceis e os encontros muito físicos…
Mas mesmo se a Seleção não inflama sempre todos os jogos, no final das contas, eles estão sempre presentes. Basta observar como foi a última Copa América para nos convencermos disso ! Eles nunca falharam em uma participação no Mundial… Então não existe razão para que isso possa mudar !!
Samba Foot :
Se você fosse o técnico da Seleção brasileira, que dupla você escolheria para o ataque ?
José Sinval :
1. RONALDO ! Só o nome dele já é suficiente. Sempre perigoso mesmo com 50% de sua capacidade.
2. ADRIANO ! Magnífico centravante do Internacional de Milão, ele pode abrir muito espaço para o Ronaldo e a gente sabe que se ele tem espaço…
Eu acho que esta poderia ser uma dupla muito dinâmica !
De qualquer forma, ela seria a que eu elegeria para jogar…
Samba Foot :
Como está atualmente sua reconversão « pós-futebol » ?
José Sinval :
Tudo se passa muito bem. O começo foi um pouco difícil, é verdade, sobretudo moralmente. Uma vez que nós decidimos virar a página, depois de uma carreira esportiva profissional, os dias não são necessariamente fáceis. É um ritmo de vida que muda completamente, o que faz falta certamente no começo. Mas de um modo geral, e graças à minha família e aos meus amigos, tudo se passou relativamente bem.
Atualmente eu trabalho com jovens, além de estar, paralelamente, tirando meu diploma de treinador. Eu passei no diploma nível « C », estou indo em direção do « B »… e depois do « A » !
Mas o principal de minha reconversão pós-futebol está sendo o meio de agentes esportivos. Esta é uma de minhas prioridades atuais.
Estou descobrindo uma outra vertente do Microcosmo futebolístico. É um mundo de « tubarões », mas muito interessante por existirem vários jogadores jovens e talentosos que merecem ser acompanhados e encaminhados da melhor forma possível. É isso que eu me esforço para fazer, não importa com que jogador, mas no entanto, com uma leve prioridade para meus compatriotas brasileiros…
Samba Foot :
Você seria tentado por uma carreira de treinador ?
Se sim, em que campeonato?
José Sinval :
Sim, por que não ?! Tendo meu diploma no bolso eu não fecharia nenhuma porta…
Talvez começaria esta nova carreira na Suíça, no meu clube de sempre aqui em Geneva, depois treinaria uma equipe do campeonato mais competitivo do mundo, a Liga (Espanha).
E quem sabe, terminaria minha vida profissional no Brasil, em São Paulo ?!
Acho que esta seria uma bela finalização… O círculo estaria então terminado!
Samba Foot :
Obrigado por tudo José.
José Sinval :
Eu que agradeço..
Entrevista realizada por David Buhler, correspondente permanente em Geneva, para Sambafoot.