Acordo histórico – jogadoras do futebol feminino dos EUA conquistam direito de igualdade salarial entre gêneros junto à federação do país

As atletas ainda receberão uma grande compensação pela diferença de remuneração nos últimos anos
2022-03-02 12:32:02

Foram seis anos de luta, mas as seleções de futebol masculinas e femininas dos Estados Unidos terão, a partir de agora, igualdade salarial. A Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF), entidade responsável pela organização do “soccer”, anunciou a decisão em 22 de fevereiro, atendendo à reivindicação das atletas americanas.

De acordo com o jornal “The New York Times”, a federação do país pagará, como compensação pela diferença salarial nos últimos anos, US$ 24 milhões (cerca de R$ 123 milhões) a atletas do time nacional feminino, e prometeu acabar de vez com a discriminação, não só em remuneração, entre os gêneros.

As badalas jogadoras Megan Rapinoe (36 anos), do OL Reign, e Alex Morgan (32 anos), do San Diego Wave, encabeçavam a luta das atletas femininas do país nos últimos anos. As reivindicações eram para o abatimento de salários atrasados e a igualdade de valor pago entre os homens e as mulheres.

Para que tudo seja regularizado, é necessário que um novo contrato entre o Sindicato de Atletas de Futebol dos Estados Unidos e a USSF seja assinado. Tudo deve estar 100% pronto até a disputa da próxima Copa do Mundo Feminina da FIFA, que vai ocorrer no ano que vem, entre 20 de julho e 20 de agosto, na Austrália e Nova Zelândia.

“A USSF se comprometeu a oferecer a mesma remuneração às seleções masculina e feminina em todos os amistosos e torneios oficiais, incluindo a Copa do Mundo”, disse a entidade, em comunicado nas redes sociais.

“”Essa decisão é transformadora. O futebol é, acima de tudo, um negócio. Bilhões de dólares circulam todos os níveis desse esporte, então quando, em um país culturalmente capitalista como os EUA, acorda-se que as mulheres receberão salários iguais aos homens se eleva, automaticamente, a importância econômica do esporte feminino. Empodera as mulheres, mas também produz mais valor ao esporte como um todo, porque não irão baixar os salários dos homens e sim aumentar os das mulheres, logo aumentará o investimento no esporte como um todo”, afirmou Mônica Sapucaia Machado, advogada especialista em compliance de gênero, em entrevista recente para a coluna Lei em Campo, do portal UOL.

No Brasil

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já havia igualado pagamentos e prêmios entre as seleções masculinas e femininas em setembro de 2020. O comunicado aconteceu quando Rogério Caboclo ainda era presidente da entidade, logo após uma entrevista da técnica Pia Sundhage, que comanda a modalidade feminina.

“Não haverá mais diferença de gênero. O que elas recebem por diária nas convocações, nas premiações, inclusive em Copas do Mundo, será o mesmo valor dos homens. Na Copa, será igual proporcionalmente ao que a FIFA oferece. A CBF está tratando homens e mulheres de forma equânime”, disse o antigo presidente da CBF.

Rogério Caboclo foi afastado da CBF em novembro de 2021, após ter sido denunciado por assédio moral e sexual por funcionárias da entidade.

Sobre as seleções norte-americanas

O primeiro jogo da seleção masculina americana ocorreu em um amisto contra o Canadá em 1884, em jogo que marcou também o primeiro encontro internacional de futebol a ocorrer fora do Reino Unido na história do esporte. Os canadenses venceram por 1 a 0. Mesmo sendo tão antiga, a seleção norte-americana masculina não tem bons resultados quando o assunto são torneios intercontinentais. Sua melhor colocação na Copa do Mundo foi um 3º lugar na primeira edição do torneio, em 1930. Os EUA ficaram de fora da última edição do Mundial (Rússia 2018).

Curiosamente, quando o assunto é a modalidade feminina, o futebol norte-americano é apontado como o mais poderoso de todo o planeta. A primeira partida das jogadoras foi contra a Itália, em 1985 (derrota por 1 a 0). Mas, depois disso, foi só alegria. A seleção feminina norte-americana é a maior campeã da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. São quatro títulos mundiais (1991, 1999, 2015 e 2019) e quatro medalhas de ouro olímpicas (1996, 2004, 2008 e 2012).

A igualdade salarial em relação aos homens vai ajudar a melhorar o nível de disputa entre as mulheres. Vamos torcer para que a seleção brasileira tenha, cada vez mais, uma boa performance nas principais competições da modalidade, já que ainda não conseguimos vencer nem a Copa e nem as Olimpíadas até hoje.