O Athletico-PR anunciou, em 13 de abril, a contratação de Vitor Roque, de apenas 17 anos. O jogador era considerado uma das maiores promessas dos últimos anos da base do Cruzeiro, mas acabou trocando de time após o Furacão pagar multa rescisória.
O negócio acabou tomando conta das manchetes esportivas nacionais, mas não exclusivamente pelo futebol apresentado pelo jogador, mas pelo fato de a diretoria da Raposa alegar irregularidades na transação e prometer entrar na Justiça.
Natural de Timóteo, no interior de Minas Gerais, o jovem atleta caiu nas graças dos torcedores do Cruzeiro. No ano passado ele já havia sido artilheiro do Campeonato Mineiro Sub-17 (11 gols) e do Brasileirão da mesma categoria (10 gols). Ele chegou a fazer 3 gols na última edição do torneio estadual profissional, inclusive um contra o rival Atlético-MG.
Tudo isso fez com que a diretoria celeste o tratasse como grande joia e estabelecesse uma multa rescisória incrível de € 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) para times estrangeiros. Porém, a multa rescisória de um jogador para o mercado nacional, ou seja, para transações entre clubes brasileiros, é calculada de acordo com o salário do atleta, multiplicado por R$ 2 mil. No caso de Vitor Roque, a remuneração era de R$ 12 mil mensais, fazendo com que a multa fosse de R$ 24 milhões. O Athletico-PR, ao saber do valor, simplesmente depositou o valor nos cofres do Cruzeiro que nada pode fazer e viu o atleta vestir a camisa rubro-negra dias depois.
A Raposa, porém, alega ter tentado reajustar o salário de Vitor Roque semanas atrás e não conseguiu fazer acordo com o staff do jogador, que foi acusado pelo clube de má fé durante as negociações e de querer tirá-lo do clube. O clube mineiro, que possuía apenas 50% dos direitos econômicos do atleta, só vai ficar com a metade do valor e promete entrar com uma ação na 14ª Vara do Trabalho, onde Roque conseguiu a rescisão unilateral de seu contrato.
Como foi a negociação
A diretoria do Cruzeiro, ao perder o jogador, soltou uma nota oficial no site do clube ameaçando entrar na Justiça contra o clube paranaense e atacando o empresário do atleta e Alexandre Mattos, dirigente do Athletico e ex-Raposa.
Mattos, no mesmo dia do anúncio do atleta (13 de abril), deu uma entrevista para a Rádio 98 FM, de Belo Horizonte, e explicou como foi toda a negociação e negou qualquer irregularidade.
- 23 de março: Mattos alega ter recebido um convite para se reunir com o ex-atacante Ronaldo Nazário – dono de 90% da SAF do Cruzeiro – e do diretor do clube mineiro, Paulo André, para uma reunião onde o dirigente do Athletico-PR demonstrou interesse em Vitor Roque;
- 10 de abril: Mattos disse que Ronaldo ligou para ele pois estava interessado em alguns jogadores do Athletico-PR e pediu que eles fossem liberados para o clube mineiro que, em contrapartida, pediria “apenas” R$ 40 milhões para vender Vitor Roque ao clube paranaense;
- 10 de abril: Mattos ligou para André Cury, staff da promessa, e perguntou se eles teriam interesse em fazer negócio com o Athletico e se as negociações com o Cruzeiro poderiam começar. Por sua surpresa, Cury disse que ele já estava de saída do clube mineiro porque outros 2 clubes iriam pagar a multa, que era de R$ 24 milhões – muito abaixo do que Ronaldo o havia pedido;
- 11 de abril: Mattos ligou para Ronaldo de manhã e avisou que pagaria a multa do jogador. O gestor do Cruzeiro disse que não acreditava que o valor era realmente esse e acabou perdendo o atleta dias depois por, nas palavras de Alexandre Mattos, “amadorismo”.
Cenas dos próximos capítulos
De acordo com José Eduardo Junqueira Ferraz, advogado e colunista do portal GE, só duas coisas podem acontecer nos próximos meses:
- 1ª possibilidade: se o Cruzeiro conseguir comprovar que o valor da multa é superior a R$ 40 milhões, Vitor Roque ou o Athletico deverão pagar o valor restante para que a rescisão de contrato continue valendo;
- 2ª possibilidade: se o valor depositado pelo Athletico-PR for o correto, o contrato já firmado entre Roque e Furacão continua valendo pelas próximas cinco temporadas.