Não poderia ter sido diferente. Foram 17 anos de espera, e a torcida rubro-negra merecia uma grande conquista. E ela veio na noite de ontem. Com gols de David e Ronaldo Angelim, o Flamengo fez 2 a 1 sobre o Grêmio, chegou aos 67 pontos e conquistou o sexto título brasileiro de sua história. Um título com a cara do Flamengo. Sofrido, de virada e com o Maracanã lotado. Uma verdadeira epopéia em vermelho e preto, com contornos de drama, suspense, mas, é claro, com final feliz.
Ansioso, assustado ou como quer que o time do Flamengo estivesse se sentindo, segundo o próprio técnico Andrade, “não entrou em campo no primeiro tempo”. Apesar do apoio incondicional dos torcedores e de enfrentar um Grêmio quase que totalmente reserva, o Rubro-Negro não conseguiu encaixar seu melhor futebol. A apatia se refletiu na torcida, que se calou. Foi a senha para um golpe que transformou a apreensão em medo.
Após cobrança de escanteio, aos 21, Roberson se antecipou à zaga na primeira trave e abriu o placar para o Grêmio. Logo depois, o Inter, grande rival do Flamengo na luta pelo título, fez o primeiro gol diante do Santo André, em Porto Alegre. O roteiro se tornava um verdadeiro drama. Mas, eram apenas algumas cenas. Afinal, 14 minutos depois, Pet cobrou escanteio da direita e, em uma bola quase perdida na área, Adriano dividiu com a zaga e, na sobra, David bateu de primeira no canto direito, aos 29 minutos.
Mais do que o empate, saía o alívio momentâneo e o gás de que o Flamengo e a torcida precisavam para, enfim, no segundo tempo, jogarem juntos e partirem para cima do Grêmio. Aos três, Petkovic cobrou escanteio, Adriano subiu sozinho na entrada da pequena área, cabeceou para o chão, mas mandou para fora. Em outra bola cabeceada, desta vez por Aírton, Marcelo Grohe voou e salvou o Grêmio, aos sete.
Léo Moura e Willians, ambos aos 11, estiveram perto de virar o placar. Aos 23, foi a vez de Adriano, que saiu na cara do goleiro Marcelo Grohe e acabou parando no arqueiro gremista. O Imperador, aliás, não teve grande atuação, assim como o maestro Petkovic. Porém, isso não atrapalhou. Se as estrelas maiores não brilharam, outro coadjuvante da constelação rubro-negra entrou em ação.
Aos 24 minutos, Petkovic bateu escanteio da esquerda, Ronaldo Angelim subiu no meio da área e testou no canto esquerdo: 2 a 1. Era só disso que o Maracanã precisava para explodir em vermelho e preto. Até o apito final, a torcida cantou, festejou, sofreu, roeu unhas, mas, enfim, 17 anos depois, pode constatar que o Flamengo, enfim, está de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído: o topo do Brasil.