Ricardo Teixeira entrega a camisa 11 ao seu dono

Romário saiu sede da CBF com a camisa 11 da Seleção Brasileira nas mãos, a nova, a que faltava na sua coleção. A mesma camisa com que vai se despedir em jogos internacionais no amistoso do dia 11 de novembro entre a Seleção tetracampeã do mundo e a seleção mexicana, no Estádio Rose Bowl. O […]
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sambafoot_admin
Publicado em 15/10/2004 às 10h13

Romário saiu sede da CBF com a camisa 11 da Seleção Brasileira nas mãos, a nova, a que faltava na sua coleção. A mesma camisa com que vai se despedir em jogos internacionais no amistoso do dia 11 de novembro entre a Seleção tetracampeã do mundo e a seleção mexicana, no Estádio Rose Bowl. O atacante esteve na sede da entidade para agradecer o apoio do Presidente Ricardo Teixeira e também convidá-lo para estar presente no jogo.

– Sempre disse que para mim seria uma honra me despedir da Seleção vestindo a camisa 11 oficial. Sem isso, a festa não será completa. Quero agradecer ao presidente, que prometeu fazer de tudo para assistir ao jogo. Dos tetracampeões de 94, faltava confirmar a presença do Ronaldo e do Cafu, que já me garantiram que vão jogar. O Parreira será o treinador e estamos tentando realizar o amistoso no Rose Bowl.

No encontro de hoje à tarde, Romário e o Presidente Ricardo Teixeira conversaram muito sobre a Copa dos Estados Unidos. Recordaram momentos que consideram marcantes na vida dos dois e riram das histórias do zagueiro Ricardo Rocha, que Romário diz ter sido fundamental para a união do time de 94.

– Foi o momento marcante não só para mim, para o presidente, mas para todo o povo brasileiro. Depois de 24 anos, tínhamos a obrigação de dar essa alegria para as pessoas e felizmente conseguimos. Vai ser muito difícil repetir um grupo como aquele, que se uniu tanto em torno de um objetivo – disse Romário.

O Presidente Ricardo Teixeira ressaltou que o jogo do dia 11 de novembro vai representar a despedida de Romário apenas em jogos internacionais. O presidente está certo de que o atacante ainda vai jogar por mais alguns anos e lamentou que isso não a aconteça com a camisa 11 do Flamengo.

– Ele não vai parar, tenho certeza. E é uma pena que ele não esteja no Flamengo, para fazer os gols que o time precisa para não ser rebaixado – disse o Presidente da CBF.

Ricardo Teixeira fez questão de enumerar a trajetória de Romário na Seleção Brasileira, destacando episódios que o dirigente considera fundamentais na carreira do atacante com a camisa do Brasil. Os dois gols na vitória de 2 a 0 sobre o Uruguai, nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994; o gol também sobre o Uruguai, no 1 a 0 com que o Brasil foi campeão da Copa América de 1989, e o gol na vitória sobre a Holanda nos 3 a 2 que pôs o Brasil na semifinal da Copa do Mundo de 1994.

– O Romário é quem pode falar melhor, mas considero esses momentos importantes. Teve também o gol de cabeça contra a Suécia na semifinal de 94. Ele com esse tamanho todo conseguiu marcar o gol salvador de cabeça – brincou o presidente da CBF.

Romário lembra bem desse lance. E riu muito ao contar o que antecedeu o gol que marcou escorando com a cabeçada o cruzamento de Jorginho.

– O goleiro da Suécia estava me gozando, dizendo que eu não ia marcar, que ele ia pegar tudo, e realmente estava fazendo grandes defesas. Respondi, “calma, daqui a pouco tem forra”. E o gol saiu.

Esse gol foi um dos 70 que Romário marcou em 87 jogos pela Seleção Brasileira. O atacante vai se despedir no dia 11 de novembro como o segundo maior artilheiro da Seleção Brasileira em números absolutos – tem 25 a menos do que Pelé, com seus 114 jogos.

Muitos deles foram decisivos e levaram o Brasil a grandes vitórias e conquistas.

Dos 70 gols que marcou, ele guarda na lembrança alguns que considera importantes, outros os mais bonitos. Os primeiros que vêm à lembrança são realmente os dois que fez no Uruguai, no Maracanã, na vitória de 2 a 0 que classificou o Brasil para a Copa do Mundo de 1994. Romário destaca esse jogo não só pelos gols, mas pela atuação que teve naquela tarde do dia 19 de setembro de 1993.

– Tive uma das melhores atuações da minha carreira. Os dois gols foram bonitos, assim como o da decisão da Copa América de 1989. O Mazinho cruzou e eu me antecipei ao zagueiro e o goleiro, de cabeça – conta.

Romário conta sobre mais gols, ele mesmo narra os lances, como se estivessem todo tempo presentes na lembrança – só não guarda datas com precisão.

– Teve um que fiz no México, em um amistoso em Miami, que foi lindo. Vencemos por 4 a 0. O Djalminha cruzou e eu peguei de primeira. O goleiro não se mexeu.

O jogo a que Romário se referiu aconteceu no dia 30 de abril de 1997, no estádio Orange Bowl. Outro gol que Romário descreveu como bonito aconteceu também em 1997, no dia 7 de dezembro, em amistoso realizado em Johanesburgo contra a África do Sul.

– Recebi um passe do Bebeto e, de fora da área, encobri o goleiro. Foi muito legal, um toque só – diz.

Há mais gols para contar. Romário lembra de um contra a Inglaterra em que driblou dois zagueiros, em jogo válido pelo Torneio da França, no dia 10 e junho de 1997. O Brasil venceu por 1 a 0. Contou outro que fez na Costa Rica, também driblando em velocidade – “não se foi Costa Rica ou Panamá” -, e estava feliz, bem-humorado. Só não conseguia esconder a saudade que sente da Seleção Brasileira. Ao ver um quadro na sala da Presidência da CBF, em que os jogadores posaram com a primeira camisa do Brasil, a de 1914, o atacante não se conteve.

– Como eu gostaria de ter vestido essa camisa. Achei muito bonita.

Romário vai matar a saudade no seu jogo de despedida. Estará ao lado do time tetracampeão, quer dar adeus marcando gols, diz que não consegue esquecer os momentos que viveu na Seleção Brasileira.

– A Seleção Brasileira faz parte da minha vida. Todo jogador do mundo sonha em vestir essa camisa. Eu consegui e graças a Deus fui tetracampeão do mundo. Isso vai ficar para sempre – disse Romário, que posou com o presidente Ricardo Teixeira com a camisa 11 e o Troféu Copa do Mundo, conquistado em 1994.

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