A mística de São Marcos está de volta na Libertadores da América. O ídolo máximo da torcida alviverde foi o principal responsável pela classificação do Palmeiras às quartas-de-final do torneio continental. Marcos fez quatro milagres no tempo normal, na derrota para o Sport por 1 a 0, na Ilha do Retiro, e ainda pegou três na decisão por pênaltis.
Nada é mais bonito do que ver o gênio do gol mostrando que, aos 36 anos, voltou a ser o melhor goleiro do país. Pentacampeão Mundial 02 e Campeão da Libertadores 99, o arqueiro superou anos de contusões para voltar ao topo, sem nunca perder a humildade.
A pressão do Sport foi total desde o começo do jogo. Ataque atrás de ataque e a defesa palmeirense, com muita raça, barrou diversas decidas dos pernambucanos. Mas vamos ao que importa. Defesa que vale gol. Aos 9 minutos, Dutra lançou na área e Durval tocou de cabeça na pequena área. Paulo Baier completou livre e Marcos, no reflexo, evitou o gol.
O ataque do Sport desperdiçou mais chances reais de gol até o Palmeiras ter sua primeira boa descida. Aos 25 minutos, Cleiton Xavier cobrou falta na área e a zaga afastou. Da entrada da área, o zagueiro Maurício Ramos mandou de primeira, obrigando Magrão fazer boa defesa.
30 minutos de jogo. Sport no campo ofensivo. Parecia que o Verdão sucumbiria à pressão. Sandro Goiano colocou Paulo Baier livre pela direita da área. O ala olhou e bateu. São Marcos saiu espetacularmente para operar outro milagre.
Um contra-ataque certo, aos 35 minutos, foi a melhor oportunidade da equipe de Vanderlei Luxemburgo na etapa inicial. Keirrison escapou pela direita, entrou na área e bateu cruzado. O goleiro Magrão pegou firme.
Os milhões de torcedores palmeirenses em todo Brasil ficaram com o coração na mão antes do intervalo. Outra vez, Paulo Baier apareceu livre pela direita da área. O ex-atleta do Verdão olhou e chutou pra fora.
Logo aos 8 minutos do segundo tempo, Dutra cruzou no primeiro pau e Wilson cabeceou precisamente. Marcos fez outra mágica em baixo das traves.
A bola não entrava e a garra do Sport começou a transformar-se em desespero. O estádio ficou em silêncio, parecendo que a equipe pararia de vez na defesa e no goleiro do Palmeiras. Só que, aos 36 minutos, Luciano Henrique fez ótima jogada pela esquerda e cruzou rasteiro. A bola passou por todos na área, menos por Wilson, que completou para rede.
Este era o fôlego necessário aos torcedores pernambucanos. A Ilha foi ao delírio, empurrando seu time até o minuto final. E foi exatamente neste momento que apareceu, outra vez, a genialidade de São Marcos. O camisa 12, com a ponta dos dedos, evitou o segundo do Sport, após belo chute de Ciro dentro da área. A bola ainda tocou na trave e saiu. 1 a 0 em São Paulo, 1 a 0 no Recife. Era hora de penalidades máximas.
O Palmeiras começou batendo. Magrão pegou a cobrança de Mozart. Na sequência, Luciano Henrique foi barrado por Marcos. Depois, Marcão, Danilo e Armero converteram muito bem suas penalidades. Já Fumagalli e Dutra pararam nas mãos do ídolo alviverde.
As defesas de Marcos classificaram o Palmeiras para as quartas-de-final e eliminaram um dos melhores times da atualidade. Este já é considerado um verdadeiro clássico do futebol brasileiro. O Nacional é o próximo adversário do Alviverde de Palestra Itália na Libertadores.
Ficha técnica
SPORT 1 (1) X (3) 0 PALMEIRAS
Sport
Magrão; Igor, César e Durval; Paulo Baier (Fumagalli), Daniel Paulista (Sandro Goiano), Andrade (Moacir), Luciano Henrique e Dutra; Ciro e Wilson
Técnico: Nelsinho Batista
Palmeiras
Marcos; Maurício Ramos, Danilo e Marcão; Wendel, Pierre, Souza (Mozart), Cleiton Xavier, Diego Souza (Willians) e Pablo Armero; Keirrison (Ortigoza)
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Data: 12 de maio
Local: Ilha do Retiro, no Recife (PE)
Árbitro: Carlos Chandía (CHI)
Auxiliares: Julio Cristian (CHI) e Osvaldo Talamilla (CHI)
Cartões amarelos: Andrade, Dutra, César (SPO); Pierre, Souza, Mozart (PAL)
Cartão vermelho: Wendel (PAL)
Gol: Wilson, aos 36min do segundo tempo.
Pênaltis: Igor (SPO); Marcão, Danilo, Armero (PAL)