Entrevistas coletivas no futebol atual são consideradas sinônimos de frases prontas e expressões batidas. Quando o entrevistado é o técnico do Botafogo, Joel Santana, a situação é bem diferente. Nesta terça-feira, na sala de imprensa Armando Nogueira / Tempo Real, ele já surpreendeu ao se sentar em meio aos repórteres enquanto Alessandro falava. Um jornalista brincou indagando qual seria a pergunta do treinador para o lateral, mas Joel, com seu bom humor tradicional, rechaçou e ainda ameaçou botar o repórter de castigo, provocando riso geral.
Durante a entrevista, Joel Santana diverte a todos com suas tiradas, mas sem deixar de responder pergunta alguma. Conta histórias de sua vida, como que fez musculação nesta terça-feira e foi abraçado por um flamenguista que se declarou fã dele e o surpreendeu. Fica um pouco mais sério, mostra-se solidário a todos os atingidos pelo problema das chuvas no Rio de Janeiro, mas logo volta a brincar com a imprensa. Tudo isso sem mostrar qualquer nervosismo em uma semana decisiva, na qual o Botafogo fará a final da Taça Rio contra o Flamengo.
“Procuramos manter a rotina, mas é claro que a semana é diferente para o torcedor e também para o treinador. O que queremos é manter o foco de um trabalho de dois meses e 15 dias, pois estamos em uma situação boa, que a maioria não acreditava que pudéssemos chegar. O time ganhou maturidade, acabou esse negócio de nos verem como quarta força. Temos uma vantagem, mas não o favoritismo”, diz Joel, respeitando o adversário, o qual conhece bem.
“Mantenho o discurso do primeiro jogo contra eles. O Flamengo é campeão brasileiro e tricampeão carioca, é uma equipe madura. A nossa foi formada há pouco tempo, é normal e natural que haja a desconfiança. O que tenho de fazer é dar a confiança necessária para o torcedor acreditar em nós. Hoje vejo o botafoguense alegre, comprando produtos na nossa loja”, explica.
Enquanto responde, o telefone de Joel toca, alto. E daí? Ele primeiro termina sua resposta para depois ver quem lhe ligava (“Isso eu resolvo fácil. Deve ser alguém querendo me entrevistar também, mas só falo com vocês aqui no clube”). E não perde as boas tiradas nem mesmo quando é questionado sobre as mudanças no time no jogo contra o Fluminense.
“Treinador é como quem faz filme ou novela, às vezes precisamos criar algo diferente. Não posso me preocupar se jogador vai ficar de cara feia se sair do time. Minha preocupação não é com o Joel Santana. Somos o Botafogo, temos de pensar em conquistas pelo clube”, ensina.
Naturalmente, só não revelou a escalação do time que enfrentará o Flamengo (“O jogo merece, vou levar essa questão até a hora da partida”). Mas teve tempo de brincar até no fim da entrevista: “Um prato cheio para vocês, né?”. Todos concordaram.
